As 4 competências que empresas ESG vão exigir da alta liderança
Muito além do mercado financeiro, o ESG também tem transformado a maneira como empresas recrutam, treinam e avaliam seus líderes
Maria Clara Dias
Publicado em 25 de fevereiro de 2021 às 17h46.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2021 às 15h21.
Segundo uma pesquisa da consultoria Russell Reynolds Associates em parceria com o Pacto Global das Nações Unidas, o setor de recursos humanos das grandes empresas já passou a buscar novos perfis para cargos de alta liderança. O impacto também está na atuação dos conselhos administrativos, que passam a adotar uma postura de engajamento, e são responsáveis por trazer à mesa questões pertinentes à atuação ambiental e social das empresas, segundo Mariane Montana, sócia-consultora e líder da prática de sustentabilidade da Russell Reynolds Associates.
Durante a pesquisa, foram ouvidos 55 CEOs e integrantes de conselhos de administração de diversos países. O que faz um CEO ser considerado “sustentável”, pontuam os entrevistados, é o pensamento sistêmico multinível, ou seja, a capacidade de incluir diferentes agentes na construção da estratégia da empresa, o que inclui parcerias com a academia e órgãos públicos.
Uma segunda competência é a capacidade de incluir stakeholders no processo de transformação, não apenas durante a gestão financeira da companhia. Na prática, isso significa que o líder precisa entender o impacto de suas decisões de negócios em todos os envolvidos e sobretudo das comunidades de seu entorno. “O foco é a inclusão para criar colaboração e parcerias, entendendo que é preciso analisar todos os impactos das decisões nas partes envolvidas”, diz Montana.
A terceira competência está relacionada à disponibilidade para a inovação disruptiva - o mesmo que desafiar abordagens tradicionais e ser capaz de fazer com que o time adote novos posicionamentos para atingir objetivos. Por fim, está o pensamento de longo prazo, com o estabelecimento de metas audaciosas. “É preciso coragem e ousadia para liderar essas iniciativas que olham para o futuro.”
Perfis de liderança mais empáticos tendem a obter mais sucesso no desempenho de todas as competências, segundo Montana. “Autenticidade e transparência são características que destacamos para líderes que se saem melhor em desempenhar as quatro características mais importantes em CEOs”, diz.
Compromisso das empresas
Parte da mudança também é de responsabilidade das empresas que devem, segundo a pesquisa, estabelecer políticas claras de compensação e remuneração para funcionários e empresas que integrem a sustentabilidade em sua atuação e modelos de negócios.
"É preciso a adoção de novas práticas para seguir a condução das equipes e dos negócios, contando com mais conhecimentos em torno de gestão de risco e sobre o impacto social e ambiental das organizações. Além disso, faz-se necessária a criação de uma cultura corporativa baseada no comprometimento da alta liderança com a mentalidade voltada à sustentabilidade e de novos indicadores para a remuneração desses executivos”, diz Montana.
Um outro estudo do Chief Executives for Corporate Purpose (CECP), coalizão internacional de líderes ESG, lançado em fevereiro mostrou que 70% das empresas já estão integrando critérios para avaliação de desempenho e remuneração, sobretudo para profissionais de nível sênior.