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Após fiasco, gigante dos EUA faz nova aposta em hambúrguer vegetal

Tyson Foods faz ambiciosa aposta em proteínas alternativas e segue os passos de outros gigantes de carne, como JBS e Marfrig, para lucrar no mercado em rápido crescimento

 (Hinterhaus Productions/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 3 de maio de 2021 às 15h37.

Última atualização em 3 de maio de 2021 às 17h26.

Não há outra maneira de dizer: a primeira tentativa da Tyson Foods no mercado de hambúrgueres à base de plantas foi um fiasco. Há dois anos, a maior empresa de carne dos Estados Unidos lançou uma versão de carne bovina com proteína de ervilha para consumidores com “dieta flexível”. Mas o hambúrguer metade vegano não convenceu. A Tyson acabou retirando o produto do mercado e disse apenas que “avalia constantemente os produtos”.

Agora, a Tyson faz uma nova tentativa. Na segunda-feira, a empresa anunciou uma linha de produtos 100% vegana, com hambúrgueres, carne moída fake e versões vegetais de salsichas bratwurst e italiana. É a aposta mais ambiciosa da empresa em proteínas alternativas e segue os passos de outros gigantes de carne, como JBS e Marfrig, para lucrar no mercado em rápido crescimento.

(Bloomberg/Reprodução)

A Tyson e o resto da indústria de carne convencional enfrentam uma batalha difícil. O negócio de carne alternativa é um espaço disputado com nomes como Beyond Meat e Impossible Foods que dominam o mercado. Os críticos de grandes empresas de carne foram duros. Michele Simon, fundadora e ex-diretora executiva da Plant Based Foods Association, chamou a Tyson de “completamente sem noção”. Thomas George, presidente de uma empresa de pesquisa de investimentos com foco em millennials, disse que o setor de carne está atrasado porque, no fundo, não entende por que os consumidores agora buscam imitações.

A Tyson quer provar que seus detratores estão errados. E, por sua vez, a empresa reconhece que está apenas começando.

“Ainda há muitas oportunidades”, disse David Ervin, vice-presidente de proteínas alternativas da Tyson, em entrevista. “Temos visto um crescimento inacreditável neste mercado, mas sabemos que apenas arranhamos a superfície.”

Desde que a Organização Mundial da Saúde declarou a covid-19 pandemia em março de 2020, o preço das ações da Tyson havia subido cerca de 32% até sexta-feira, atrás do ganho de 59% da Beyond Meat, uma rival significativamente menor.

Para os gigantes de carne, vencer a corrida no mercado de proteínas alternativas não é apenas uma oportunidade. É cada vez mais uma luta pela sobrevivência. Consumidores querem proteínas, mas também estão preocupados com a saúde e o meio ambiente, e a carne vegetal é vista como uma resposta para ambos. Esse segmento deve crescer para 450 bilhões de dólares e, até 2040, representar um quarto do mercado de carne, de acordo com a consultoria Kearney, que também prevê um pico da proteína animal em 2025.

A proliferação de hambúrgueres veganos de concorrentes pequenos e ágeis é a prova dessa mudança. Carnes veganas da Beyond e Impossible agora são vendidas em todos os lugares, do Burger King à varejista Target. Em fevereiro, a Beyond anunciou um acordo de três anos com o McDonald’s um dos maiores clientes da Tyson como o fornecedor preferencial de seu novo hambúrguer McPlant.

Essa movimentação não passou despercebida nos corredores da sede da Tyson, em Springdale, Arkansas. Junto com produtos anunciados na segunda-feira, a empresa vem silenciosamente construindo infraestrutura global para criar, produzir e distribuir produtos de carne fake. A Tyson já começou a vender para os mercados europeus e se expandirá para a Ásia nos próximos meses, com lançamentos de produtos planejados na Malásia, Tailândia, Singapura e Austrália.

Enquanto isso, a JBS, maior produtora de carne do mundo, cogita abrir uma unidade focada exclusivamente em carnes vegetais. A Marfrig Global Foods também faz mudanças entre executivos e traça novas estratégias no segmento em parceria com a trading Archer-Daniels-Midland.

Ervin, da Tyson, disse que 17% de todos os consumidores nunca reduzirão o consumo de carne e, na outra ponta, estão os veganos e vegetarianos, que representam cerca de 8%. No meio estão os “curiosos sobre plantas”, que estão dispostos a experimentar. Essas pessoas geralmente são mais jovens, e esse é o alvo da Tyson. Embora Ervin não tenha divulgado o crescimento de seu portfólio atual à base de plantas, disse que a empresa está satisfeita.

“Estamos tentando chegar a um produto que tenha gosto de carne. Como uma empresa de carnes, que conhece carne tão bem, nossos padrões são bastante elevados”, afirmou.

Empresas de carne dizem que estão trazendo escala, investimento e décadas de know-how em alimentos para a arena. As marcas Hillshire Farms, Jimmy Dean e Ball Park da Tyson são pilares das cozinhas americanas, e a empresa deseja fazer o mesmo com sua marca à base de plantas Raised & Rooted.

“Nos Estados Unidos, Beyond Meat e Impossible Foods começaram na frente”, disse Gilberto Tomazoni, diretor-presidente da JBS, em entrevista. “Mas este é o início de uma corrida de longo prazo.”

Os pioneiros, fortalecidos por sua vantagem inicial, não se sentem ameaçados.

“Não vemos no mercado nenhuma marca da Hormel ou Tyson com muita força”, disse Dennis Woodside, presidente da Impossible Foods, segundo o qual a Beyond e a Impossible possuem mais de 80% do mercado na categoria básica de carne moída falsa.

O verdadeiro concorrente, segundo eles, é a carne tradicional, ainda mais barata, e as duas empresas têm reduzido os preços recentemente na tentativa de diminuir a diferença.

A Hormel disse à Bloomberg que seus produtos estão avançando em “espaços em que escolhemos nos concentrar”, como pepperoni à base de plantas.

Alguns analistas dizem que não importa que empresas de carne não estão liderando a corrida. Esses gigantes geralmente têm escala suficiente para experimentar produtos que podem não durar. A Beyond Meat pode ter multiplicado o preço das ações desde que abriu o capital há dois anos, mas sua capitalização de mercado ainda é uma fração de companhias como Tyson e JBS.

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