60% dos negócios nas favelas são chefiados por mulheres, afirma estudo
Pesquisa do Novo Outdoor Social ouviu mais de 870 empreendedores das favelas
Repórter de ESG
Publicado em 17 de outubro de 2023 às 08h34.
O NÓS, Novo Outdoor Social, realizou uma pesquisa no último mês de agosto. O estudo Persona Favela, que foi encomendado pela empresa de filantropia Investe Favela, afirma que 60% dos negócios nas favelas são liderados por mulheres, 44% dos donos de empreendimentos têm entre 18 e 34 anos – pertencentes às gerações Y e Z – e a maioria são pessoas pretas.
"O empreendedorismo tem um potencial de transformação grande para a vida dos moradores das comunidades periféricas brasileiras e os dados da pesquisa traduzem esse cenário. As marcas, ações governamentais e órgãos precisam adaptar sua comunicação para este público, de jovens empreendedores, e que podem movimentar ainda mais a economia do país se tiverem acesso a investimentos e ações que conversem com suas realidades", comenta Emilia Rabello, fundadora e CEO do NÓS.
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A maioria dos negócios é relativamente jovem – visto que, na pesquisa, 50% dos entrevistados disseram que seus negócios têm, no máximo, três anos, enquanto 28% estão abertos a mais de 5 anos. Dentre as maiores dificuldades dessas companhias está a falta de capital para iniciar ou manter o negócio (55%). Por esse motivo, 18% dos entrevistados dizem já ter recorrido ao uso de crédito de instituições financeiras para financiamento das operações, abrir ou expandir negócios.
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O sonho de empreender e o perfil financeiro dos clientes
Boa parte dos empreendedores das favelas ouvidos pela pesquisa, empreendem por necessidade, seja para manter a casa ou a família (40%). Dito isso, o impacto desses negócios impacta, pelo menos, dez pessoas. 35% dos empresários das favelas contam com um funcionário.
Já 34% afirmam que empreendem por busca pela independência, enquanto 32% empreende para serem seu próprio chefe. Sobre o faturamento médio, 48% dizem faturar de R$ 2 a 4 mil por mês. 10% dos empreendedores trabalham com negócios do setor alimentício como bares e restaurantes, 8% com venda de bolos, doces ou salgados e 7% com lojas de roupas e acessórios. Porém, 28% dos empreendedores contam com outra fonte de renda, como freelancer ou com carteira assinada.
Com relação ao perfil financeiro, o público atendido pelos empreendimentos das favelas são extremamente bancarizados (87%), muitos usam contas de pessoas físicas (81%) e buscam por bancos com menor burocracia (41%), fáceis de usar (38%) e com bom suporte ao cliente (33%). A maior parte deles prefere pagamento à vista com dinheiro (65%) ou Pix (51%).
"Ficar atento ao perfil financeiro dos negócios ativos nas favelas do país é interessante para diferentes elos do mercado brasileiro – das instituições financeiras, que podem ofertar contas, serviços e linhas de crédito compatíveis com a realidade das empresas; aos fornecedores, que tem nas comunidades um ativo significativo de pequenos empresários que optam por compras à vista para o abastecimento de seus estoques", disse Rabello.
Formalização dos negócios
Ainda segundo a pesquisa, 57% das empresas das favelas não têm CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). O índice melhora entre os homens, visto que 52% das empresas entre o público masculino são negócios com CNPJ. Porém, o número mais baixo está entre os negócios de indústrias e fabricação própria, onde apenas 25% dos negócios contam com CNPJ.
De acordo com o levantamento, 62% dos entrevistados são pretos ou pardos, 46% contam com o ensino médio completo, 38% são homens, 37% estão na região sudeste, 35% são solteiros e 29% têm entre 25 a 42 anos. A pesquisa quantitativa foi feita presencialmente ou online, em parceria com a HSR Specialist Researchers durante o mês de agosto, onde foram ouvidos mais de 870 empreendedores.
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