Ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. (Isac Nóbrega/PR/Flickr)
O ministro da Justiça, Anderson Torres, e o diretor da Polícia Federal, Marcio Nunes de Oliveira, participaram de um encontro promovido pela Esfera Brasil, nesta quarta (13), em São Paulo, para debater como o poder público e a iniciativa privada podem trabalhar juntos no combate aos crimes cibernéticos. Estavam presentes grandes empresários e Isaac Sidney, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
Em 2021, o Brasil sofreu mais de 88,5 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos, um aumento de mais de 950% em relação a 2020 (8,5 bilhões). No setor bancário, Sidney revelou que nos últimos dois anos as tentativas de fraudes totalizaram R$ 8 bilhões, com os criminosos conseguindo embolsar R$ 2 bilhões.
“Esse montante daria um assalto ao Banco Central por mês”, disse o diretor da Polícia Federal, se referindo ao assalto ocorrido no BC de Fortaleza, em 2005, em que os ladrões conseguiram retirar R$ 164 milhões do cofre.
Para combater esse tipo de crime, o Ministério da Justiça inaugurou há duas semanas a Unidade Especial de Investigação de Crimes Cibernéticos (UEICC), fruto de uma parceria público-privada entre a pasta e a Febraban. A unidade promoverá a troca de informações entre a PF e instituições privadas para buscar agir de maneira mais rápida no combate a crimes praticados no ambiente virtual.
Torres afirmou que o combate aos crimes cibernéticos é uma das prioridades do ministério e que esse trabalho conjunto com o setor privado é essencial para encontrar meios de reprimir os cibercrimes. “Não tem um cidadão hoje que vá fazer uma transferência bancária pelo celular e não se preocupe na hora de digitar as senhas de que possa estar sendo hackeado”, afirmou.
Nunes de Oliveira contou que a UEICC receberá em breve um upgrade de equipamentos para fazer a rastreabilidade, graças à ajuda do setor privado. “Quão mais rápido existir parcerias público-privadas as coisas são colocadas de pé”, disse.
O presidente da Qualcomm para a América Latina, Luiz Tonisi, disse que a segurança cibernética é assunto de primeira ordem, ainda mais com a chegada do 5G. Segundo ele, o Brasil terá 1,5 bilhão de “devices” conectados até 2025. Com isso, a maioria das transações hoje feitas pelo celular e pelo computador passarão a ser realizadas por máquinas, o que aumentará os riscos de fraudes.
Alexandre Lima, diretor de infraestrutura de TI e cibersegurança da rede RaiaDrogasil, pediu para que o Ministério da Justiça também concentre esforços no roubo de dados, uma das modalidades de cibercrimes que mais afeta os varejistas.