Economista de Ciro questiona autonomia do Banco Central
Nelson Marconi, assessor especial do presidenciável do PDT, diz que o banco não é agência reguladora e que presidente deve poder escolher seu comando
Esfera Brasil
Publicado em 6 de junho de 2022 às 09h00.
A Esfera Brasil realizou nesta semana mais um encontro com economistas ligados aos principais pré-candidatos à Presidência em 2022. Desta vez, o convidado foi o professor da FGV Nelson Marconi, assessor de Ciro Gomes (PDT) na área econômica – ele foi coordenador do programa de governo do pedetista em 2018.
Questionado sobre a posição de Ciro em relação à autonomia do Banco Central, o economista disse que o grupo de Ciro apoia a independência operacional da instituição, mas não a autonomia como é dada hoje. “Senão você está dando autonomia em relação ao governo, e o Banco Central não é uma agência reguladora. O BC faz política econômica e é um braço muito importante de qualquer governo. O presidente da República tem que ter autonomia para escolher um presidente do Banco Central alinhado com ele.”
Durante o encontro, Marconi adiantou alguns pontos sobre o programa econômico do PDT que será apresentado durante a campanha eleitoral de Ciro. O foco, segundo ele, é o desenvolvimento, principalmente industrial, com investimento privado e público. “A indústria é fundamental para o desenvolvimento do país e para gerar empregos. E hoje já temos que pensar numa indústria limpa, sustentável, com energia limpa.”
Sobre a privatização da Eletrobras, o assessor especial de Ciro Gomes disse que o modelo ideal seria público-privado, com parte da empresa tendo controle estatal. “O Estado precisa tentar manter o controle energético do país, já que energia é um dos nossos principais ativos.”
O professor da FGV também defendeu as reformas fiscal e tributária, essenciais, disse, para implementar as mudanças necessárias na política econômica em um futuro governo cirista. Para viabilizá-las, a aposta de Ciro é fazer um pacto federativo.
“Responsabilidade fiscal é um ponto muito importante. É preciso retomar a capacidade do Estado de fazer investimento”, disse. Segundo ele, o plano econômico pedetista prevê uma tributação maior em cima de lucros e dividendos, com uma compensação no Imposto de Renda de pessoa jurídica. “Achamos também que é preciso haver uma tributação maior em cima de fortunas acima de R$ 20 milhões."
Já sobre a reforma trabalhista, ele afirmou que o PDT entende “que não tem que voltar para a CLT de forma nenhuma”, mas que é preciso negociar alguns pontos como o tema da definição de trabalho intermitente. “Hoje tem predomínio do que é negociado individualmente, e queremos voltar a ter esse processo feito de maneira coletiva."