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Como a neurociência pode ajudar na política

Com o avanço da tecnologia, hoje é possível monitorar as reações químicas e elétricas que geram a neuroplastia cerebral, fazendo com que seja possível determinar ações e resultados a partir de estudos de causa e efeito

 (Andriy Onufriyenko/Getty Images)

(Andriy Onufriyenko/Getty Images)

Nos últimos anos a neurociência tem se destacado no meio cientifico por meio de estudos dos comportamentos cerebrais. Com o avanço da tecnologia, hoje é possível monitorar as reações químicas e elétricas que geram a neuroplastia cerebral, fazendo com que seja possível determinar ações e resultados a partir de estudos de causa e efeito.

No final dos anos 50, Nelson Rodrigues criou uma expressão que iria caminhar junto com o povo brasileiro por décadas e a cada dia se torna mais atual que é o Complexo de vira-lata, que nos leva a acreditar que somos seres inferiores em relação aos demais povos, que não conquistamos grandes avanços pois somos brasileiros, que no Brasil é assim mesmo e por aí vai.

Talvez você se pergunte como a neurociência pode mudar a atual situação do Brasil?

Recentemente ficou notório o quanto o conhecimento técnico auxilia na condução política, ministérios sendo chefiados por pessoas de atuação técnica em suas áreas mostraram o quanto o país tem a ganhar com isso e é exatamente aí que a neurociência entra.

Imaginemos que o Ministério da Educação se valesse da neurociência para os programas educacionais nacional, onde um neurocientista iria determinar os padrões de aplicação curricular e separação de alunos não por faixa etária ou classificação acadêmica e sim por sua capacidade neural.

Uma das grandes preocupações política hoje é com a educação infantil e a erradicação total do analfabetismo, porém, talvez por falta de conhecimento, tentamos resolver isso com aumento de vagas em escolas, construções de novas escolas, informatização e inovações digitais, etc... e esquecem o mais importante, material humano.

Hoje por meio da neurociência sabemos que uma criança começa seu processo de aprendizagem cognitiva (pré-operatório) entre os 02-07 anos de vida e é nesse período que precisa de uma atenção muito maior, pois a partir daqui que o cérebro começa seu desenvolvimento cognitivo e vai determinar mais de 70% das possibilidades de sucesso desta criança.

É por aqui que uma politica educacional com base na neurociência vai começar a agir, trazendo um plano de desenvolvimento para o sistema de creches, que deixaram de ser apenas um local para onde mães sem condições deixam seus filhos para poderem trabalhar e se tornarão em centro de desenvolvimento infantil, como o CPAPI do Insper/SP, fazendo com que essas crianças tenham capacidade mental cognitiva e estejam aptas para a segunda fase do ensino (operatória-concreta) que vai dos 07-11 anos, onde ela passará a ter entendimento funcional, é aqui que se define se a criança será alfabetizada de verdade ou se tornará um analfabeto funcional no futuro, é a partir daqui que a criança vai desenvolver o desejo de aprender mais e mais, o que só será possível com uma mudança total do sistema educacional atual.

Na terceira etapa (operatória-formal) que se inicia nos 11 anos a criança vai aprimorar sua capacidade hipotético-dedutiva e a partir daí desenvolver suas aptidões.

Gênios como Thomaz Edson, Albert Einstein, Nicolas Tesla, Alan Turing entre outros  foram péssimos no ensino formal e a história mostra o quanto seus avaliadores estavam errados, e isso porque não tinham o conhecimento que a neurociência nos traz hoje, onde por meio de testes simples e processos de ensino definidos (como relatado acima) conseguimos avaliar capacidades cognitivas, que sendo bem estimuladas produzirão grandes mentes e não somente isso, mas também criaremos pessoas aptas para uma vida em sociedade, diminuindo assim outros grandes problemas sociais como a violência e seus resultados.

Além da educação, outra área onde a neurociência seria de muita utilidade seria na saúde, se o Ministério da Saúde fosse gerido pela neurociência, deixaria de tratar da doença e começaria a tratar da saúde, o que seria muito mais apropriado.

É provado cientificamente que pelo menos 65% das doenças tem sua origem na mente das pessoas, o que foi notório durante a pandemia do Covid-19, e o governo não tem política para isso, pelo contrário, gasta milhões para tentar curar uma doença física que está num local inacessível para os medicamentos, a mente.

Começando pelo ensino infantil, como já apresentado, e estendendo para o restante da sociedade por meio de programas governamentais voltados para o fortalecimento mental e emocional.

O Ministério da Saúde irá trabalhar com programas de educação e reeducação alimentar (má alimentação é a causa de diversas doenças), programas de atividades esportivas (além da melhoria de vida, ainda melhora as relações interpessoais) programas de relacionamento (promover palestras, workshops e eventos de interação).

É tempo de deixarmos de lado ideologias e favoritismo político e pensarmos mais em nossa nação, de uma forma geral, a neurociência pode ajudar e muito as políticas públicas e cabe a cada um de nós ter essa consciência para aplicar em nossas casas, em nossas empresas e em nossas vidas de uma forma geral e também cobrarmos de nossos governantes que busquem esse conhecimento e apliquem em seus programas de governo.

*Roberto Dias é especialista em treinamento corporativo e gestão de pessoas e resultados.

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