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Vitória dos EUA é fundamental para a recuperação da economia

É cada vez mais necessário que o presidente George W. Bush vença a guerra criada por ele contra o Iraque. Não apenas para justificar sua posição contrária à da ONU, mas principalmente para devolver a credibilidade e o crescimento à economia americana. "Os altos índices de crescimento apresentados pelos Estados Unidos na década de 90 […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h25.

É cada vez mais necessário que o presidente George W. Bush vença a guerra criada por ele contra o Iraque. Não apenas para justificar sua posição contrária à da ONU, mas principalmente para devolver a credibilidade e o crescimento à economia americana. "Os altos índices de crescimento apresentados pelos Estados Unidos na década de 90 devem demorar a voltar", avalia a Global Invest. Estudos mostram que os Estados Unidos gastarão US$ 20 bilhões por ano, por vários anos, para manter forças de ocupação no Iraque e reconstruir o país. "É importante lembrar que metade do orçamento militar mundial é dos EUA", relembra a Global Invest. Um outro estudo, feito na Universidade de Yale, aponta para um mínimo de US$ 30 bilhões de investimentos, que podem chegar a US$ 105 bilhões, para a reconstrução do país.

A Casa Branca se recusa a fornecer estimativas oficiais de custos da guerra, mas pediu ao Congresso a liberação de US$ 90 bilhões de dólares para cobrir os custos inciais da guerra. Esse valor já é muito maior que todo o custo da guerra do Golfo: US$ 80 milhões. Mas o Congresso havia estimado o gasto total com a guerra em US$ 30 bilhões.

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Além disso, Bush está com dificuldade para aprovar seu plano de corte de impostos no Congresso devido ao aumento nos déficits em conta corrente. Os fatos abaixo, levantados pela consultoria mostram que a economia americana está bem fragilizada, com conseqüências ruins para vários países parceiros caso a ação no Iraque fracasse. Vamos aos números:

  • A política monetária expansionista praticada pelo FED continua em vigor. No mês de março a taxa básica de juros permaneceu em 1,25% ao ana, o menor nível em 41 anos. "Os altos índices de crescimento apresentados pela economia americana na década de 90 devem demorar a voltar". Para a consultoria, o povo americano se sentiu ameaçado com o ataque de 11 de setembro e o medo de uma retaliação terrorista ronda a população. "O temor da guerra está freando investimentos corporativos e o consumo ao mesmo tempo em que aumenta os preços de energia pressionando a inflação e diminuído o espaço para uma política monetária expansionista." Mas o presidente Bush está com dificuldades para aprovar seu plano de corte de impostos no congresso devido ao alto déficit do governo.
  • O déficit em conta corrente subiu de US$ 127,0 bilhões para US$ 136,9 bilhões no 4º trimestre de 2002. Com isso, o déficit acumulado em 12 meses já atinge US$ 506,31 bilhões, sendo o maior nível da história. O déficit da balança comercial apresentou uma forte queda no mês de janeiro, US$ 41,1 bilhões, diminuindo a tensão causada pela alta de dezembro quando o déficit chegou ao nível recorde de US$ 44,9 bilhões. "A queda de 8,4% no déficit é creditada principalmente a desvalorização do dólar frente as principais moedas mundiais. Apesar da queda, o déficit comercial continua extremamente elevado, impulsionado principalmente pelas altas cotações do petróleo que elevam os gastos com as importações", afirma a Global Invest. O Congresso americano estima que o déficit neste ano deve ficar em US$ 246 bilhões, incluindo o custo da guerra.
  • A confiança do consumidor apresentou a maior queda desde o ataque de 11 de setembro e chegou ao menor nível em 9 anos. As expectativas do mercado estavam em torno de 77 pontos para fevereiro e o índice divulgado foi de 64 pontos. "Como o ICC é um indicador que capta a expectativa futura dos consumidores, podemos dizer que os americanos não vão aumentar seus gastos enquanto não diminuírem as incertezas quanto à guerra", diz a consultoria. O volume de crédito ao consumidor apresentou uma alta de 0,76% em janeiro passando para 1,738 trilhões de dólares. Os dados recentes reforçam a volta da trajetória de aumento na oferta de crédito, que em 12 meses cresceu 3,9%.
  • A taxa de desemprego que havia caído em janeiro para 5,7% voltou a subir em fevereiro para 5,8%. O número de pessoas pedindo auxílio desemprego continuou acima dos 400 mil em fevereiro, nível associado a recessão. A taxa de desemprego dos EUA está perto da taxa média registrada na década de 90 que foi de 5,7% e acima da média registrada de janeiro de 2000 até fevereiro de 2003 que ficou em 4,88%. "Uma parcela grande dos desempregados desistiu de procurar emprego nos próximos meses, até que haja uma melhora no cenário econômico. Essa atitude se mostra possível nos EUA pelo generoso seguro desemprego do país que paga para o trabalhador 50% do seu salário por até 26 meses. Como a taxa de desemprego é medida pelos trabalhadores que procuraram emprego nos últimos sete dias ela não está captando essa parcela de desempregados", avalia a Global Invest.
  • O índice de preços ao atacado cresceu acima das expectativas pelo segundo mês consecutivo e já acumula uma alta de 2,6% em 2003. A inflação ao produtor que já tinha sido muito acima das expectativas em janeiro (1,6%) apresentou uma alta de 1,0% em fevereiro. A alta é creditada aos setores de energia e alimentação. A alta no índice de preços ao consumidor não tem a mesma intensidade que os preços ao produtor. Em janeiro, o índice subiu 0,3% e em fevereiro o mercado espera uma alta de 0,5%. "Esse descolamento entre a inflação ao produtor e ao consumidor se dá principalmente pela queda da confiança do consumidor que leva a uma redução dos gastos, impedindo ao produtor repassar o aumento nos custos", avalia a consultoria. Outro fator que preocupa é que a confiança diminui mesmo com aumento de renda. A renda pessoal apresentou crescimento de 0,3% em janeiro. "Excluindo-se o mês de julho, quando permaneceu praticamente estável, a renda pessoal dos americanos apresentou crescimento em todos os meses desde dezembro de 2001."
  • As vendas no varejo cairam 1,7% em fevereiro depois de quatro meses consecutivos de alta. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, às vendas no varejo subiram 2,52%. "A política monetária expansionista adotada pelo FED não está sendo suficiente para elevar as vendas no varejo em 2003. Esse quadro deve permanecer enquanto a confiança do consumidor não voltar a crescer." A queda nas vendas no varejo é outro fator relevante que pode prejudicar o crescimento da economia americana em 2003 e pode forçar o FED a fazer um novo corte nas taxas de juros do país.
  • O índice de construção civil caiu 11% em fevereiro. Registrando 1,622 milhões de unidades, diante de 1,822 no mês passado (maior baixa em nove anos).
  • Os estoques no comércio apresentaram crescimento pelo nono mês consecutivo em janeiro, com uma variação mensal de 0,2%. Em relação ao mesmo mês do ano anterior o estoque já cresceu 2,12%. Estas altas são decorrentes da queda do consumo. As vendas no atacado voltaram a subir em janeiro depois da queda em dezembro. O nível de vendas no atacado em janeiro cresceu 0,96%.
  • A produção industrial subiu pelo segundo mês seguido. A variação foi de 0,1% em fevereiro e de 0,7% em janeiro. Mas a utilização da capacidade instalada da indústria caiu em fevereiro, atingindo 75,60 pontos. O índice ISM (que mede a intenção de compras dos gerentes), caiu muito em fevereiro, atingindo 50,5 pontos (próximo a linha dos 50 pontos), contra 53,9 pontos em janeiro. O índice ISM-Serviço de fevereiro ficou em 53,9, caindo 0,6 pontos em relação a janeiro.
  • O mercado acionário continua extremamente volátil devido aos resultados das empresas e por causa da guerra. O dólar mantém sua trajetória de baixa frente as principais moedas mundiais em fevereiro. O petróleo permaneceu em alta em fevereiro, o que pressionou a inflação e o déficit na balança comercial.
  • O saldo da balança comercial acumulado em 12 meses continua apresentando trajetória crescente indicando que o dólar desvalorizado não está sendo suficiente para compensar a pressão da alta do petróleo no déficit comercial do país. Em janeiro o déficit comercial, no acumulado em 12 meses, elevou-se para US$ 495,7 bilhões em janeiro, o maior nível da história.
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