Exame Logo

Vitória do Syriza não significa que Grécia deixará o Euro

Para economistas, há 80% de probabilidade de que a Grécia continue com o euro, mesmo com partido que se opõe à política de austeridade prestes a ganhar eleições

Grécia: para economistas, país deve continuar com o euro, mesmo que partido que se opõe à política de austeridade ganhe eleições (.)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2015 às 13h37.

São Paulo - A Grécia não vai sair da zona do euro .

Esse é o ponto de vista dos economistas que participaram de uma pesquisa Bloomberg, em um momento em que o partido Syriza, que se opõe à política de austeridade, parece estar a ponto de assumir o poder depois das eleições do dia 25 de janeiro. Segundo eles, há 80 por cento de probabilidade de que a Grécia continue com o euro, mesmo que Alexis Tsipras forme um governo majoritário. Mais da metade dos participantes acredita que a Grécia receberá um alívio da dívida, independentemente de quem ganhe.

O Syriza, que está à frente do partido Nova Democracia, liderado pelo primeiro-ministro Antónis Samarás, nas pesquisas de opinião, está se afastando do discurso que deixava os investidores nervosos, por exemplo, ao enfatizar o compromisso com a prudência fiscal e prometer não tomar decisões unilaterais em relação às obrigações com credores. Os yields dos bonds do governo grego, que tinham se elevado no ano passado, caíram desde então, pois observou-se um recuo da ameaça de saída da zona do euro.

Muitas das políticas de Tsipras “não devem conseguir a aceitação da troika de credores internacionais, embora a posição do Syriza tenha passado ao centro nos últimos tempos”, disse Diego Iscaro, economista da IHS Global Insight, em Londres. “Mas não seria o primeiro partido a adotar uma postura mais pragmática ao assumir o poder”.

Cansados de anos de reduções salariais e aumentos tributários, os gregos confluíram para o Syriza, que promete amortizar parte da dívida nacional e abdicar da austeridade. Isso coloca o país em uma rota de colisão com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional, que mantiveram a Grécia à tona com empréstimos de resgate desde 2010.

Risco de saída

A vantagem regular do Syriza em relação ao Nova Democracia, de cerca de 3 pontos porcentuais, indica que o partido não terá os votos necessários para governar sozinho.

Há 15 por cento de chance de que a Grécia saia da união de 19 países caso Tsipras forme um governo de coalizão com um dos partidos centristas, de acordo com a pesquisa da Bloomberg. A probabilidade de que isso aconteça sob o comando de uma aliança liderada pelo Nova Democracia é de 5 por cento.

O risco aumenta para 20 por cento caso o Syriza obtenha a maioria absoluta, em contraste com 5 por cento caso o Nova Democracia conquiste a maioria absoluta, mostra a pesquisa.

Oitenta e sete por cento disseram que a vitória de Tsipras, sozinho ou em coalizão, implicará o alívio da dívida para a Grécia. Cinquenta e sete por cento disseram o mesmo caso Samarás ganhe.

Os bonds da Grécia tiveram um rali nesta semana e o yield dos bonds com vencimento em 10 anos caiu mais de um ponto porcentual, para 9,1 por cento. Isso indica que os investidores estão ficando mais animados em relação à possibilidade de que o Syriza assuma o governo.

Autoridades europeias, como o presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças da Holanda, Jeroen Dijsselbloem, indicaram nesta semana que é possível fazer mais para aliviar a carga de dívida da Grécia, a maior da zona do euro, equivalente a cerca de 180 por cento do PIB.

Ceder é preciso

“Ceder não é tão difícil quanto parece”, disse Alan McQuaid, economista-chefe da Merrion Capital, em Dublin. “O Syriza não tem autoridade democrática para tirar a Grécia da moeda comum. É possível que o partido tenha que formar uma coalizão para governar, o que vai exigir que ele ceda até na sua principal política. E a Europa pode ajudar”.

Entre os 13 por cento dos economistas que disseram que não haverá um alívio da dívida para a Grécia, independentemente do resultado das eleições, está Danae Kyriakopoulou, do Centro de Pesquisa Econômica e Empresarial, em Londres.

“É improvável que haja alívio da dívida, devido às questões de risco moral associadas a ele e aos possíveis pedidos de alívio no resto da Europa”, disse ela. “Sinceramente, espero que eu esteja errada, pois acho que certo alívio é necessário para que a Grécia consiga encontrar um caminho sustentável para a recuperação”.

Veja também

São Paulo - A Grécia não vai sair da zona do euro .

Esse é o ponto de vista dos economistas que participaram de uma pesquisa Bloomberg, em um momento em que o partido Syriza, que se opõe à política de austeridade, parece estar a ponto de assumir o poder depois das eleições do dia 25 de janeiro. Segundo eles, há 80 por cento de probabilidade de que a Grécia continue com o euro, mesmo que Alexis Tsipras forme um governo majoritário. Mais da metade dos participantes acredita que a Grécia receberá um alívio da dívida, independentemente de quem ganhe.

O Syriza, que está à frente do partido Nova Democracia, liderado pelo primeiro-ministro Antónis Samarás, nas pesquisas de opinião, está se afastando do discurso que deixava os investidores nervosos, por exemplo, ao enfatizar o compromisso com a prudência fiscal e prometer não tomar decisões unilaterais em relação às obrigações com credores. Os yields dos bonds do governo grego, que tinham se elevado no ano passado, caíram desde então, pois observou-se um recuo da ameaça de saída da zona do euro.

Muitas das políticas de Tsipras “não devem conseguir a aceitação da troika de credores internacionais, embora a posição do Syriza tenha passado ao centro nos últimos tempos”, disse Diego Iscaro, economista da IHS Global Insight, em Londres. “Mas não seria o primeiro partido a adotar uma postura mais pragmática ao assumir o poder”.

Cansados de anos de reduções salariais e aumentos tributários, os gregos confluíram para o Syriza, que promete amortizar parte da dívida nacional e abdicar da austeridade. Isso coloca o país em uma rota de colisão com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional, que mantiveram a Grécia à tona com empréstimos de resgate desde 2010.

Risco de saída

A vantagem regular do Syriza em relação ao Nova Democracia, de cerca de 3 pontos porcentuais, indica que o partido não terá os votos necessários para governar sozinho.

Há 15 por cento de chance de que a Grécia saia da união de 19 países caso Tsipras forme um governo de coalizão com um dos partidos centristas, de acordo com a pesquisa da Bloomberg. A probabilidade de que isso aconteça sob o comando de uma aliança liderada pelo Nova Democracia é de 5 por cento.

O risco aumenta para 20 por cento caso o Syriza obtenha a maioria absoluta, em contraste com 5 por cento caso o Nova Democracia conquiste a maioria absoluta, mostra a pesquisa.

Oitenta e sete por cento disseram que a vitória de Tsipras, sozinho ou em coalizão, implicará o alívio da dívida para a Grécia. Cinquenta e sete por cento disseram o mesmo caso Samarás ganhe.

Os bonds da Grécia tiveram um rali nesta semana e o yield dos bonds com vencimento em 10 anos caiu mais de um ponto porcentual, para 9,1 por cento. Isso indica que os investidores estão ficando mais animados em relação à possibilidade de que o Syriza assuma o governo.

Autoridades europeias, como o presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças da Holanda, Jeroen Dijsselbloem, indicaram nesta semana que é possível fazer mais para aliviar a carga de dívida da Grécia, a maior da zona do euro, equivalente a cerca de 180 por cento do PIB.

Ceder é preciso

“Ceder não é tão difícil quanto parece”, disse Alan McQuaid, economista-chefe da Merrion Capital, em Dublin. “O Syriza não tem autoridade democrática para tirar a Grécia da moeda comum. É possível que o partido tenha que formar uma coalizão para governar, o que vai exigir que ele ceda até na sua principal política. E a Europa pode ajudar”.

Entre os 13 por cento dos economistas que disseram que não haverá um alívio da dívida para a Grécia, independentemente do resultado das eleições, está Danae Kyriakopoulou, do Centro de Pesquisa Econômica e Empresarial, em Londres.

“É improvável que haja alívio da dívida, devido às questões de risco moral associadas a ele e aos possíveis pedidos de alívio no resto da Europa”, disse ela. “Sinceramente, espero que eu esteja errada, pois acho que certo alívio é necessário para que a Grécia consiga encontrar um caminho sustentável para a recuperação”.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioCrise gregaEconomistasEuroEuropaGréciaMoedasPiigs

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame