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Violência mostra o que há de errado com a África do Sul

Os piores episódios de violência contra imigrantes em 7 anos destacaram as penúrias de uma economia afetada por blecautes e incapaz de criar empregos

Menina na África do Sul: duas semanas de desordem deixaram sete mortos e fizeram com que milhares de migrantes fugissem de suas casas (Dan Kitwood/Staff)
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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2015 às 07h32.

Johanesburgo - Os piores episódios de violência contra imigrantes em sete anos na África do Sul destacaram as penúrias de uma economia afetada por blecautes e incapaz de criar empregos suficientes para reduzir a pobreza .

Duas semanas de desordem no mês passado nas townships (favelas) ao redor de Johanesburgo e Durban deixaram sete mortos e fizeram com que milhares de migrantes, a maioria deles africanos, fugissem de suas casas.

Televisões e jornais mostraram imagens de multidões armadas com facas e pedaços de pau atacando estrangeiros e saqueando as lojas deles. Muitos são vistos como concorrentes para trabalhos em um país com uma taxa de desemprego de 24 por cento.

A tensão salienta o deterioro das perspectivas para uma economia que sofreu 40 dias de blecautes seguidos neste ano e a piora das relações de trabalho, caracterizadas por greves violentas.

Ela também destaca o fracasso do partido governante em fazer o suficiente para melhorar as vidas de milhões de sul-africanos negros, muitos deles ainda pobres e desempregados.

“Tais ataques não são bons e a reputação geral do país é afetada”, disse Mark Mobius, que administra cerca de US$ 26 bilhões como presidente executivo da Templeton Emerging Markets Group em Cingapura, em resposta por e-mail a perguntas.

“Eles são sintomas da situação geral de desemprego, da falta de investimentos, da incapacidade do governo para flexibilizar as leis de trabalho e de um problema geral com o estímulo de investimentos domésticos e estrangeiros”.

Perspectiva de rating

Os distúrbios ocorreram quase um ano depois que mineradores terminassem uma greve salarial de cinco meses que fechou as maiores minas de platina do mundo, seguida por paralisações que obrigaram fabricantes de veículos como a General Motors Co. a interromper a produção. Rivalidades entre sindicatos poderiam contribuir para mais medidas industriais violentas neste ano, disse Robert Besseling, analista da África na IHS Global Ltd. em Londres, em uma nota enviada por e-mail a clientes no dia 6 de maio.

Agências classificadoras de risco, como a Moody’s Investors Service, vêm advertindo há anos que as tensões sociais são um risco para a economia e restringem o rating soberano. Em novembro, a Moody’s rebaixou a África do Sul para Baa2, o segundo grau de investimento mais baixo.

O Parlamento foi interrompido várias vezes desde que o presidente Jacob Zuma obteve um segundo mandato quinquenal em maio do ano passado. Grupos opositores exigem que ele reembolse verbas públicas utilizadas para reformar sua residência particular. Zuma, 73, negou ter cometido um crime e disse que várias investigações o inocentaram.

O risco mais imediato para a economia da África do Sul neste ano é uma crise de eletricidade que reduziu a produção de empresas como a Sibanye Gold Ltd., a maior produtora do ouro extraído na África do Sul, e a Hulamin Ltd., a maior fabricante de produtos de alumínio. A empresa de energia estatal Eskom Holdings SOC Ltd. está implementando blecautes contínuos quase diariamente porque tem dificuldades para satisfazer a demanda.

Instabilidade social

A falta de energia ameaça os investimentos e põe em risco a meta de crescimento do governo, de 2 por cento. A expansão de 1,5 por cento no ano passado foi a menor desde a recessão de 2009. Zuma prometeu impulsionar o crescimento para 5 por cento.

Além dos ataques contra imigrantes, a África do Sul também teve protestos esporádicos, a maioria organizada pelos moradores pobres das townships contra a falta de moradia e de serviços públicos, como água e saneamento básico. Nesta semana, a política utilizou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar multidões durante os protestos que duraram três dias em Soweto, uma township no sudoeste de Johanesburgo, onde o ex-presidente Nelson Mandela morou.

Os ataques xenófobos “com certeza impulsionam riscos destacáveis adicionais quanto à instabilidade social na África do Sul”, disse Mark Rosenberg, diretor da Eurasia Group para a África em Nova York, por e-mail.

“Mas, em geral, eles são menos preocupantes que a agitação do mercado de trabalho ou os blecautes, que têm um impacto mais direto nas operações e no crescimento”.

São Paulo – A Letônia é o país que tem as piores condições para receber imigrantes , segundo o índice MIPEX, produzido em parceira entre o British Council e a organização europeia para políticas de imigração Migration Policy Group, revisado periodicamente. O ranking avaliou países europeus, o Canadá e os Estados Unidos. Recentemente, a pesquisa também incluiu o Japão (que ficou em 29º lugar do ranking) e a Austrália (que figurou em quinto lugar). Foram analisados 33 países no total e, por conta desta metodologia, nenhum país da América Latina apareceu no ranking. O estudo aplicou uma nota de até 100 para sete áreas principais: mobilidade no mercado de trabalho, possibilidade de reunir a família no país, educação, participação do imigrante na política, residência de longo prazo, acesso à nacionalidade e políticas contra discriminação. Nenhuma nação alcançou a nota máxima. Confira nas fotos ao lado e confira os piores países para ser imigrante segundo a classificação geral, além da nota em cada um dos critérios estudados.
  • 2. 33º) Letônia – 31 pontos

    2 /12(Wikimedia Commons)

  • Veja também

    Mobilidade no mercado de trabalho: 36
    Possibilidade de reunir a família: 46
    Residência de longo prazo: 59
    Políticas contra discriminação: 25
    Participação política: 18
    Acesso à nacionalidade: 15
    Educação: 17
  • 3. 32º) Chipre – 35 pontos

    3 /12(Getty Images)

  • Mobilidade no mercado de trabalho: 21
    Possibilidade de reunir a família: 39
    Residência de longo prazo: 37
    Políticas contra discriminação: 59
    Participação política: 25
    Acesso à nacionalidade: 32
    Educação: 33
  • 4. 31º) Eslováquia – 36 pontos

    4 /12(Wikimedia Commons)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 21
    Possibilidade de reunir a família: 53
    Residência de longo prazo: 50
    Políticas contra discriminação: 59
    Participação política: 21
    Acesso à nacionalidade: 27
    Educação: 24
  • 5. 30º) Malta – 37 pontos

    5 /12(Wikimedia Commons)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 43
    Possibilidade de reunir a família:
    48
    Residência de longo prazo:
    64
    Políticas contra discriminação:
    36
    Participação política:
    25
    Acesso à nacionalidade:
    26
    Educação:
    16
  • 6. 29º) Japão – 38 pontos

    6 /12(Kiyoshi Ota/Getty Images)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 62
    Possibilidade de reunir a família:
    51
    Residência de longo prazo:
    58
    Políticas contra discriminação:
    14
    Participação política:
    27
    Acesso à nacionalidade:
    33
    Educação:
    19
  • 7. 28º) Lituânia – 40 pontos

    7 /12(Wikimedia Commons)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 46
    Possibilidade de reunir a família:
    59
    Residência de longo prazo:
    57
    Políticas contra discriminação:
    55
    Participação política:
    25
    Acesso à nacionalidade:
    20
    Educação:
    17
  • 8. 27º) Bulgária – 41 pontos

    8 /12(Wikimedia Commons)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 40
    Possibilidade de reunir a família: 51
    Residência de longo prazo: 57
    Políticas contra discriminação: 80
    Participação política: 17
    Acesso à nacionalidade: 24
    Educação: 15
  • 9. 26º) Polônia – 42 pontos

    9 /12(Wikimedia Commons)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 48
    Possibilidade de reunir a família: 67
    Residência de longo prazo: 65
    Políticas contra discriminação: 36
    Participação política: 13
    Acesso à nacionalidade: 35
    Educação: 29
  • 10. 25º) Áustria – 42 pontos

    10 /12(Getty Images)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 56
    Possibilidade de reunir a família: 41
    Residência de longo prazo: 58
    Políticas contra discriminação: 40
    Participação política: 33
    Acesso à nacionalidade: 22
    Educação: 44
  • 11. 24º) Suíça – 43 pontos

    11 /12(Mike Hewitt/Getty Images)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 53
    Possibilidade de reunir a família: 40
    Residência de longo prazo: 41
    Políticas contra discriminação: 31
    Participação política: 59
    Acesso à nacionalidade: 36
    Educação: 45
  • 12. Agora veja a ponta contrária do ranking

    12 /12(Sean Gallup/Getty Images)

  • Acompanhe tudo sobre:ÁfricaÁfrica do SulImigração

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