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Venezuela toma medidas diante de possibilidade de calote

Após Opep rejeitar redução da produção de petróleo, aumentam as chances de que a Venezuela desvalorize moeda e venda unidade de petróleo com sede nos EUA

Produção de petróleo: a Venezuela, que apoiava uma redução da oferta, precisa de um preço de US$ 85 por barril (Wikimedia Commons)
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Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2014 às 17h10.

Santiago -A recusa da OPEP de reduzir a produção de petróleo está aumentando as chances de que a Venezuela deva desvalorizar sua moeda e vender sua unidade de petróleo com sede nos EUA para evitar um calote, segundo a EMSO Partners Ltd. e a EM Quest Capital.

As notas de referência do país com vencimento em 2027 afundaram até 51,6 centavos por dólar ontem, seu mínimo em cinco anos, porque a decisão tomada pela Organização de Países Exportadores de Petróleo em 27 de novembro de manter a produção aprofundou um desmoronamento do preço do petróleo, que representa 95 por cento da receita obtida pela Venezuela com exportações.

O presidente Nicolás Maduro não terá muitas outras escolhas além de tomar medidas, entre elas a desvalorização do bolívar e a venda da Citgo Petroleum Corp., para reforçar as finanças depois que as reservas de moeda estrangeira do país alcançaram seu mínimo em 11 anos no mês passado, disse Patrick Esteruelas, quem ajuda a gerenciar US$ 2 bilhões em dívida de mercados emergentes na EMSO Partners.

A Venezuela, que apoiava uma redução da oferta, precisa de um preço de US$ 85 por barril, mesmo depois de reduzir os pagamentos a aliados, para cobrir suas obrigações em dólares, segundo a Jefferies Group LLC.

“Eles vêm demorando o máximo possível, mas é inevitável que tenham que fazer ajustes”, disse Phillip Blackwood, sócio-gerente da EM Quest Capital LLP. A empresa de Blackwood assessora o Sydbank A/S, com sede em Copenhague, quanto à US$ 3,5 bilhões em dívida de mercados emergentes, incluindo bonds venezuelanos. A queda do petróleo “os obriga a agirem de forma mais rápida e decisiva do que eles teriam feito de outra forma”.

Probabilidades de calote

Os operadores de swaps de crédito estimam 83 por cento de probabilidade de que a Venezuela dê calote de um pagamento de dívida nos próximos cinco anos, frente a 79 por cento uma semana atrás, segundo dados compilados pela CMA. O custo inicial de comprar proteção contra um calote da Venezuela durante esse período é o mais alto do mundo.

O preço das exportações do país caiu para US$ 68,08 por barril na semana finalizada em 28 de novembro, o mínimo desde setembro de 2010, segundo o Ministério do Petróleo. Esse preço declinou 32 por cento após alcançar um máximo de US$ 100,64 em junho.

Duas semanas atrás, Maduro adicionou US$ 4,1 bilhões emprestados pela China às reservas do país depois que estas caíram para US$ 19,4 bilhões, seu mínimo em onze anos, em 14 de novembro. Ele já gastou US$ 1,5 bilhão do somatório, deixando as reservas em US$ 22 bilhões.

Planos para a Citgo

A produtora estatal de petróleo Petróleos de Venezuela contratou a Lazard Ltd. para promover a Citgo, disse a Reuters em 25 de novembro. O ministro das Finanças, Rodolfo Marcos Torres, disse em outubro que o país não planejava vender a unidade, dois meses depois que o ex-ministro do Petróleo Rafael Ramírez estimou que a Citgo valia pelo menos US$ 10 bilhões.

Uma desvalorização daria ao governo mais bolívares por cada dólar de receita obtida com exportações da PDVSA e reduziria a brecha entre as cotações no mercado negro, onde a moeda local é 96 por cento mais barata. Contudo, desvalorizar a moeda traz o perigo de incentivar uma inflação que já é de 63 por cento, disse Jorge Mariscal, diretor de investimentos para mercados emergentes da UBS Wealth Management.

Maduro também pode economizar reduzindo os subsídios de US$ 8 bilhões a seus aliados, segundo Esteruelas da EMSO. A Venezuela vende petróleo a países como Cuba, Jamaica e Belize por meio de um sistema chamado Petrocaribe, que permite aos compradores financiar as aquisições com empréstimos a 25 anos e 1 por cento anual.

“O governo parece estar se aproximando com hesitação para um regime” cambial “mais flexível”, disse Esteruelas. A Venezuela “pode implementar muitas medidas”.

São Paulo – Não, o Brasil não está nesta lista — ainda. Pelas previsões da Agência Internacional de Energia (AIE), com os recursos do pré-sal , o país deverá se tornar o sexto maior exportador mundial de petróleo no mundo, dentro de duas décadas. Segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), já em 2022, as exportações brasileiras chegarão à casa de 1,5 milhão de barris/dia de petróleo. Mas o tabuleiro da exportação do ouro negro, compilado com base em dados da Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês), pode balançar antes. O motivo é o boom de xisto nos Estados Unidos. Com produção em ritmo nunca antes visto, o país estuda eliminar limitações às vendas de petróleo bruto, adotadas como medida de proteção em meados da década de 70, durante a crise do óleo. Além de deixar o posto de maior importador mundial, o país pode pular para o outro lado, e se tornar um importante exportador de petróleo. Veja a seguir os países que podem ver seu império ameaçado, por perder um grande comprador, e, quiçá, ganhar um adversário.
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