Plataforma de exploração de petróleo na Bacia de Campos, próximo da costa do Rio de Janeiro (Rich Press/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2014 às 15h04.
Houston/Caracas - Os carregamentos de petróleo e de combustíveis da Venezuela para seus aliados caíram para o menor nível em cinco anos, com a fraqueza da economia prejudicando a capacidade do país de manter acordos firmados pelo então presidente Hugo Chávez, oferecendo energia barata para países amigos e expandindo a influência diplomática do país.
Os envios totais sob os acordos de cooperação com países da América Latina e do Caribe caíram 11 por cento em 2013, para 243 mil barris por dia, menor volume desde 2007, segundo dados recentes da petroleira estatal venezuelana PDVSA.
Diversos fatores estão por trás da queda: menor produção de petróleo e economia fraca no país, uma rede de refino doméstica que ainda não se recuperou totalmente de um grande acidente em 2012, sem falar de um acordo financeiro com a China que direciona boa parte do petróleo venezuelano para a Ásia.
Alguns dos países beneficiados com o petróleo barato da Venezuela estão sendo forçados a busca outras fontes.
Nos oito meses até agosto, países da Jamaica à Argentina, que têm acordos de fornecimento com a Venezuela, compraram 140 carregamentos de petróleo, componentes e combustíveis para transporte e geração de energia no mercado livre, segundo informações de leilões compiladas pela Reuters.
Mais de dois terços deste volume foram para o Equador, um dos mais próximos aliados da Venezuela.
As compras, que apertaram a oferta de navios petroleiros, são bem mais caras que o petróleo obtido nos acordos de longo prazo.
Chávez, que governou a Venezuela por 14 anos até morrer de câncer em março de 2013, usava a riqueza petrolífera do país para ajudar aliados e ampliar sua influência na América Latina e Caribe. O acordo Petrocaribe, assinado por Chávez em 2005, exige dos membros o pagamento de apenas 40 por cento das compras em dinheiro, sendo o restante financiando por 25 anos a juros baixos ou pagos com produtos que variam desde arroz a calças jeans.
Desde então, as exportações do combustível caíram ainda mais e a posição financeira da PDVSA enfraqueceu, limitando sua capacidade de ajudar aliados, embora o sucessor escolhido por Chávez, o presidente Nicolás Maduro, apoiar os acordos.
"O país (Venezuela) está importando bastante combustível para cobrir a demanda doméstica, portanto comprar volumes extras para ajudar aqueles países é insustentável", disse um executivo de uma grande trading global de commodities envolvida no fornecimento de combustíveis para a Venezuela.
A PDVSA e outras petroleiras estatais da região não responderam a pedidos para comentar o assunto.