UE planeja bloquear frango do Brasil por motivo comercial, diz Maggi
O bloco está planejando bloquear as exportações de nove unidades exportadoras da BRF e também revogar as credenciais de outras plantas brasileiras
Reuters
Publicado em 17 de abril de 2018 às 13h06.
Brasília - A União Europeia está planejando bloquear as exportações de nove unidades exportadoras de carne de frango da BRF para o bloco comercial e pode também revogar as credenciais de outras plantas brasileiras, disse nesta terça-feira o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, citando motivos comerciais para o eventual movimento europeu.
Ele disse esperar que a UE publique uma lista final de plantas brasileiras proibidas na quarta-feira, incluindo as unidades da BRF, maior exportadora global de carne de frango, e potencialmente aquelas pertencentes a outras empresas, após uma votação planejada pela Comissão Europeia sobre o assunto.
A UE está usando preocupações sanitárias que não têm nenhuma base técnica para justificar as proibições de exportações de frango salgado do Brasil, disse Maggi em uma entrevista coletiva na terça-feira. Seus comentários ocorrem depois de seu retorno de uma missão comercial a Bruxelas na semana passada, com o objetivo de convencer a Europa a não proibir produtos avícolas brasileiros.
A polêmica sobre as exportações de frango surgiu depois que a polícia federal brasileira implicou a BRF em uma nova fase da operação Carne Fraca, alegando que a companhia buscava burlar os padrões de segurança alimentar.
Maggi afirmou que não há evidências, no entanto, de problemas com as condições sanitárias do frango brasileiro.
"Isso não é sanitário, isso é comercial", disse Maggi, referindo-se às proibições de importação planejadas.
Maggi disse em uma apresentação que, sob os atuais acordos comerciais, o Brasil seria capaz de exportar 170.807 toneladas de frango salgado para a UE, pagando uma tarifa de 15,4 por cento.
Maior exportadora de frango do Brasil, a BRF registrou a maior queda na Bolsa de Valores de São Paulo nesta manhã, caindo 3,24 por cento, dada a perspectiva de um embargo definitivo às exportações brasileiras de frango para a UE.
Uma suspensão auto-imposta sobre as exportações de carne de frango da BRF para a UE 30 dias atrás afetou 10 das 35 plantas da BRF no Brasil.
A BRF se recusou a comentar.
Maggi disse que a UE não cumpre as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) ao impor tais barreiras aos produtos de frango brasileiros.
O Brasil vendeu 317 milhões de dólares em frango salgado in natura para a UE no ano passado e 118 milhões em frango in natura sem sal, para o qual a cota permitida é de 21.600 toneladas sem tarifas, segundo uma apresentação do ministro.