Economia

UE defende negociações com Mercosul mesmo com Bolsonaro no poder

Parlamentares da União Europeia tem restrições a visão de Jair Bolsonaro sobre meio ambiente e terras indígenas

Parlamentares europeus afirmaram que um pacto com o Mercosul "nas condições atuais estaria em total contradição com os esforços da UE para conter o avanço do desmatamento e da degradação florestal" (Dominic Lipinski/Getty Images)

Parlamentares europeus afirmaram que um pacto com o Mercosul "nas condições atuais estaria em total contradição com os esforços da UE para conter o avanço do desmatamento e da degradação florestal" (Dominic Lipinski/Getty Images)

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EFE

Publicado em 15 de abril de 2019 às 16h16.

Bruxelas — A comissária de Comércio da União Europeia (UE), Cecilia Malmström, defendeu nesta segunda-feira a continuidade das negociações do acordo comercial entre o bloco e o Mercosul, depois que alguns deputados do Parlamento Europeu pediram uma pausa no andamento das mesmas devido à chegada de Jair Bolsonaro à presidência no Brasil.

Malmström respondeu a uma carta, cujo conteúdo veio à tona nesta segunda-feira, que foi enviada em 25 de março por 33 deputados do Parlamento Europeu que pediam a paralisação das negociações entre UE e Mercosul por causa da chegada de Bolsonaro ao poder.

Em sua resposta, Malmström disse que a Comissão Europeia - o órgão executivo da UE - não está "negociando com o Brasil de forma bilateral, mas com o Mercosul como uma organização internacional", que também inclui Argentina, Paraguai e Uruguai.

Malmström lembrou que a comissão está "acompanhando o impacto que podem ter os últimos avanços em relação aos direitos dos indígenas" diante da preocupação dos parlamentares europeus.

Segundo os eurodeputados, "qualquer acordo entre o Mercosul e a UE poderia colocar em perigo territórios indígenas" e contribuir para deixar 4,5 milhões de pequenos camponeses sem acesso a seus terrenos.

Entretanto, a Comissão Europeia acredita que o acordo comercial pode ter uma influência positiva na situação dos indígenas devido a sua "parte política".

Além disso, os parlamentares europeus afirmaram que um pacto com o Mercosul "nas condições atuais estaria em total contradição com os esforços da UE para conter o avanço do desmatamento e da degradação florestal".

No entanto, o órgão executivo da UE coloca em dúvida essa questão levantada pelos eurodeputados e a comissária opinou que, apesar das declarações anteriores de Bolsonaro, nas quais ele ameaçou deixar o Acordo de Paris contra a mudança climática, o Ministério de Meio Ambiente do Brasil declarou "várias vezes e de forma pública" que permanecerá no pacto.

"A Comissão não conta com nenhuma indicação de que o Brasil não vai honrar seus acordos ambientais internacionais", afirmou Malmström.

A comissária frisou que "a UE e o Brasil são parceiros estratégicos com uma longa cooperação e intercâmbios regulares em questões bilaterais e multilaterais, inclusive no comércio, na proteção do meio ambiente e nos direitos humanos". EFE

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