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Licitações para transposição podem começar em 2004

Se a transposição das águas do rio São Francisco virar realidade, sua primeira etapa deverá custar 1,6 bilhão de dólares (quase um quarto do total previsto) e demorar cinco anos para ficar pronta. Paralelamente, seria iniciado o trabalho de revitalização do rio, com obras de saneamento e reflorestamento de suas margens, a um custo de […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h41.

Se a transposição das águas do rio São Francisco virar realidade, sua primeira etapa deverá custar 1,6 bilhão de dólares (quase um quarto do total previsto) e demorar cinco anos para ficar pronta. Paralelamente, seria iniciado o trabalho de revitalização do rio, com obras de saneamento e reflorestamento de suas margens, a um custo de 1 bilhão de dólares ao longo de 12 anos. Queremos iniciar as audiências públicas sobre os dois primeiros canais até junho, afirma o engenheiro Francisco Sarmento, chefe da assessoria técnica do vice-presidente José Alencar. Assim, será possível realizarmos licitações para as primeiras obras de engenharia civil até o fim deste ano.

Para que esse cronograma seja cumprido, a ANA (Agência Nacional das Águas) e o Comitê Gestor da Bacia do São Francisco, formado por governos locais e representantes da sociedade civil, deverão concluir até abril um plano de utilização da água do Velho Chico. O plano deverá indicar que a transposição retirará do rio 8 metros cúbicos de água no início das obras e 64 metros cúbicos daqui a 25 anos. Se o Comitê Gestor entender que essa quantidade não prejudica o rio, deverá aprovar o plano em maio.

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A primeira etapa das obras consistiria na construção de dois canais a partir da margem norte do rio, em Pernambuco. Um, o Eixo Norte, sairia da cidade de Cabrobó e levaria água ao oeste de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, e leste do Ceará. O outro, o Eixo Leste, sairia da Barragem de Itaparica e levaria água à região central de Pernambuco e leste da Paraíba. Ambos ajudariam no abastecimento de importantes centros regionais como Campina Grande e Sousa (PB), Fortaleza (CE) e Mossoró (RN). O objetivo do governo é garantir o suprimento de água para centros urbanos e viabilizar a criação de novos distritos industriais e pólos de agricultura irrigada.

Muitos discordam, porém, dessa visão otimista. Técnicos do governo usam como grande exemplo de transposição as obras feitas no meio-oeste e na Califórnia. A engenheira Renata Andrade, da Universidade de Berkeley, lembra que a transposição do Rio Colorado, nos Estados Unidos, resultou em salinização das águas do trecho baixo e quase extinção de várias espécies de peixes. No Brasil, o uso do sistema Cantareira e a canalização do rio Pinheiros para abastecer a cidade de São Paulo não resolveram o problema do abastecimento e aumentou a poluição nesses mananciais. Os problemas apresentados nestes projetos não são discutidos com seriedade quando apresentados como justificativa para a transposição do rio São Francisco e do rio Tocantins, afirma Renata. O São Francisco já sofre com a criação extensiva de gado, o desmatamento em suas margens e as represas não planejadas. Essas atividades fazem com que as águas retirem sedimentos facilmente das bordas do rio, o que leva a um processo de assoreamento, formação de ilhas e acúmulo de areia nas barragens.

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