‘Se você pretende ser ‘miss simpatia’, seu lugar não é o Banco Central’, diz Galípolo
Segundo diretor de Política Monetária e futuro presidente do BC, toda a diretoria está preparada para subir os juros, se necessário
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 28 de novembro de 2024 às 21h47.
Última atualização em 28 de novembro de 2024 às 21h47.
O diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo , afirmou nesta quinta-feira, 28, que a diretoria colegiada do Banco Central tem total autonomia para tomar decisões sobre a elevação da taxa de juros, caso isso seja necessário para o controle da inflação. Segundo Galípolo, é fundamental que todos os membros da diretoria entendam que, em algum momento, será preciso ajustar a política monetária, o que pode envolver o aumento da Selic.
Segundo Galípolo, qualquer pessoa nomeada para um cargo no Banco Central já sabe que, em algum ponto, será necessário votar pela subida dos juros. “Se você pretende ser miss simpatia, seu lugar não é o Banco Central”, afirmou ele, ao participar de evento organizado pelo Esfera Brasil. O diretor destacou que é natural que, ao longo de um mandato de quatro anos, a alta da taxa de juros seja uma ferramenta recorrente para a manutenção da estabilidade econômica.
Para Galípolo, hesitar em subir os juros seria um erro ainda maior para o país, pois os efeitos da inflação descontrolada são mais prejudiciais para a população do que um ajuste na taxa Selic.
De acordo com Galípolo, os diretores do Banco Central têm as ferramentas e a autonomia necessárias para controlar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação. Ele também ressaltou que a instituição está bem equipada para garantir o cumprimento de sua meta de inflação, independentemente dos desafios econômicos que possam surgir.
Reunião com o Presidente Lula
Além de abordar as questões sobre a política monetária, Galípolo também se posicionou sobre a reunião que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, onde discutiram o corte de gastos. O futuro presidente do BC explicou que o papel do Banco Central não é sugerir políticas fiscais, mas sim esclarecer o que está acontecendo no mercado financeiro. “Quando somos chamados, não damos sugestões de política fiscal, mas explicamos o comportamento dos ativos e os impactos no mercado”, afirmou Galípolo.
Para ele, a responsabilidade de criar um ambiente econômico favorável ao crescimento está nas mãos da sociedade e do governo. “O Brasil está em condições de entrar em um ciclo positivo, está em nossas mãos”, completou.