O governo federal pode se tranqüilizar: se depender do salário e do consumo de boa parte da população, a inflação deve cair. Segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a renda do operário brasileiro caiu 7,3% no primeiro bimestre deste ano em relação aos dois primeiros meses de 2002.

A CNI explica que como no período houve crescimento tanto do pessoal empregado quanto das horas trabalhadas na produção, o recuo se explica pela corrosão dos salários nominais pela inflação .

Na indústria de transformação, a queda média foi de 6,1%. Mas em alguns setores - como no vestuário, papel e gráfico e produtos de metal -, a redução foi superior a 10%.

A preocupação do Banco Central com o aumento do consumo em decorrência do rendimento foi declarada na ata do Comitê de Política Monetária, divulgada na semana passada. No documento, o comitê justificava que a persistência da inflação tem sua origem nos reajustes de preços e salários .

Os dados sobre o emprego industrial mostram que a atividade manteve-se com baixo dinamismo . No primeiro bimestre deste ano, o nível de emprego foi 1,16% superior ao dos dois primeiros meses de 2002. Segundo a CNI, o crescimento é um mero resultado da comparação com um período em que o nível de emprego na indústria ainda se encontrava deprimido pelo efeitos do apagão.