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Redução de ICMS não impede queda no preço do trigo no RS

Segundo analistas, redução da tarifa não foi suficiente para tornar o trigo gaúcho realmente atrativo para moinhos de outras partes do país

Plantação de Trigo: governo gaúcho reduziu de 12 para 8 por cento as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços para operações interestaduais do trigo (Ilya Naymushin/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2013 às 15h39.

São Paulo - A redução de ICMS determinada pelo Rio Grande do Sul para as vendas de trigo a outros Estados não conseguiu conter a queda dos preços do produto na principal região produtora nesta safra, com o mercado local abastecido por uma farta colheita.

Segundo analistas e agentes do mercado, a redução da tarifa, na última terça-feira, não foi suficiente para tornar o trigo gaúcho realmente atrativo para moinhos de outras partes do país.

O governo gaúcho reduziu de 12 para 8 por cento as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços para operações interestaduais do trigo em grão, para saídas destinadas a Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, com o objetivo de facilitar o escoamento da safra atual.

Com cerca de 85 por cento da safra gaúcha colhidos, os preços não param de cair e estão no menor patamar desde junho, segundo levantamento do Cepea na região de Passo Fundo.

Por lá, as cotações recuaram 1,6 por cento entre terça-feira (dia da redução do ICMS) e a sexta-feira. O trigo na região está cotado em 635 reais por tonelada.

Para José Honório de Tófoli, presidente do Moinho Anaconda, que tem operações em São Paulo e Paraná, a redução do ICMS ainda não é suficiente. Ele ressalta que em São Paulo, por exemplo, não é cobrado ICMS sobre a venda de farinha. Portanto, o ICMS que os moinhos pagam pelo trigo gaúcho não pode ser neutralizado, através de créditos tributários.

"O ICMS da origem é custo... (A redução) é uma vantagem, mas não abre o mercado do Rio Grande do Sul totalmente, porque sempre tem que ser feita a equação com o frete", disse ele.


O Rio Grande do Sul deve colher 2,65 milhões de toneladas do grão em 2013, alta de 40 por cento ante 2012. Já o Paraná, outro tradicional líder da produção nacional de trigo, teve a safra prejudicada por geadas e deverá colher 1,7 milhão de toneladas, queda de 19 por cento ante o ano passado, segundo dados do governo federal.

"Como está havendo plena safra e a safra foi relativamente boa, nessas condições a tendência é baixar (os preços)", disse o diretor de uma corretora de Porto Alegre. "O trigo gaúcho não é competitivo, mas não acredito que baixe muito mais do que está."

Moinhos Abastecidos

Na avaliação do Cepea, centro de pesquisa da Universidade de São Paulo, o final de ano deve ser de poucos negócios no mercado interno de trigo, porque os moinhos estão bem abastecidos com produto importado. Com escassez de oferta da Argentina, o governo federal ampliou a cota de trigo de fora do Mercosul sem a tarifa externa comum (TEC), de 10 por cento.

"A possibilidade de importação dos EUA, com uma queda brusca nas cotações americanas, levam a uma condição de paridade, sendo repassado para o mercado doméstico", disse o pesquisador do Cepea, Lucilio Alves. "Nesse momento, os estoques dos moinhos estão relativamente altos, via importação, então é o momento de eles exercerem um pouco mais de pressão." A proximidade com o final de ano, com o fechamento de balanços fiscais, também reduz o ímpeto de compra das empresas, lembrou o pesquisador.

Apesar deste cenário, os produtores gaúchos mantém um certo otimismo, após o anúncio da redução do ICMS.

"Cooperativas no interior do Rio Grande do Sul relatam que já estão embarcando para o Paraná", disse o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro), Rui Polidoro Pinto, que espera pelo menos a interrupção da sequência de quedas nos preços.

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São Paulo - A redução de ICMS determinada pelo Rio Grande do Sul para as vendas de trigo a outros Estados não conseguiu conter a queda dos preços do produto na principal região produtora nesta safra, com o mercado local abastecido por uma farta colheita.

Segundo analistas e agentes do mercado, a redução da tarifa, na última terça-feira, não foi suficiente para tornar o trigo gaúcho realmente atrativo para moinhos de outras partes do país.

O governo gaúcho reduziu de 12 para 8 por cento as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços para operações interestaduais do trigo em grão, para saídas destinadas a Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, com o objetivo de facilitar o escoamento da safra atual.

Com cerca de 85 por cento da safra gaúcha colhidos, os preços não param de cair e estão no menor patamar desde junho, segundo levantamento do Cepea na região de Passo Fundo.

Por lá, as cotações recuaram 1,6 por cento entre terça-feira (dia da redução do ICMS) e a sexta-feira. O trigo na região está cotado em 635 reais por tonelada.

Para José Honório de Tófoli, presidente do Moinho Anaconda, que tem operações em São Paulo e Paraná, a redução do ICMS ainda não é suficiente. Ele ressalta que em São Paulo, por exemplo, não é cobrado ICMS sobre a venda de farinha. Portanto, o ICMS que os moinhos pagam pelo trigo gaúcho não pode ser neutralizado, através de créditos tributários.

"O ICMS da origem é custo... (A redução) é uma vantagem, mas não abre o mercado do Rio Grande do Sul totalmente, porque sempre tem que ser feita a equação com o frete", disse ele.


O Rio Grande do Sul deve colher 2,65 milhões de toneladas do grão em 2013, alta de 40 por cento ante 2012. Já o Paraná, outro tradicional líder da produção nacional de trigo, teve a safra prejudicada por geadas e deverá colher 1,7 milhão de toneladas, queda de 19 por cento ante o ano passado, segundo dados do governo federal.

"Como está havendo plena safra e a safra foi relativamente boa, nessas condições a tendência é baixar (os preços)", disse o diretor de uma corretora de Porto Alegre. "O trigo gaúcho não é competitivo, mas não acredito que baixe muito mais do que está."

Moinhos Abastecidos

Na avaliação do Cepea, centro de pesquisa da Universidade de São Paulo, o final de ano deve ser de poucos negócios no mercado interno de trigo, porque os moinhos estão bem abastecidos com produto importado. Com escassez de oferta da Argentina, o governo federal ampliou a cota de trigo de fora do Mercosul sem a tarifa externa comum (TEC), de 10 por cento.

"A possibilidade de importação dos EUA, com uma queda brusca nas cotações americanas, levam a uma condição de paridade, sendo repassado para o mercado doméstico", disse o pesquisador do Cepea, Lucilio Alves. "Nesse momento, os estoques dos moinhos estão relativamente altos, via importação, então é o momento de eles exercerem um pouco mais de pressão." A proximidade com o final de ano, com o fechamento de balanços fiscais, também reduz o ímpeto de compra das empresas, lembrou o pesquisador.

Apesar deste cenário, os produtores gaúchos mantém um certo otimismo, após o anúncio da redução do ICMS.

"Cooperativas no interior do Rio Grande do Sul relatam que já estão embarcando para o Paraná", disse o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro), Rui Polidoro Pinto, que espera pelo menos a interrupção da sequência de quedas nos preços.

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