Exame Logo

Rebaixamento pela S&P terá impacto limitado, dizem analistas

Segundo economistas, apesar do rebaixamento ter vindo antes do esperado, os efeitos devem ser limitados no mercado

Standard and Poor's: para especialista, devem ter pesado para a decisão o quadro fiscal "bastante frágil" e a intenção de instituir uma banda fiscal (Eric Piermont/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2016 às 18h01.

São Paulo - A decisão da Standard & Poor´s de rebaixar o Brasil da nota BB+ para BB, com perspectiva negativa, indica que o rating do país regrediu uma década em dois anos, disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o economista-chefe do banco Safra, Carlos Kawall.

"O rebaixamento é muito ruim e o processo de volta ao grau de investimento deve levar 3 ou 4 anos", disse. "Com isso, fica mais urgente a necessidade de serem realizadas reformas estruturais, especialmente relacionadas à área fiscal."

Na avaliação de Kawall, "com o quadro atual, são maiores de 50% as chances da Argentina ter um rating melhor do que do Brasil em 1 ou 2 anos.

O economista leva em contra a possibilidade de o país vizinho concluir acordo com os chamados fundos abutres relacionados à sua dívida, o que o deve mudar sua classificação de "default seletivo" pela S&P e entrar numa escala de notas, com tendência provavelmente ascendente.

Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, o novo rebaixamento veio "bem antes do esperado".

"Dentro do quadro de deterioração fiscal e incertezas políticas, havia a expectativa de rebaixamento mais à frente, até junho, mas o corte agora é uma surpresa", disse.

Para o especialista, devem ter pesado para a decisão o quadro fiscal "bastante frágil" e a intenção do governo de instituir uma banda fiscal, de modo a acomodar um novo déficit primário das contas públicas.

Em termos práticos, Camargo Rosa considera que o novo rebaixamento pela agência, que já considerava o Brasil grau especulativo, adia as condições de recuperação da economia do país.

"Isso pode gerar um aumento dos custos para financiamento de investimentos no exterior, o que atrapalha as chances de retomada da economia", avaliou. Para ele, em um cenário otimista, a economia nacional permanecerá estagnada por algum tempo.

O economista-chefe da SulAmérica Investimentos considera que, apesar de alguns indicadores sugerirem que o Brasil atingiu o ponto mais grave da crise, o novo rebaixamento pode forçar a continuação da queda da economia.

Efeitos

O economista-chefe da Kinea Investimentos, Luis Fernando Horta, acredita que apesar de o rebaixamento ter vindo antes do esperado, os efeitos devem ser limitados no mercado.

"Isso pode ter algum impacto na Bolsa, com alguns estrangeiros realocando recursos, mas para juros e câmbio o efeito é pequeno. O que está guiando o mercado local agora é agenda de reformas que poderia ocorrer este ano, mas que na minha opinião tem uma chance muito pequena de sair do papel", comenta.

Para ele, a decisão da S&P não aumenta a pressão sobre o governo da presidente Dilma Rousseff. "O que pressiona o governo é a atividade fraca e a inflação elevada", afirma.

Na avaliação de Horta, o efeito sobre a economia real também é pequeno. "O necessário para a gente sair da recessão é a inflação cair", comenta.

Na mesma linha, o economista Mauro Schneider, da MCM Consultores, acredita que a decisão da S&P não será capaz de aumentar o senso de urgência do governo no sentido de implementar medidas de recuperação econômica.

"O que de pior poderia acontecer com a nossa economia já está acontecendo, com avanço do desemprego e queda da renda. Se isso não aumentou o senso de urgência, não será a S&P que fará isso", disse.

Veja também

São Paulo - A decisão da Standard & Poor´s de rebaixar o Brasil da nota BB+ para BB, com perspectiva negativa, indica que o rating do país regrediu uma década em dois anos, disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o economista-chefe do banco Safra, Carlos Kawall.

"O rebaixamento é muito ruim e o processo de volta ao grau de investimento deve levar 3 ou 4 anos", disse. "Com isso, fica mais urgente a necessidade de serem realizadas reformas estruturais, especialmente relacionadas à área fiscal."

Na avaliação de Kawall, "com o quadro atual, são maiores de 50% as chances da Argentina ter um rating melhor do que do Brasil em 1 ou 2 anos.

O economista leva em contra a possibilidade de o país vizinho concluir acordo com os chamados fundos abutres relacionados à sua dívida, o que o deve mudar sua classificação de "default seletivo" pela S&P e entrar numa escala de notas, com tendência provavelmente ascendente.

Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, o novo rebaixamento veio "bem antes do esperado".

"Dentro do quadro de deterioração fiscal e incertezas políticas, havia a expectativa de rebaixamento mais à frente, até junho, mas o corte agora é uma surpresa", disse.

Para o especialista, devem ter pesado para a decisão o quadro fiscal "bastante frágil" e a intenção do governo de instituir uma banda fiscal, de modo a acomodar um novo déficit primário das contas públicas.

Em termos práticos, Camargo Rosa considera que o novo rebaixamento pela agência, que já considerava o Brasil grau especulativo, adia as condições de recuperação da economia do país.

"Isso pode gerar um aumento dos custos para financiamento de investimentos no exterior, o que atrapalha as chances de retomada da economia", avaliou. Para ele, em um cenário otimista, a economia nacional permanecerá estagnada por algum tempo.

O economista-chefe da SulAmérica Investimentos considera que, apesar de alguns indicadores sugerirem que o Brasil atingiu o ponto mais grave da crise, o novo rebaixamento pode forçar a continuação da queda da economia.

Efeitos

O economista-chefe da Kinea Investimentos, Luis Fernando Horta, acredita que apesar de o rebaixamento ter vindo antes do esperado, os efeitos devem ser limitados no mercado.

"Isso pode ter algum impacto na Bolsa, com alguns estrangeiros realocando recursos, mas para juros e câmbio o efeito é pequeno. O que está guiando o mercado local agora é agenda de reformas que poderia ocorrer este ano, mas que na minha opinião tem uma chance muito pequena de sair do papel", comenta.

Para ele, a decisão da S&P não aumenta a pressão sobre o governo da presidente Dilma Rousseff. "O que pressiona o governo é a atividade fraca e a inflação elevada", afirma.

Na avaliação de Horta, o efeito sobre a economia real também é pequeno. "O necessário para a gente sair da recessão é a inflação cair", comenta.

Na mesma linha, o economista Mauro Schneider, da MCM Consultores, acredita que a decisão da S&P não será capaz de aumentar o senso de urgência do governo no sentido de implementar medidas de recuperação econômica.

"O que de pior poderia acontecer com a nossa economia já está acontecendo, com avanço do desemprego e queda da renda. Se isso não aumentou o senso de urgência, não será a S&P que fará isso", disse.

Acompanhe tudo sobre:Agências de ratingCrise econômicaeconomia-brasileiraGovernoStandard & Poor's

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame