Economia

Queda dos juros se tornou "indispensável", diz Ermírio de Moraes

São Paulo, 4 de julho (Portal EXAME) Antônio Ermírio de Moraes, presidente do conselho de administração do Grupo Votorantim, e Claus Hoppen, presidente da Mahle Metal Leve, traçam cenários diferentes para o Brasil em 2003. Ermírio lamenta os indicadores de retração econômica e o ano de arrochos: Nada justifica que o PIB de um país […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h17.

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Antônio Ermírio de Moraes, presidente do conselho de administração do Grupo Votorantim, e Claus Hoppen, presidente da Mahle Metal Leve, traçam cenários diferentes para o Brasil em 2003. Ermírio lamenta os indicadores de retração econômica e o ano de arrochos: Nada justifica que o PIB de um país com as dimensões e as possibilidades do Brasil esteja se arrastando para fechar o ano em 1% ou 1,5% . Hoppen aposta no reaquecimento da economia entre novembro e dezembro e um início de 2004 com expansão: A história mostrou em inúmeras ocasiões que as condições econômicas podem mudar muito rapidamente no Brasil .

Ermírio e Hoppen não pensam tão diferente assim, apenas têm expectativas distintas em relação a um componente considerado hoje fundamental para desengessar a economia: a queda nas taxas de juros. O empresário da Votorantim teme um processo lento. Enquanto os juros não chegarem a 16%, a política monetária que está aí favorece apenas aos bancos. , diz ele. A queda dos juros é indispensável para o crescimento. O fundador da Metal Leve acredita que o governo já construiu a credibilidade necessária para poder alterar a política monetária e vai ser menos rígido no segundo semestre. O ministro Antonio Palocci já fala em crescimento econômico e isso é um sinal.

Como a deflação atingiu os índices do atacado e do varejo nas últimas semanas, o coro em favor da queda dos juros ganhou novo fôlego. O governo precisa rever seu gradualismo , diz Eneida Bini, presidente da Avon no Brasil. O custo do capital está alto demais. O setor de higiene, beleza e perfumaria, um dos primeiros a ser excluído da lista de prioridades dos gastos familiares na hora do aperto, registrou uma retração de 8% nas vendas durante o primeiro semestre. Para a executiva, não há como reverter a queda no consumo com medidas isoladas. Iniciativas como o programa de microcrédito são sempre bem-vindas, mas mudam muito pouco na atual conjuntura. A Avon, por exemplo, adota uma política de microcrédito com suas vendedoras há 40 anos , diz. Não vamos ter dinheiro na economia se os juros básicos não forem reduzidos.

João Ney Colagrossi Filho, presidente da Metso Minerals, tem outro foco de mercado. Atua no segmento mecânico, que poderia crescer com a retomada das obras de infra-estrutura tão esperadas no início do novo governo, mas proteladas até agora. O Banco Central deveria iniciar um corte de 1% ao mês na taxa básica de juros a partir da próxima reunião do Copom , diz Colagrossi. Mas ainda que o Banco Central adote essa política, o executivo não tem expectativas otimistas para o ano. O espetáculo do crescimento anunciado pelo presidente Lula não virá antes de 4 anos , diz. Afora as questões internas que temos de resolver, não podemos esquecer que o Brasil vai ser afetado pela retração da economia internacional.

As exportações têm funcionado como motor de arranque para vários setores da economia brasileira, com destaque para as montadoras de veículos. Mas as exportações não são suficientes para sustentarem a economia brasileira ou o setor automotivo , diz Antônio Maciel Neto, presidente da Ford no Brasil. Precisamos do mercado interno. O setor automotivo tenta conseguir com o governo reduções tributárias que possam reduzir o preço final dos veículos. Mas o governo teme a perda da arrecadação e se mostra refratário , diz Maciel.

Extremamente dependente dos financiamentos, as vendas da indústria automobilística não resistem aos juros altos e estão sendo reforçadas no mercado externo. Cerca de 27% da produção nacional agora vai para outros países um número que compromete a economia de escala exigida pela cadeia automotiva local. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (4/7) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as exportações cresceram 38,7% no primeiro semestre deste ano em relação a igual período do ano passado, alcançando a receita de 2,4 bilhões de dólares. Apenas no mês de junho, os embarques aumentaram 60,7% em relação a maio. Mas as vendas internas já caíram 8,2% no acumulado de janeiro a junho. É o pior resultado em um primeiro semestre desde 1999. Para regular os estoques, os fabricantes reduziram o ritmo nas linhas de montagens nas últimas semanas. No acumulado do primeiro semestre, a produção registrou alta de 2,7%, atingindo 898,5 mil unidades fabricadas, mas em junho a produção caiu 14,4% em relação a maio.

Para alguns, se a política macroeconômica do governo não mudar de rumo, não restará nem mesmo as exportações para sustentar as receitas. Estamos repetindo com o câmbio os mesmos erros do passado , diz Ernesto Heinzelmann, presidente da Embraco. Com a taxa de câmbio como está, não há como renovar contratos e manter as exportações. Heinzelmann não chega a propor uma intervenção agressiva do Banco Central ou o câmbio fixo, mas defende a administração da taxa. A Embraco exporta 75% de sua produção e 25% de participação mundial no mercado de compressores. Nós alcançamos uma posição confortável, mas a maioria das empresas não tem recursos para sustentar uma situação desfavorável.

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