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Queda do poder aquisitivo muda perfil de consumo do brasileiro

O consumidor brasileiro não é mais o mesmo. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que a perda do poder aquisitivo, o aumento de preços e a difusão de serviços de telecomunicação alteraram o orçamento doméstico das famílias no Brasil. "Houve um redimensionamento dos gastos, buscando racionar quando necessário, como foi o caso da […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h50.


O consumidor brasileiro não é mais o mesmo. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que a perda do poder aquisitivo, o aumento de preços e a difusão de serviços de telecomunicação alteraram o orçamento doméstico das famílias no Brasil. "Houve um redimensionamento dos gastos, buscando racionar quando necessário, como foi o caso da energia elétrica, e encontrando alternativas para o que não pode simplesmente ser descartado", afirma o coordenador dos índices de preços ao consumidor da FGV, o economista André Braz.

A Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada entre 2002 e 2003, apontou que o brasileiro gasta mais com alimentação do que fazia em 1999 e 2000. A realidade contradiz a lei natural de que o desenvolvimento de uma sociedade leva o consumidor a diversificar e a sofisticar os seus gastos. No Brasil, a queda do poder aquisitivo em 14% nos últimos dois anos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e a desvalorização do dólar (em 2002 e início de 2003) resultaram no aumento do peso da alimentação de 25,12% para 27,49% no orçamento médio de uma família. Ao mesmo tempo, caiu a aplicação de recursos em itens do grupo saúde - como médico, plano privado, dentista, aparelhos médico-odontológicos, entre outros.

A alta do preço dos combustíveis e o crescimento urbano - que provoca o distanciamento do trabalhador da empresa - provocaram outra situação: o aumento considerável do peso dos gastos com transporte coletivo urbano, que passou de 3,53% para 4,76%. "No caso do transporte próprio, o consumidor consegue gerenciar melhor seus custos", diz Braz. De acordo com ele, a maior reflexão sobre quando trocar de carro ou quando realizar serviços de manutenção levaram à redução da participação no orçamento de itens como automóveis, oficina, gastos em geral com veículos, peças e acessórios.

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O aumento das tarifas públicas levou a uma alteração significativa do quanto o brasileiro gasta com habitação. Em 2002 e 2003, energia elétrica subiu 136,01%, gás de cozinha, 220,62%, e telefone residencial, 75,35%. Com a difusão da tecnologia, internet e TV por assinatura tiveram um aumento do seu peso no orçamento. "Quando esses serviços entraram na POF pela primeira vez (em 1999), a tecnologia era pouco difundida. Agora eles já fazem parte da vida moderna e agilizam o dia-a-dia das pessoas", diz Braz.

A POF ouviu famílias de Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo com renda entre um e 33 salários mínimos. A pesquisa servirá de base para os índices de preços da Fundação Getúlio Vargas.

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