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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h31.
Em tempos de guerra, o protecionismo agrícola ganha terreno no cenário nebuloso que se formou para as relações internacionais. As negociações para a abertura do comércio de produtos agrícolas no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) estão oficialmente atrasadas a partir desta segunda-feira (31/03). Terminou hoje o prazo para a apresentação do acorde sobre critérios de cortes tarifários para produtos agrícolas. O atraso coloca em xeque o ritmo da abertura comercial para os 145 países que integram a OMC.
O não cumprimento da agenda foi interpretado como uma vitória do protecionismo e, dado o cenário internacional, uma ameaça ao andamento das negociações para países como o Brasil, que tentam abrir novos mercados. O ambiente político internacional está se deteriorando com a guerra dos Estados Unidos contra o Iraque , diz Donizetti Beraldo, chefe do Departamento de Comércio Exterior da Confederação Nacional da Agriculgura (CNA). A Organização das Nações Unidas já foi contaminada por posições unilaterais; corremos o risco dessa postura contaminar outros organismos importantes como a OMC.
Para Donizetti, ao desrespeitar a agenda acertada na conferência da OMC em Doha, no Qatar, os países que resistem à abertura de seus mercados (especialmente as nações da União Européia, Japão e Coréia) colocam em risco todo o cronograma de negociações. O atraso pode comprometer a quinta reunião ministerial da OMC, marcada para setembro, em Cancun, no México.
Se o unilateralismo persistir, corremos o risco de viver em Cancun uma Seattle 2 , diz Donizzeti ao se referir à conferência da OMC na cidade americana de Seattle em 1999. A reunião deveria lançar uma nova e abrangente rodada de negociações multilaterais e acabou em fracasso, por conta da resistência européia. As discussões sobre a abertura comercial foram retomadas na reunião de Doha, no Qatar, em 2001, que tem seu cronograma agora atrasado.