Propus a reforma da Previdência por amor à nação, diz Temer
Segundo o presidente, sem mexer nos gastos púbicos e na Previdência, ele "poderia deixar para os outros, em 2018, cuidar de um país atrapalhado"
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de dezembro de 2016 às 17h49.
Última atualização em 13 de dezembro de 2016 às 17h50.
Brasília - Sem mencionar as dificuldades que o governo enfrenta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), já que há um movimento de obstrução à votação da admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência, o presidente Michel Temer afirmou nesta terça-feira, 13, que a proposta apresentada pelo Executivo é a que o governo considera útil, mas que o Congresso vai balizar o texto como julgar necessário.
"O palco para essa discussão como convém à democracia é o Congresso Nacional. É lá que eles vão receber as propostas e seremos obedientes naquilo que o Congresso deliberar", disse, destacando que a matéria não passará mais pelo executivo.
Temer disse ainda que é uma "obviedade" dizer que a reforma da Previdência precisa ser feita e diz que ao ter "coragem" para tocar a pauta o governo está "pensando nas gerações futuras".
"Não podemos ficar como aconteceu na Grécia que as pessoas batem às portas do Poder Público e não encontram dinheiro", disse. "Por isso que estamos nos apressando em regulamentar a Previdência Social."
Segundo o presidente, sem a coragem para mexer nos gastos púbicos e na Previdência, ele "poderia deixar para os outros, em 2018, cuidar de um País todo atrapalhado", mas que não faz isso "por amor" à nação.
Ele repetiu que o Brasil precisa sair da recessão, "sequencialmente conseguir crescimento e combater o desemprego".
Apenas ao final do discurso Temer destacou o evento em si, de lançamento do Programa de Renovação da Frota de Ônibus do Sistema de Transporte Público do Brasil, o Refrota 17.
"São R$ 3 bilhões para o programa e isso vai movimentar a economia e gerar emprego, além de modernizar a frota."
Agenda
O presidente está em busca de agendas positivas e quer mostrar que o governo está trabalhando, mesmo após o envolvimento da cúpula do poder nas delações da Odebrecht.
No evento preparado hoje no Salão Leste do Planalto, o espaço reservado tinha cadeiras para 42 pessoas e mesmo assim não estava lotado.
Presente na cerimônia, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, anunciou que a meta do Refrota 17 é financiar 10 mil ônibus, com investimento total de R$ 3 bilhões do Programa de Infraestrutura de Transporte e da Mobilidade Urbana (Pró-Transporte).
O programa financiará projetos com recursos do FGTS. Em seu discurso, o ministro destacou que está atendendo a uma recomendação do presidente neste "momento de crise profunda" e que o País "procura de forma unida" sair dessa situação com ações que gerem emprego.
Segundo a Associação Nacional de Transportes Urbanos, a frota nacional de ônibus do sistema coletivo soma 107 mil unidades, de mais de 1.800 empresas, para transportar 30 milhões de passageiros.
O Ministério das Cidades destacou que o segmento gera 537 mil empregos diretos.
Medidas para o crescimento
Temer disse no mesmo evento que o governo vai anunciar "neste final de ano" medidas que visam dinamizar a economia.
"Talvez na quinta-feira venhamos a anunciar novas medidas, várias medidas, para obter precisamente o desenvolvimento e o crescimento da nossa economia", disse, durante cerimônia no Palácio do Planalto.
Conforme antecipou ontem o Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, Temer agendou para a quinta-feira uma reunião com os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, para acertar os detalhes da "cesta de Natal" que será lançada.
Também devem participar do encontro representantes da Receita, do Tesouro Nacional e da Casa Civil.
Temer disse ainda que o governo não "falhou" naquilo que disse no passado, que "primeiro era preciso combater a recessão e depois, logo em seguida, iniciar o crescimento".
"Crescimento que se dará mais adiante, muito acentuadamente, pela confiança e credibilidade nas medidas, digamos, antirrecessivas que estão sendo tomadas neste momento".
Segundo Temer, a confiança também será gerada com programas como o anunciado na cerimônia - a Renovação da Frota de Ônibus do Sistema de Transporte Público do Brasil, o Refrota 17, que terá R$ 3 bilhões do Pró-Transporte.
O programa financiará projetos com recursos do FGTS.
Temer citou ainda o programa do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciado hoje que prevê R$ 5 bilhões para micro e pequenas empresas como mais um estímulo à economia.
O banco lançou um pacote de medidas que facilita o financiamento, no entanto, aumenta os juros, mesmo de contratos já firmados dentro do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), conforme antecipou o Broadcast ontem.