Prévia do PIB tem contração de 5,90% em março e recuo de 1,95% no 1º tri
Prévia do PIB reflete o impacto das medidas de isolamento social para a contenção do coronavírus
Reuters
Publicado em 15 de maio de 2020 às 09h26.
Última atualização em 15 de maio de 2020 às 11h22.
Os impactos das restrições devido às medidas de contenção do coronavírus pesaram com força sobre a economia brasileira e o índice de atividade do Banco Central sofreu em março a maior contração da série histórica, indicando recuo de quase 2% no primeiro trimestre.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado sinalizador do Produto Interno Bruto ( PIB ), teve queda em março de 5,90% na comparação com fevereiro, em dados dessazonalizados informados pelo BC nesta sexta-feira.
Foi o resultado negativo mais intenso na série histórica do IBC-Br iniciada em 2003, ainda que melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 6,95%.
O desempenho apagou o ganho de 0,32% em fevereiro, em dado revisado pelo BC após divulgar alta de 0,35% anteriormente.
Com isso, os três primeiros meses do ano terminaram com perda de 1,95% sobre o trimestre anterior, pior resultado para um trimestre fechado desde o segundo trimestre de 2015 (-2,34%), mostrando que o coronavírus jogou por terra qualquer expectativa positiva que existisse no início do ano.
O IBGE divulgará os dados do PIB do primeiro trimestre em 29 de maio.
Na comparação com março de 2019, o IBC-Br apresentou perda de 1,52% e, no acumulado em 12 meses, teve avanço de 0,75%, segundo números observados.
Embora o fechamento de indústrias e empresas no Brasil, além da determinação que as pessoas fiquem em casa, já tenham afetado a economia em março, os impactos devem ser ainda mais pronunciados em abril.
Em março, o período de confinamento não compreendeu todo o mês e variou em todo o país, sendo intensificado no fim do mês.
"O resultado da atividade real no primeiro trimestre de 2020 foi fraco, mas não representa o cenário para a economia já que o impacto do Covid-19 foi sentido principalmente durante a segunda metade de março", ressaltou Alberto Ramos, diretor de pesquisas econômicas para a América Latina do Goldman Sachs, calculando retração de 1,4% do PIB no primeiro trimestre sobre o período anterior.
"Além disso, a atividade também será negativamente impactada pelo forte aperto das condições financeiras domésticas, rápido enfraquecimento da demanda externa e deterioração do comércio", completou.
A produção industrial do Brasil despencou 9,1% em março na comparação com o mês anterior, indicando ainda mais perdas para o mês seguinte.
Já o setor de serviços do Brasil apresentou em março o maior recuo na série histórica diante do isolamento social, de 6,9% em relação a fevereiro.
Por outro lado, as vendas de supermercados e artigos farmacêuticos limitaram as perdas do varejo brasileiro no mês, que registrou recuo de apenas 2,5%.
A atividade econômica do país chegou a dar sinais positivos no começo do ano, mas todo esse cenário foi desmantelado pelas consequências da pandemia em meio a férias coletivas, paralisações, menor demanda e isolamento social.
Nesta semana, o Ministério da Economia passou a projetar contração do PIB em 2020 de 4,7%, contra alta de 0,02% vista em março. Esse seria o pior resultado da série história que começou em 1900.
Por sua vez, o BC destacou que vê queda forte do PIB na primeira metade deste ano, seguida de uma recuperação gradual a partir do terceiro trimestre.
Na semana passada, o BC reduziu a taxa básica de juros acima do esperado, à mínima histórica de 3% ao ano, e sinalizou um último corte à frente para complementar o estímulo monetário necessário em meio aos impactos da pandemia de coronavírus na economia.
A pesquisa Focus mais recente do Banco Central mostra que o mercado já prevê contração de 4,11% para a economia este ano, indo a um crescimento de 3,20% em 2021.