Presidente do BC destaca votação "estrondosa" do arcabouço fiscal e queda dos juros longos
Roberto Campos Neto elogia o Congresso e ressalta influência positiva da nova regra fiscal nas expectativas inflacionárias
Agência de notícias
Publicado em 25 de maio de 2023 às 17h21.
Última atualização em 25 de maio de 2023 às 17h28.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto , reconheceu em entrevista à Globonews que a votação do arcabouço fiscal na Câmara foi "estrondosa" e destacou que ao longo do "processo" os juros longos já caíram "bastante".
Campos Neto destacou o trabalho do Congresso e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e ressaltou que o placar "estrondoso" ocorreu em um tema muito importante. "Taxa de juros longas já caíram bastante, quase 2% nos últimos meses."
- IPCA no Focus está em linha com as projeções da Fazenda, afirma Haddad
- Haddad se reuniu hoje com Cajado, Pacheco e Lira na Residência Oficial do Senado
- Haddad trabalhou duro no arcabouço e eliminou risco de dívida fora de controle, diz Campos Neto
- Servidores do BC reclamam da falta de isonomia em relação a auditores e aprovam paralisação de 2h
- Arcabouço fiscal: governo lutará para superar 308 votos na Câmara e 49 no Senado, diz Haddad
- Apesar da harmonia, reunião de Lira, Pacheco, Haddad e Campos Neto tem recados ao governo
Taxa Selic
Questionado sobre se, então, a queda da taxa Selic era uma questão de quando, o presidente do BC desconversou e repetiu que é apenas um voto de nove no colegiado. Campos Neto reforçou que o BC toma decisões observando a inflação corrente, a capacidade da economia crescer sem inflação e as expectativas inflacionárias.
"Arcabouço eliminou riscos de cauda e mercado já reconhece, com queda de taxas longas"
Arcabouço e política monetária
O presidente do Banco Central reiterou que não existe relação mecânica entre a apresentação do arcabouço e a política monetária, mas afirmou que a nova regra fiscal tem poder de influenciar a expectativa de inflação futura e, por isso, eliminou o medo dela sair de controle.
"O arcabouço deixa claro que esse medo não existe mais, eliminou os riscos de cauda e o mercado já está reconhecendo isso, as taxas de juro longas estão caindo", disse. "Qualquer tipo de reforma ajuda."
Na sequência, Campos Neto declarou que o Congresso — em sua análise, supermobilizado e reformista — está passando a mensagem correta no sentido de ajudar o trabalho do Banco Central (BC).
O presidente do BC, porém, reiterou que a autarquia tem um timing e precisa esperar para ver como o arcabouço vai se transformar em melhora de expectativa.
"Entendemos que a meta de inflação será resolvida em breve"
Campos Neto, afirmou que acredita que o tema dameta de inflaçãoserá endereçado em breve.
Em entrevista à GloboNews, questionado sobre quando os juros irão cair, Campos Neto afirmou que não tem como adiantar porque essa é uma decisão de colegiado. "Sou um voto de nove", disse em referência ao Comitê de Política Monetária (Copom).
O presidente do BC reiterou que a autarquia acompanha três vetores para a decisão: inflação no curto prazo, a capacidade do País crescer sem gerar inflação e a expectativa de inflação.
Dentro do tema das expectativas, Campos Neto reiterou que a possibilidade de alteração na meta de inflação ainda precisa ser resolvida, mas que entende que o tema será endereçado em breve.
O presidente do BC citou uma conversa que teve com o ex-presidente do Banco Central da Argentina Federico Sturzenegger sobre a mudança de meta que ocorreu no país. De acordo com Campos Neto, o objetivo da mudança era gerar flexibilidade, mas "saiu tudo do controle".
Campos Neto defendeu que o caso é uma "lição" para nós. O presidente do BC afirmou em seguida que mudanças, como a da meta ou a realidade no arcabouço fiscal, precisam ser feitas visando principalmente gerar eficiência.
"O período é de incerteza. O ideal seria não fazer nenhuma modificação em meta", afirmou. O presidente do BC também disse que a autarquia fez algum tempo sobre a possibilidade de meta contínua, que mostrava a alguma ineficiência no sistema de ano-calendário.
IPCA-15
O presidente do Banco Central afirmou há pouco que o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) veio de fato melhor, com uma grande surpresa em vestuário e núcleos um pouco melhores.
O IPCA-15 desacelerou de 0,57% em abril para 0,51% em maio. O resultado veio aquém do esperado pelo mercado, que previa alta de 0,65%, de acordo com a mediana do Projeções Broadcast.
"A inflação tem melhorado em um ritmo lento", ponderou Campos Neto. O presidente da autarquia afirmou, porém, que apesar da desinflação mais lenta há sinais positivos à frente.
Campos Neto citou a parte hídrica, com melhora no cenário de energia, e os alimentos, com queda das commodities no atacado, que em breve deve chegar ao varejo, além do crescimento global em desaceleração.