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Preços dos alimentos voltam a subir, segundo o Banco Mundial

Os preços dos alimentos no mundo voltaram a subir pela primeira vez em quase dois anos, afirma o Banco Mundial

Frangos em supermercado: entre janeiro e abril preços internacionais aumentaram 4% (Mychele Daniau/AFP)
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Da Redação

Publicado em 29 de maio de 2014 às 13h28.

Washington - Os preços dos alimentos no mundo voltaram a subir pela primeira vez em quase dois anos como consequência, entre outros fatores, da disparada dos preços na Ucrânia, indicou nesta quinta-feira o Banco Mundial (BM).

Entre janeiro e abril os preços internacionais aumentaram 4%, compensando sua queda de 3% registrada nos três meses precedentes, escreve o BM em seu relatório trimestral.

A alta dos preços do trigo (+18%), do açúcar (+13%) e do milho (+12%) foi particularmente sensível.

Este aumento põe fim à queda sustentada observada desde o pico de agosto de 2012, segundo este documento, que afirma, no entanto, que o nível dos preços dos alimentos em abril continuava sendo 2% inferior ao registrado um ano antes.

"O aumento da incerteza climática e da demanda de importações e, em menor medida, a incerteza sobre a evolução dos acontecimentos na Ucrânia, explicam em grande parte o aumento dos preços", afirma o BM.

Em meio a uma profunda crise política e econômica, a Ucrânia, terceira exportadora mundial de milho e sexta de trigo, registra os aumentos mais espetaculares.

Entre janeiro e abril, o preço do milho subiu 73% na Ucrânia, e o do trigo 37%.

O Banco Mundial também manifestou preocupação pela seca que afeta as regiões produtoras de alimentos nos Estados Unidos.

No entanto, o aumento foi mitigado pela forte queda dos preços do trigo na Argentina (-38%), do milho em Moçambique (-41%) e do sorgo na Etiópia (-43%) durante este trimestre.

No mesmo período, os preços internacionais do arroz caíram 12%, observa o BM.

"Nos próximos meses devemos vigiar de perto estes preços para garantir que novas altas não exerçam mais pressões sobre os mais desfavorecidos", indica Ana Ravenga, que exerce uma das vice-presidências do BM.

São Paulo – Na vida, há duas maneiras de ficar mais pobre: ter uma redução nominal de renda ou ver os preços subirem mais que a própria remuneração. No Brasil, a renda real tem crescido nos últimos anos porque o desemprego anda muito baixo e a maioria das categorias profissionais consegue garantir todos os anos reajustes acima da inflação. O número utilizado como parâmetro para a inflação - seja o IPCA, o IGP-M ou o INPC - é sempre uma média de variações de centenas ou milhares de preços. O problema é que alguns produtos e serviços têm aumentado muito acima da média – e são exatamente esses que nos fazem sentir mais pobres. Segundo cálculos da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a variação da inflação na cidade de São Paulo, atingiu 23,97% nos últimos quatro anos. Isso corresponde a uma inflação pouco superior a 5,5% ao ano – algo que não chega a chocar ninguém. “A inflação em si está sob controle, mas existem alguns reajustes específicos que assustam”, afirma Rafael Costa Lima, coordenador do IPC, da Fipe. Entre os preços que mais subiram estão os estacionamentos. A alta média nos últimos quatro anos foi de 57,42%. As tarifas dos estacionamentos estão sendo pressionadas pela falta de espaço na cidade. Os poucos terrenos disponíveis em áreas centrais foram disputados a tapa pelas empresas do setor imobiliário nos últimos anos. “O estacionamento compete com outros negócios que poderiam ser erguidos em um bom terreno”, diz Lima, da Fipe. Daí a forte alta dos preços.
  • 2. IPTU disparou na cidade de São Paulo

    2 /10(Divulgação/Prefeitura de São Paulo)

  • Veja também

    A gestão de Gilberto Kassab na Prefeitura de São Paulo foi marcada por um aumento espantoso na arrecadação tributária. Em 2008, a cidade arrecadou cerca de 21 bilhões de reais. Já o orçamento deste ano prevê gastos de até 38,7 bilhões de reais. Um dos principais responsáveis por forrar o cofre da prefeitura foi o IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), pago por boa parte dos donos de imóveis na cidade. Segundo a Fipe, o IPTU subiu 56,10% nos últimos quatro anos.
  • 3. Lavagem de carro avançou 67%

    3 /10(Divulgação)

  • O serviço que mais encareceu nos últimos quatro anos foi o de lavagem de veículos. A alta, de 67,38%, não pode ser explicada pelo reajuste da tarifa da água na cidade de São Paulo. Segundo Rafael Costa Lima, da Fipe, os preços dos serviços estão sendo pressionados principalmente pelos custos maiores da mão de obra. O desemprego caiu para patamares historicamente muito baixos no Brasil. Como a economia está crescendo e as pessoas estão estudando mais e se tornando mais qualificadas, os custos da mão de obra acabaram subindo muito – um fenômeno que também já foi visto em outros países em períodos de desenvolvimento econômico e forte crescimento. “Quando a mão de obra fica cara, a indústria e a agricultura têm a opção de investir em máquinas e equipamentos que substituam funcionários. Já os serviços não podem abrir mão da mão de obra e são obrigados a repassar a alta dos salários para os preços”, diz Lima.
  • 4. Preços de parques de diversões não são brincadeira

    4 /10(Divulgação)

    Outro serviço cujos custos dispararam nos últimos quatros anos foi o de parques de diversão. A alta do valor dos ingressos chegou a 59,95%, segundo a Fipe. Os parques utilizam muitos funcionários e também ocupam grandes terrenos na cidade. Como o aluguel dos imóveis também está pressionado, os preços dos ingressos tiveram de repor os aumentos dos custos.
  • 5. Refeição em restaurante está mais salgada

    5 /10(VEJA São Paulo)

    Quem tem o hábito de comer fora de casa também está com os gastos pressionados. As refeições em restaurantes subiram 53,68% nos últimos quatro anos. Apenas a alta do preço dos alimentos, de 28,79%, não explica um avanço de tamanha magnitude – ainda que haja casos como o do açúcar, que subiu 104,68% no período. Mas se a comida subiu em média muito menos, o que explica a inflação das refeições fora de casa? De novo é a alta dos aluguéis e da mão de obra que justificam o avanço dos preços.
  • 6. Cabeleireiro subiu muito

    6 /10(//Getty Images)

    Os preços dos serviços de estética e beleza dispararam na cidade de São Paulo nos últimos quatro anos. O maior aumento foi o de cabeleireiro masculino: 54,62%. Mas as mulheres não têm muito que comemorar. O cabeleireiro feminino/manicure ficou 44,51% mais caro.
  • 7. Despesas com médico não fazem bem à saúde

    7 /10(Getty Images)

    Os serviços médicos também se destacaram entre as maiores altas de preços. O avanço chegou a 52,05% nos últimos quatros anos, segundo a Fipe. Os preços refletem o encarecimento generalizado da mão de obra, que tem sido acelerado tanto para profissionais com baixo quanto alto nível de qualificação.
  • 8. Cerveja e cigarro são ruins para a saúde e para o bolso

    8 /10(Kristian Rasmussen / Stock Xchng)

    Um dos poucos setores da indústria que registrou valorização muito acima da média é o de bebidas alcóolicas e fumo. O preço da cerveja aumentou 48,74% nos últimos quatro anos enquanto os cigarros estão 48,66% mais caros. Nesse caso, no entanto, o aumento está relacionado principalmente a políticas governamentais. O Ministério da Fazenda tem constantemente elevado os impostos sobre bebidas e cigarros – até por uma questão de saúde pública.
  • 9. Torcedor paga mais em jogos de futebol

    9 /10(Divulgação)

    A pesquisa da Fipe inclui os preços dos ingressos para assistir jogos nas arquibancadas dos estádios paulistanos. Nos últimos quatro anos, as entradas tiveram um reajuste médio de 44,10%. É verdade que o nível do futebol brasileiro melhorou nos últimos anos, com a iniciativa dos clubes de aproveitar o câmbio favorável para repatriar grandes craques. Mas o torcedor está pagando mais para ver seus ídolos – e a alta foi muito acima da média da inflação.
  • 10. Carnes bovinas

    10 /10(Emmanuel Dunand/AFP)

    Não é apenas a alta da cerveja e das partidas de futebol que tornou o lazer do paulistano mais caro. O churrasco é outra paixão nacional cujo custo disparou nos últimos quatro anos. Segundo a Fipe, as carnes bovinas tiveram um aumento médio de 42,15%. Alguns cortes, como a costela, subriam 51,40%.
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