Arte de rua contra a austeridade em Lisboa: se a troica analisar positivamente as reformas no país, Portugal receberá uma nova parcela de ajuda de 2 bilhões de euros (Patricia de Melo Moreira/AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2013 às 11h55.
Lisboa - A troica de credores (FMI-BCE-UE) retornou nesta segunda-feira a Portugal para analisar novamente sua abatida economia, esgotada pela austeridade e por uma população cada vez mais farta de um governo que não consegue cumprir com seus objetivos.
A sétima avaliação trimestral da execução do programa de austeridade e de reformas negociado com Lisboa em 2011, em troca de um empréstimo de 78 bilhões de euros, se prolongará nas próximas semanas, segundo o governo.
Se a inspeção terminar com uma análise satisfatória, como todas as que a precederam, os especialistas da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional recomendarão a entrega de uma nova parcela de ajuda de 2 bilhões de euros.
Mas esta missão não será, neste caso, meramente rotineira, já que o governo de centro-direita já disse que espera que os credores lhe deem mais prazo para cumprir com seus objetivos fiscais, que já foram revisados em setembro.
O ministro das Finanças, Vitor Gaspar, afirmou na semana passada, para surpresa de todos, que é razoável esperar que a Comissão Europeia proponha uma "ampliação de mais um ano do prazo para corrigir seu déficit orçamentário excessivo".
O objetivo de reduzir o déficit público a 4,5% do PIB neste ano e a 2,5% em 2014 é difícil de conseguir devido à recessão, mais profunda que o previsto, explicou Gaspar, depois de reconhecer que a economia voltará a se contrair em torno de 2% do PIB neste ano, o dobro do previsto anteriormente.
Com uma queda da atividade econômica de 1,6% em 2011 e de 3,2% em 2012, Portugal vive a pior recessão desde 1975 e o desemprego alcança um novo recorde histórico, afetando quase 17% da população economicamente ativa e 40% dos jovens com menos de 25 anos.
Vitor Gaspar afirmou que a visita dos credores abre uma nova fase no programa de recuperação financeiro que dará "prioridade à recuperação dos investimentos".
Bruxelas confirmou a "má surpresa", referente à saúde debilitada da economia portuguesa, e prevê para este ano um déficit de 4,9% e uma dívida de 123,9% do PIB.
No entanto, o Comissário Europeu para Assuntos Econômicos, Olli Rehn, considera que é prematuro falar de suavizar os objetivos fiscais antes do fim da missão.
Lisboa, sem dúvida, destacará o sucesso obtido em janeiro com sua primeira emissão de dívida no médio prazo desde que pediu ajuda, um passo chave para que o país recupere a confiança dos mercados financeiros e sua autonomia.
O governo e a troica também falarão de um assunto espinhoso para a coalizão dirigida pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que após o aumento generalizado dos impostos neste ano se comprometeu a apresentar um novo plano para reduzir os gastos públicos em 4 bilhões de euros.