Economia

Popularidade de FHC e campanha na TV definirão eleições, diz CSFB

O desfecho da sucessão presidencial no Brasil está diretamente ligado à popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso e ao tempo dos candidatos no horário eleitoral gratuito de rádio e TV. Essa é a conclusão do estudo feito pelo banco Credit Suisse First Boston (CSFB) em seu relatório, em inglês, sobre os mercados emergentes da América […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h11.

O desfecho da sucessão presidencial no Brasil está diretamente ligado à popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso e ao tempo dos candidatos no horário eleitoral gratuito de rádio e TV. Essa é a conclusão do estudo feito pelo banco Credit Suisse First Boston (CSFB) em seu relatório, em inglês, sobre os mercados emergentes da América Latina para o terceiro trimestre. "À medida que a popularidade do governo aumenta, cresce também o total de votos para o candidato de situação, enquanto a quantidade de votos para a oposição cai."

O banco fez uma análise das três últimas corridas eleitorais e descobriu que a preferência eleitoral fica mais clara apenas nos dois últimos meses que antecedem a eleição. O horário eleitoral gratuito está previsto para começar no próximo dia 20 de agosto _e é quando os eleitores poderão ver quem realmente são os candidatos e quem os apóia. "As alianças entre os partidos ainda estão sendo finalizadas. Por último, nenhum candidato lançou ainda um programa de governo e pelo menos 80% dos eleitores não identificam o candidato a vice da chama de Serra", afirma o banco.

Os cruzamentos popularidade do governo-exposição na mídia devem permanecer, segundo o CSFB, até as eleições, "favorecendo o candidato de situação". "Em termos gerais, achamos que a popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso deve crescer do segundo para o terceiro trimestre, enquanto o governista José Serra (PSDB) terá o dobro do tempo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na TV.

As pesquisas de intenção de voto mostram que quem avalia negativamente o governo FHC tende a declarar voto em Lula. A queda de popularidade de FHC, de 40,5% em janeiro para 36% em abril, colaborou, na visão do CSFB, para a queda de Serra nas pesquisas. "A queda de FHC permitiu que Serra caísse de 3 a 4 pontos percentuais nas pesquisas. Enquanto isso, Lula cresceu 10 pontos", afirma o banco em relatório.

Em maio, a pesquisa do CNT-Sensus apontou para uma retomada da aprovação de FHC (41,8%). E isso já refletiu na candidatura do governista, que registrou aumento de 3 a 4 pontos percentuais no final de maio. "O explícito apoio de FHC à Serra, durante a convenção do partido no último dia 14, e que foi exaustivamente exibido na TV, deve ajudar a candidatura do tucano", afirma o banco.

Durante 33 dias, entre 8 de abril e 11 de maio, Lula apareceu em vários programas de TV e rádio durante 10 dias, o que lhe rendeu 80 minutos de exposição. No mesmo período, segundo o CSFB, Serra apareceu na TV apenas uma vez e usou apenas metade, ou menos (dependendo do estado), do horário do PSDB na cadeia de rádio e televisão.

De 21 de maio a 4 de junho, o levantamento constatou um aumento do tempo de exposição de José Serra na TV (cerca de 25 minutos), ao mesmo tempo em que a popularidade de FHC mostrou sinais de recuperação. Virá, logo mais, um período de análise muito importante. De 1 de julho e 19 de agosto, os candidatos não poderão aparecer na TV, em propaganda gratuita. Retomarão a propaganda eleitoral gratuita em 20 de agosto, com dois programas diários de 25 minutos cada. Contabilizando os oito candidatos registrados para a disputa eleitoral, a aliança PSDB-PMDB, de Serra, fica com 39% de toda a propaganda eleitoral gratuita. Em segundo, fica Lula (coligação PT-PL-PC do B), com 19%, Ciro Gomes (PPS-PTB-PDT), com 15%, Anthony Garotinho (PSB-PSC-PST), enquanto todos os demais somados ficam com 18% (PSD, PMN, Prona, PSL e PV), segundo informações do TSB (Tribunal Superior Eleitoral) para o CSFB.

O banco faz um extenso comentário, dividido em três pontos, sobre a oficialização da coligação PSDB-PMDB, aprovada na convenção oficial peemedebista e quando foi formalizada a candidatura de Rita Camata como vice do tucano.

  • PSDB e PMDB são os dois maiores partidos com um perfil ideológico de centro _que está de acordo com o perfil da maioria do eleitorado médio brasileiro.
  • Os dois partidos têm a maior estrutura nacional, o que permite maior penetração do candidato em diversos estados. "No primeiro turno, Serra deve se beneficiar do apoio de mais de 60% do PFL (o segundo maior do país).
  • A deputada peemedebista Rita Camata, vice de Serra, tem capacidade de atrair votos para a sua coligação. "Ela é carismática e uma mulher fotogênica", afirma o CSFB em seu relatório especial, que ressalta a participação dela em vários projetos importantes do Congresso, como a licença-maternidade de 120 dias, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o voto facultativo para os jovens de 16 e 17 anos. "Na nossa opinião, o efeito Camata aparecerá gradualmente na candidatura de Serra", diz o CSFB, que destaca ainda as obras do tucano como ministro da Saúde como um fator positivo para conquistar mais votos.

    O banco aponta também vários fatores econômicos que devem acontecer até o final do ano. Para o CSFB, a percepção do mercado sobre o Brasil deve estar muito afetada no curto prazo pelo andamento da campanha eleitoral. "Nós acreditamos que Lula vai liderar o primeiro turno das eleições, mas vemos Serra como o vencedor das eleições do país", diz o banco.

    O dólar é estimado pelo banco em R$ 2,50 em dezembro, contanto com a vitória do candidato tucano _o que pode levar o déficit em conta corrente de US$ 23,2 bilhões em 2001 para US$ 21,5 bilhões no final deste ano.

    Leia ao lado o relatório completo, em inglês, do CSFB, que comenta ainda a situação econômica-política dos seguintes países: Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, Panamá, Peru, Uruguai e Venezuela.

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