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População mundial confia pouco em instituições, diz Fórum Mundial

A confiança em muitas instituições importantes foi reduzida a proporções críticas no último ano, segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira pelo Fórum Mundial (World Economic Forum, WEF). A pesquisa "Voice of the People", feita pelo Gallup International e pela Environics International com 36.000 pessoas, revela que a "confiabilidade" será um dos grandes assuntos de 2003. Os […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h50.

A confiança em muitas instituições importantes foi reduzida a proporções críticas no último ano, segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira pelo Fórum Mundial (World Economic Forum, WEF). A pesquisa "Voice of the People", feita pelo Gallup International e pela Environics International com 36.000 pessoas, revela que a "confiabilidade" será um dos grandes assuntos de 2003. Os resultados mostraram uma surpreendente falta de confiança nas instituições democráticas, e nas empresas nacionais grandes e multinacionais; mesmo os que obtiveram índices de confiabilidade mais altos, como ONGs, os sindicatos e as organizações de mídia ainda assim enfrentam a desconfiança dos pesquisados.

O World Economic Forum já havia escolhido a "confiança" como tema do próximo Encontro Anual em Davos, na Suíça (de 23 a 28 Janeiro de 2003). "Esta pesquisa comprova a relevância deste assunto e nos mostra que estamos na direção certa para o Encontro Anual", disse Klaus Schwab, Fundador e Presidente do World Economic Forum. "Em 30 anos de existência do Forum, nós provavelmente não lidamos com um assunto tão crítico sobre o relacionamento das instituições com a sociedade em geral", diz ele.

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Neste levantamento, o Gallup questionou os entrevistados sobre as seguintes instituições: Forças Armadas, ONGs, rede de ensino, Nações Unidas, instituições religiosas, polícia, sistema de saúde, organizações de comercio mundial, governo, mídia, uniões de comércio, judiciário, Fundo Monetário Internacional, empresas multinacionais, grandes empresas nacionais e Parlamento/Congresso.

A pesquisa foi conduzida entre julho e setembro de 2002, inclui entrevistas pessoais e por telefone com 36 mil pessoas em 47 países nos seis continentes. Com essa amostra, os resultados estaticamente representam as visões de 1,4 bilhão de cidadãos. Foi pedido aos entrevistados que avaliassem o seu nível de confiança em 17 instituições diferentes "para trabalharem em prol dos interesses da sociedade". As pessoas em todo o mundo mostraram baixos níveis de confiança em corpos legislativos e nacionais e em grandes empresas. Leia a seguir alguns destaques.

Descobertas da pesquisa

  • A descoberta mais preocupante é que as principais instituições democráticas em cada país (Parlamento, Congresso etc.) são as de menor confiabilidade entre as 17 testadas. Isto é verdade especialmente no Oriente Médio (Turquia e Israel), América Latina, (Argentina, Bolívia e Panamá), em alguns estados da Europa Central e Oriental (principalmente Geórgia), e em alguns países da Ásia/Pacífico (principalmente Japão e Coréia de Sul). Legislaturas eleitas têm maior confiabilidade na América do Norte, em alguns países Europeus (Dinamarca, Noruega, Suécia e Suíça), e em outros países da Ásia/Pacífico (principalmente Malásia, e também Hong Kong, Índia e Indonésia).
  • Talvez não seja surpresa no mundo pós-Enron, que as grandes empresas domésticas e as multinacionais não sejam confiáveis para trabalhar em prol da sociedade. Grandes empresas são pouco confiáveis especialmente na Europa Oriental e na Central (principalmente na Polônia e na Rússia), e ainda muito confiáveis no Estados Unidos e na maior parte dos países europeus apesar de quedas significativas na confiabilidade após o episódio Enron. Um detalhe interessante é que as empresas multinacionais têm agora um pouco mais de confiabilidade do que as grandes empresas domésticas nos Estados Unidos, e são vistas tais como as empresas domesticas no Japão e na Coréia do Sul.
  • Por todo o mundo, as pessoas mostraram os níveis mais baixos de confiabilidade nos corpos legislativos nacionais e em grandes empresas. O maior nível de confiabilidade no mundo inteiro foi dado às Forças Armadas, às Organizações Não-Governamentais e às Nações Unidas.
  • No mundo inteiro, a principal instituição democrática de cada país (Parlamento, congresso etc.) é a instituição menos confiável das 17 testadas, incluindo multinacionais.
  • 2/3 dos entrevistados não concordam que o seu país é "governando pelo desejo da população."
  • Os cidadãos têm o mesmo grau de confiabilidade na mídia e nos sindicatos, quanto em seu (na maioria das vezes eleito) governo nacional.
  • Talvez em virtude do papel exercido na segurança / anti-terrorismo pelas Forças Armadas, estas são as instituições mais confiáveis, segundo os entrevistados.

  • Organizações não-governamentais (ONGs), incluindo grupos ambientais, sociais e de defesa, receberam o segundo maior grau de confiabilidade da pesquisa.
  • Os cidadãos também expressaram níveis relativamente altos de confiabilidade nas Nações Unidas, até mesmo nos Estados Unidos, colocando a instituição no mesmo alto nível de grupos religiosos e igrejas.
  • Empresas multinacionais e grandes empresas domésticas têm o mesmo nível de falta de confiança para trabalhar em prol da sociedade, ficando em pé de igualdade com corpos legislativos nacionais no final da classificação de confiabilidade.
  • A Organização Mundial de Comércio (OMC), o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), têm quase tantas pessoas que não lhes dão a sua confiança, quanto pessoas que neles confiam para trabalharem em prol dos interesses da sociedade. Dessas três instituições, a OMC é a que recebe um pouco mais de confiança.
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