Política do BNDES eleva custo para financiar energia limpa
O BNDES continuará financiando projetos de energias renováveis e agora está procurando dividir uma fatia maior do risco com outros bancos
Da Redação
Publicado em 8 de setembro de 2016 às 17h40.
O BNDES , maior financiador de energias renováveis do mundo, está revendo sua estratégia para o setor e deverá transferir mais empréstimos aos bancos privados em um movimento que provavelmente encarecerá o custo dos financiamentos.
O BNDES continuará financiando projetos de energias renováveis e agora está procurando dividir uma fatia maior do risco com outros bancos, segundo Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, a Abeeólica. O plano deverá ser incluído na nova política operacional do banco, que será divulgada em 13 de setembro.
O BNDES sinalizou sua intenção pela primeira vez em uma conferência realizada na semana passada no Rio de Janeiro. Os detalhes são escassos, mas o plano pode envolver a criação de fundos com bancos locais para desenvolver o mercado de debêntures e ajudar a financiar projetos, disse Gannoun.
A estratégia deve elevar os custos de financiamento e a transição repentina pode limitar o desenvolvimento do mercado, disse ela.
“Se o BNDES fizer essas mudanças da noite para o dia deixará o mercado sem saída, porque neste momento não há liquidez”, disse Gannoum em entrevista por telefone, de São Paulo. “As mudanças precisam ser feitas de modo gradual. A transição precisa ser suave”.
Maior financiador
O crescimento do setor de energia eólica ajudou o BNDES a se tornar o maior credor do segmento de energias renováveis do mundo, financiando 70 por cento dos investimentos para a construção dos projetos do país, segundo a Bloomberg New Energy Finance.
O banco emprestou R$ 2,18 bilhões (US$ 679 milhões) para projetos eólicos nos seis primeiros meses do ano, 30 por cento a mais do que no mesmo período do ano passado.
O BNDES desembolsou quase US$ 25,9 bilhões para projetos de energias limpas até o momento, mais do que qualquer outro grupo ou organização, segundo a New Energy Finance.
O Brasil possui 10 gigawatts de capacidade eólica instalada, maior capacidade da América Latina, mas pouco em relação aos EUA, que possui 73 gigawatts, ou à China, líder mundial com 139 gigawatts.
“As novas condições de financiamento serão aderentes ao novo modelo que está sendo planejado para o setor”, disse Lígia Chagas, chefe do Departamento de Energias Alternativas do BNDES, em evento no Rio de Janeiro, na semana passada.
“Queremos que os bancos sejam mais ativos, que participem do financiamento de longo prazo com o BNDES para projetos de energia”. Um porta-voz do BNDES preferiu não fornecer detalhes adicionais.
Transição presidencial
O BNDES busca reduzir a dependência do setor em relação ao seu financiamento barato em meio a uma crise fiscal histórica que eliminou a liquidez dos bancos comerciais. O país está em transição para um novo governo após o impeachment de Dilma Rousseff, na semana passada.
Realizar esse tipo de mudança em um momento em que o crédito está se tornando mais apertado será difícil, segundo Edson Ogawa, chefe da área de project finance do Banco Santander.
“O grande ponto de interrogação é como o mercado de capitais pode absorver toda a demanda por financiamento em meio a um cenário de crise econômica”, disse Ogawa.
“Quando financiam um projeto com um contrato de 20 anos, os bancos geralmente não querem permanecer todo esse tempo com o ativo. Os bancos, em vez disso, precisam girar a carteira -- é uma questão de alocação de capital”.
O BNDES , maior financiador de energias renováveis do mundo, está revendo sua estratégia para o setor e deverá transferir mais empréstimos aos bancos privados em um movimento que provavelmente encarecerá o custo dos financiamentos.
O BNDES continuará financiando projetos de energias renováveis e agora está procurando dividir uma fatia maior do risco com outros bancos, segundo Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, a Abeeólica. O plano deverá ser incluído na nova política operacional do banco, que será divulgada em 13 de setembro.
O BNDES sinalizou sua intenção pela primeira vez em uma conferência realizada na semana passada no Rio de Janeiro. Os detalhes são escassos, mas o plano pode envolver a criação de fundos com bancos locais para desenvolver o mercado de debêntures e ajudar a financiar projetos, disse Gannoun.
A estratégia deve elevar os custos de financiamento e a transição repentina pode limitar o desenvolvimento do mercado, disse ela.
“Se o BNDES fizer essas mudanças da noite para o dia deixará o mercado sem saída, porque neste momento não há liquidez”, disse Gannoum em entrevista por telefone, de São Paulo. “As mudanças precisam ser feitas de modo gradual. A transição precisa ser suave”.
Maior financiador
O crescimento do setor de energia eólica ajudou o BNDES a se tornar o maior credor do segmento de energias renováveis do mundo, financiando 70 por cento dos investimentos para a construção dos projetos do país, segundo a Bloomberg New Energy Finance.
O banco emprestou R$ 2,18 bilhões (US$ 679 milhões) para projetos eólicos nos seis primeiros meses do ano, 30 por cento a mais do que no mesmo período do ano passado.
O BNDES desembolsou quase US$ 25,9 bilhões para projetos de energias limpas até o momento, mais do que qualquer outro grupo ou organização, segundo a New Energy Finance.
O Brasil possui 10 gigawatts de capacidade eólica instalada, maior capacidade da América Latina, mas pouco em relação aos EUA, que possui 73 gigawatts, ou à China, líder mundial com 139 gigawatts.
“As novas condições de financiamento serão aderentes ao novo modelo que está sendo planejado para o setor”, disse Lígia Chagas, chefe do Departamento de Energias Alternativas do BNDES, em evento no Rio de Janeiro, na semana passada.
“Queremos que os bancos sejam mais ativos, que participem do financiamento de longo prazo com o BNDES para projetos de energia”. Um porta-voz do BNDES preferiu não fornecer detalhes adicionais.
Transição presidencial
O BNDES busca reduzir a dependência do setor em relação ao seu financiamento barato em meio a uma crise fiscal histórica que eliminou a liquidez dos bancos comerciais. O país está em transição para um novo governo após o impeachment de Dilma Rousseff, na semana passada.
Realizar esse tipo de mudança em um momento em que o crédito está se tornando mais apertado será difícil, segundo Edson Ogawa, chefe da área de project finance do Banco Santander.
“O grande ponto de interrogação é como o mercado de capitais pode absorver toda a demanda por financiamento em meio a um cenário de crise econômica”, disse Ogawa.
“Quando financiam um projeto com um contrato de 20 anos, os bancos geralmente não querem permanecer todo esse tempo com o ativo. Os bancos, em vez disso, precisam girar a carteira -- é uma questão de alocação de capital”.