Alemanha escapa por pouco da recessão
A maior economia da Europa luta com um enfraquecimento da economia global que enfraquece sua forte base exportadora
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2019 às 07h15.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2019 às 09h56.
A Alemanha fugiu por pouco da recessão. Depois de ver seu PIB caindo 0,2% no terceiro trimestre do ano passado, nesta quinta-feira (14), o país divulgou que sua economia ficou estagnada no quarto trimestre (0,0%). Analistas consultados pelo Wall Street Journal previam avanço de 0,1% ante os três meses anteriores.
Na comparação anual, o PIB alemão teve expansão de 0,6% no quarto trimestre. Neste caso, a projeção do mercado era de alta de 0,8%.
De acordo com a Destatis,a agência de estatísticas do país responsável pela divulgação dos dados preliminares desta quinta,o PIB do quarto trimestre foi sustentado por investimentos e consumo, mas o comércio líquido não contribuiu para o resultado no período.
Em todo o ano de 2018, o PIB alemão cresceu 1,4%, ou 1,5% considerando-se ajustes de calendário - taxa mais fraca em cinco anos e muito abaixo dos 2,2% de 2017. O crescimento deve diminuir mais, a 1% em 2019, segundo expectativa de analistas.
Dados preliminares divulgados em janeiro pela Agência Federal de Estatísticas mostraram que o país cresceria 1,5% no período. Segundo a agência, o PIB avançaria pouco ou nada no último trimestre, apenas o suficiente para que o país não tenha entrado oficialmente em recessão, com dois trimestres consecutivos de retração.
Sobram motivos para explicar a desaceleração. A maior economia da Europa luta com um enfraquecimento da economia global que enfraquece sua forte base exportadora, além de disputas comerciais provocadas pelas políticas de Donald Trump, e o risco de o Reino Unido deixar a União Europeia sem acordo em março. Mas uma série de eventos esporádicos também prejudica os números, como novos testes de emissão que derrubaram a venda de carros e redução no nível dos rios que afetou os embarques em navios. O frio acima da média também afetou as vendas no comércio, puxando para baixo o consumo interno, que tende a salvar o país do atoleiro quando as coisas vão mão no mercado externo.
A previsão é de mais uma ano difícil para a economia alemã em 2019. Evitar a recessão já será uma vitória para o governo de Angela Merkel, em reta final de seu governo iniciado há 13 anos. Merkel anunciou que não tentará nova eleição em 2021. Até lá, o bom momento econômico de pequenas zonas industriais pelo país deve evitar uma onda de protestos como a dos coletes amarelos, na França — embora pequenas manifestações tenham ocorrido em Berlim, ontem. Mas os dados de hoje devem ser decisivos para a definição do ambiente político alemão nos próximos anos.