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Petroleiros iniciam vigília e cobram pagamento da PLR

Trabalhadores da Petrobras iniciaram vigília na sede da empresa, e prometem repetir o ato até que a participação nos lucros e resultados de 2014 seja paga

Sede da Petrobras: petroleiros discordam da postergação do pagamento da PLR (Sergio Moraes/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2015 às 15h26.

Rio de Janeiro -Os trabalhadores da Petrobras iniciaram hoje (12) vigília na sede da empresa, no centro do Rio de Janeiro , e prometem repetir o ato diariamente, até que seja paga a participação nos lucros e resultados (PLR), referente a 2014, a que a categoria tem direito, em cumprimento à Lei 10.101/2000.

Segundo informou à Agência Brasil o diretor-geral do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Emanuel Cancella, o valor relativo à PLR do ano passado deveria ser paga no primeiro mês do ano, como ocorre normalmente, “porque o trabalhador petroleiro já tem sua vida financeira e doméstica toda organizada, porque sabe que em torno do dia 10 de janeiro, recebe a PLR”.

Este ano, Cancella disse que a categoria foi surpreendida pela manifestação da estatal de que não iria pagar na data ajustada, por causa do atraso do balanço do terceiro trimestre (de 2014).

A divulgação do balanço foi adiada duas vezes pela empresa, devido a fatos vinculados à Operação Lava Jato , da Polícia Federal, que investiga esquema de corrupção na estatal.

A divulgação deve ocorrer até o próximo dia 31, conforme anunciou a companhia no final de dezembro, mesmo sem auditoria da PricewaterhouseCoopers (PwC).

Os petroleiros discordam da postergação do pagamento da PLR e alegam que durante toda a investigação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), instalada para apurar irregularidades envolvendo a empresa, de 2005 e 2014, todos os indicadores da empresa melhoraram.

“A Petrobras aumentou a capacidade de refino, fez novas descobertas e, na semana passada, alçou o primeiro posto de empresa produtora de petróleo no mundo, passando a Exxon Mobil, e é a quarta do mundo em produção de petróleo e gás. Então, isso é fruto do trabalho de uma categoria”, segundo Cancella.

Por isso, o diretor do Sindipetro-RJ exige o pagamento da PLR. Os petroleiros reivindicam também o pagamento de aposentados e pensionistas, já definido pela estatal, mas a empresa não diz, no entanto, quando vai pagar. “Nós estamos exigindo que seja pago logo, nós queremos uma política eficaz de combate à corrupção”, acrescentou.

Os petroleiros querem ainda o fim dos leilões para exploração de petróleo e gás no país. Emanuel Cancella disse que a direção da Petrobras, tentando conter a insatisfação dos empregados, já comunicou a decisão de antecipar o pagamento da parcela do 13º salário. “Isso alivia um pouco, mas não resolve o problema. Nós vamos continuar em vigília até que ela [presidenta da Petrobras, Graça Foster] cumpra os compromissos que assumiu com a categoria. Nós vamos ficar mobilizando a base”, destacou.

O diretor do Sindipetro-RJ e secretário de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores do Rio de Janeiro (CUT), Edison Munhoz, reclamou que qualquer trabalhador, “e não só o da Petrobras, acaba pagando a conta de qualquer desvio, de qualquer coisa fora da ética. E mais uma vez eles [dirigentes da Petrobras] tentam empurrar isso para cima do petroleiro”.

Ele disse que não há desculpa para atrasar o pagamento da PLR, porque a Petrobras, apesar dos problemas provocados pelas denúncias de corrupção, aumentou o lucro e cresceu. “Não tem por que continuar retendo valores quando se sabe que o balanço, mesmo com a dificuldade de fazê-lo no momento, por questões ligadas à corrupção, terá um valor maior [que o anterior]”.

Munhoz indicou que a estatal deveria garantir o valor pago em 2014, relativo à PLR do ano anterior, e quitar a diferença mais à frente, quando tiver o balanço em mãos. Por lei, a PLR equivale ao pagamento de até 25% do lucro aos trabalhadores.

Segundo Munhoz, a Petrobras está pagando em torno de 15% a 16% do lucro para dividir pelos trabalhadores, “o que pode dar um salário base para o menorzinho, que está lá em baixo, e pode dar um valor que a gente desconhece para aqueles que têm cargo de direção”.

A assessoria de imprensa da Petrobras comunicou que está sendo preparada uma nota sobre a reivindicação dos petroleiros referente à PLR, mas não precisou quando ocorreria a divulgação.

Amanhã (13) o Conselho de Administração da empresa vai se reunir a portas fechadaa. A expectativa é que a pauta inclua a aprovação do balanço contábil relativo ao terceiro trimestre do ano passado.

São Paulo - O primeiro trimestre ainda nem acabou, mas a Petrobras já acumulou problemas neste período que podem valer para o ano inteiro. Entre processo de investigação de propina, preço das ações despencando e produção de petróleo menor, a petroleira dá indícios que não vive um bom momento. Veja, a seguir, 10 enroscos em que a Petrobras já se meteu neste ano:
  • 2. Investigação sobre propina

    2 /11(Sérgio Moraes/Reuters)

  • Veja também

    Em fevereiro, ex-funcionários da holandesa SBM, que aluga navios-plataformas, fizeram denúncias que apontam que empregados da Petrobras receberam propina para fechar negócios. O processo indica que funcionários e intermediários da petroleira receberam cerca de 140 milhões de dólares. A Petrobras abriu uma auditoria interna para apurar as denúncias. Segundo Graça, os primeiros resultados da auditoria levaram 30 dias para sair. A Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados aprovou hoje requerimento para que a empresa esclareça tais irregularidades.



  • 3. Endividamento bilionário

    3 /11(REUTERS/Nacho Doce)

  • A captação de  8,5 bilhões de dólares anunciada pela Petrobras nesta semana deve impactar ainda mais o endividamento da estatal. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a dívida líquida da petroleira deverá passar de 100 bilhões de dólares até 2018. De acordo com o novo plano de negócios quinquenal da Petrobras (2014-2018), 60,5 bilhões de dólares serão levantados em dívida bruta nos próximos cinco anos.

  • 4. Queda da produção

    4 /11(Pedro Lobo/Bloomberg News)

    Em 2013, a produção de petróleo da Petrobras caiu 2,5% no Brasil. Neste ano, em janeiro, a produção também recuou.  No primeiro mês do ano, a produção total de petróleo e gás natural ficou 2,2% abaixo do total produzido em dezembro de 2013, quando atingiu 2,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Segundo a empresa, a interrupção da produção em duas unidades instaladas na Bacia de Campos e a venda de participação no Parque das Conchas impactaram a produção do período.


  • 5. Multa bilionária

    5 /11(REUTERS/Sergio Moraes)

    Entre outubro de 2013 e janeiro deste ano, a Petrobras recebeu cinco autuações da Receita Federal que somam 8,7 bilhões de reais. As informações estão no prospecto preliminar publicado na Securities and Exchange Comission (SEC), regulador do mercado de capitais da América do Norte. A Petroleira informou que já apresentou recursos em todos os casos. O processo ainda está em fase de julgamento.

  • 6. Ações despencaram

    6 /11(Alexandre Battibugli/EXAME)

    No final do mês passado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram  para o menor nível desde 2005 após a divulgação de que a dívida líquida da empresa havia crescido 50% no último ano. Os papéis preferenciais da empresa tiveram a maior queda da bolsa de São Paulo no dia 26 de fevereiro. As ações fecharam o dia cotadas a 13,70 reais, seu menor valor desde 27 de dezembro de 2005.

  • 7. Valor de mercado menor

    7 /11(Dado Galdieri/Bloomberg)

    A Petrobras foi a empresa que mais encolheu em valor de mercado no mês de fevereiro deste ano.
    Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.

    No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.

  • 8. Preço do dólar divergente

    8 /11(Bruno Domingos/Reuters)

    Durante evento para divulgar seu plano de investimentos para os próximos cinco anos, a Petrobras afirmou que vai trabalhar com um dólar de 2,23 reais neste ano.

    A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
  • 9. Preço do combustível

    9 /11(Divulgação/Petrobras)

    A interferência do governo nos negócios da Petrobras também tem preocupado investidores, principalmente quando o assunto é o polêmico  reajuste no preço do combustível.

    A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.

  • 10. Independência do governo

    10 /11(Francois Lenoir/Reuters)

    No mês passado, Silvio Sinedino, funcionário da Petrobras há 26 anos e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), ganhou o direito de ocupar uma cadeira no conselho de administração da estatal. Ao que tudo indica, Sinedino quer deixar claro que os funcionários da companhia não compactuam com a ideia de que as decisões da empresa teriam de estar totalmente alinhadas às decisões do Governo Federal. Hoje o conselho da Petrobrás é formado por dez membros, sete indicados pelo governo, um pelos acionistas minoritários de ações minoritárias, um pelos acionistas de ações preferenciais e um pelos empregados.





  • 11. Agora, veja 20 empresas que dominam o país

    11 /11(AGÊNCIA BRASIL)

  • Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústria do petróleoLucroPetrobrasPetróleoSalários

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