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Petrobras e política paralisam Dilma Rousseff

Quem estiver esperando um cenário mais fácil para Dilma em seu segundo mandato está no ônibus errado

A presidente Dilma Rousseff: Dilma está entre a cruz e a espada, diz especialista (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 12 de março de 2015 às 21h01.

Quando o Supremo Tribunal Federal brasileiro autorizou investigações formais de 49 políticos por corrupção, na semana passada, mas deixou a presidente Dilma Rousseff de fora da lista, quase foi possível escutar o suspiro dado no Palácio do Planalto.

Mas quem estiver esperando um cenário mais fácil para Dilma em seu segundo mandato está no ônibus errado.

A investigação do escândalo multimilionário de subornos na Petrobras, a gigantesca petroleira controlada pelo Estado, está apenas começando a chegar a algo concreto.

E nesse clima tóxico, Dilma precisa não apenas convencer os eleitores -- que a elegeram em outubro passado por sua mensagem de prosperidade -- a aceitarem medidas de austeridade severas para reanimar uma economia prostrada. Ela também precisa conseguir apoio para reformas nada populares em um Congresso mal-humorado e metralhado por acusações de corrupção.

Ontem, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, conclamou os líderes do Senado a salvarem do motim no Congresso um projeto de lei para aumentar a receita com o imposto de renda.

Sem mais receitas ou cortes profundos no orçamento para acabar com o enorme déficit, os bonds soberanos do Brasil podem seguir o mesmo caminho do rating de crédito da Petrobras, que foi reduzido para o status de junk quando o escândalo de corrupção se ampliou.

Contudo, o sucesso de Levy veio pela metade: na quarta-feira à noite, o Congresso concordou em manter o veto de Dilma sobre uma nova tabela do imposto de renda que teria compensado todos os assalariados pela inflação, que atingiu 6,5 por cento no ano passado. Mas eles forçaram Levy a reduzir a mordida tributária para os salários mais baixos, uma medida que custará aos cofres nacionais mais US$ 1,9 bilhão.

No início, os fiéis partidários de Dilma nutriam esperanças de que o escândalo da Petrobras pudesse reduzir as tensões políticas espalhando a culpa pelo pior caso de suborno e corrupção visto no Brasil pelos 28 partidos políticos do país.

No fim das contas, os líderes da Câmara e do Senado -- e metade do Conselho de Ética Parlamentar -- também são acusados de receber suborno no caso Petrobras.

Contudo, em vez de contrição, Dilma foi recebida por repercussões negativas. O motivo é que 47 dos nomes agora sob investigação de terem usado a petroleira controlada pelo Estado para receberem recursos de campanha são aliados do governo.

Dilma também não está totalmente a salvo. Um ex-executivo da Petrobras disse ontem ao Congresso que um total estimado em US$ 150 milhões a US$ 200 milhões em subornos da petroleira acabaram nos cofres do Partido dos Trabalhadores (PT), sua legenda, o que incluiria o financiamento da campanha de Dilma em 2010.

Tudo isso ainda precisa ser provado no Supremo e Dilma implorou que os brasileiros tenham paciência. Muitos, contudo, parecem já estar convencidos: ecoando os protestos de 2013, que foram impulsionados pelo descontentamento com a economia, neste domingo serão realizadas marchas em 32 cidades para pedir o impeachment de Dilma.

O plano de Dilma para salvar a economia (e sua presidência em dificuldades) agora está, de forma desproporcional, nas mãos de dois aliados duvidosos: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o presidente do Senado, Renan Calheiros.

Embora envolvidos pelo escândalo, ambos têm mostrado que ainda podem mobilizar suas bancadas para infligir dor ao Planalto.

Dilma está sob pressão para limpar a casa livrando-se de assessores contaminados, incluindo Cunha e Calheiros, que poderiam enfrentar um julgamento no Supremo ou serem tirados de seus cargos pelo Conselho de Ética do Congresso. Mas não aposte nisso.

“Ambos os líderes ainda têm muita influência e controlam a agenda parlamentar”, me contou Carlos Pereira, cientista político da Fundação Getúlio Vargas. “Eles sinalizaram que irão cooperar com Dilma apenas se tiverem garantias de que o governo também lutará para protegê-los”.

Pereira diz que Dilma está entre a cruz e a espada.

Isso não quer dizer que ela será levada ao impeachment. Apenas que o preço que ela -- e o Brasil -- pagarão para evitar o pior acaba de subir.

São Paulo - Em um discurso de cerca de 40 minutos no Congresso Nacional e em outro de 11 minutos na Praça dos Três Poderes, a presidente Dilma Rousseff  deu pistas (ainda vagas) das prioridades para o próximo mandato, que começa nesta quinta-feira.A presidente também confirmou que fará ajustes na economia, mas se comprometeu a não trair compromissos sociais. "Nenhum direito a menos, nenhum passo atrás. Só mais direitos e só o caminho a frente", afirmou no pronunciamento à nação.Já na sessão solene no Congresso Nacional, Dilma realçou a necessidade de concretizar a reforma política e defender a Petrobrasde "predadores internos e inimigos externos".Veja as frases mais marcantes dos discursos de posse de Dilma.
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