Peso argentino se desvaloriza mais de 7% no dia por corrida cambial
A desvalorização da moeda argentina acumula mais de 10% no último mês, quando teve início a pressão cambiária devido à incerteza nos mercados
AFP
Publicado em 3 de maio de 2018 às 20h01.
A escalada da demanda por dólares na Argentina sofreu um salto brusco nesta quinta-feira (3), que levou a uma desvalorização de 7,64% do peso, que fechou a 23,30 por dólar, segundo cotações de bancos oficiais e privados.
A desvalorização da moeda argentina acumula mais de 10% no último mês, quando teve início a pressão cambiária devido à incerteza nos mercados, o que forçou o Banco Central a vender mais de 7,5 bilhões de dólares de suas reservas para evitar uma queda ainda maior.
Simultaneamente, o Banco Central voltou a subir a taxa básica de juros, a 33,25% - três pontos acima dos 30,25% aos quais tinha sido elevada na sexta-feira para frear a desvalorização do peso.
O Banco Central "tem que continuar intervindo com a venda de reservas e subindo as taxas de juros" para convencer os argentinos de que vai defender o valor do peso ", disse o economista Aldo Abram, da fundação Libertad y Progreso.
O chefe de Gabinete, Marcos Peña, disse à imprensa que "as situações de volatilidade não têm que nos assustar: têm que fazer parte do aprendizado de viver com uma taxa de câmbio flutuante". As reservas o banco são de cerca de 55 bilhões de dólares.
"A cada vez que isso acontece, os países que dependem da dívida começam a ter problemas. É apenas o sintoma de uma economia que não cresce e de expectativas que não se concretizam. O mais preocupante é um déficit de conta corrente. Há um ataque especulativo", disse à rádio 10 o ex-titular da Comissão de Valores (reguladora da bolsa) Alejandro Vanoli.
A tensão da moeda aumentou na semana passada, a partir da alta das taxas de bônus do Tesouro nos Estados Unidos - que provocou a desvalorização das moedas da região. Fundos de investimento são derivados das letras Lebac, apesar dos altos rendimentos.
Estão vivos na memória dos argentinos os fantasmas da hiperinflação dos anos 1980 e quebra econômica de 2001. Eles buscam refúgio no dólar diante do menor tremor nos mercados.