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Para Hollande, cortes são necessários contra a crise

Trata-se de ''ter regulação onde há muito tempo ela esteve ausente'', uma ideia da qual disse que há ''grande concordância''

Hollande considerou que ''foram tomadas decisões muito importantes'' na Europa (Bertrand Langlois/AFP)
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Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2012 às 13h54.

Paris - O presidente francês, François Hollande, disse nesta segunda-feira que para sair da crise é preciso tanto os cortes nos gastos públicos quanto a promoção do crescimento, junto com a regulação internacional dos mercados para evitar a continuação da situação atual.

''Se deixarmos os mercados por si mesmos, se esperarmos que os mercados resolvam a crise, existe a possibilidade de que a crise se perpetue por mais tempo'', advertiu Hollande em entrevista coletiva após um encontro com diretores das grandes organizações econômicas internacionais (FMI, OCDE, BM, OMC e OIT).

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Trata-se de ''ter regulação onde há muito tempo ela esteve ausente'', uma ideia da qual disse que há ''grande concordância'' em todos os organismos participantes na reunião, da qual existe a intenção de que seja repetida anualmente.

Hollande considerou que ''foram tomadas decisões muito importantes'' na Europa nas cúpulas de junho e de outubro e que graças a isso ''a zona do euro está saindo da crise'', mas também pediu uma decisão sobre o caso grego e sobre ''qualquer país'' que queira fazer parte do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) e do novo mecanismo de compra de dívidas do Banco Central Europeu (BCE).

Sobre o debate da necessidade de se dar mais tempo para o saneamento das contas públicas, se mostrou taxativo com o seu compromisso ''diante dos franceses e diante dos europeus'' de reduzir o déficit francês para 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, e que não vai pedir uma mudança dessas condições.

''Se houver discussão, não será de um país com a Comissão, mas dos europeus'' em conjunto, comentou antes de afirmar que o objetivo não é esse, mas o de atingir ''o maior nível de crescimento'', e que a Europa deve trabalhar pela ''disciplina'' orçamentária e para estimular a atividade econômica.


O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o francês Pascal Lamy, foi o único dos interlocutores do chefe de Estado que quis publicamente lançar um aviso para a Europa e para a França sobre o desafio que devem enfrentar nos próximos cinco anos.

Lamy disse que 95% da demanda durante esse período não virá dos outros países europeus, mas de fora do Velho Continente, ''essencialmente dos países em desenvolvimento, dos países emergentes'' e isso implica que ''a atitude em relação à economia internacional deve ser ofensiva, e não defensiva''.

O aviso de Lamy foi uma resposta para as declarações em favor do protecionismo econômico do ministro da Reconstrução Produtiva francês, Arnaud Montebourg, e também ao debate político na França sobre de que forma o país vai conseguir recuperar a competitividade no exterior, com a demanda dos empresários por uma redução em massa das cotações que encarecem a mão-de-obra (seu pedido é de 30 bilhões de euros).

Sobre a questão da competitividade, Hollande garantiu que haverá decisões em novembro também sobre os custos trabalhistas, assim como antecipou que ''todos terão que fazer esforços'', inclusive os dirigentes empresariais, e deu a entender que se a diminuição dos encargos for em massa, seria preciso subir outros impostos que podem reduzir o consumo e ter efeitos recessivos.

O presidente socialista se pronunciou em defensa do ''interesse geral'', culpou os governos anteriores pela situação atual e disse que vai fazer as reformas que os ''outros não fizeram com justiça, responsabilidade e perseverança''.

Hollande disse que constatou com os dirigentes dos organismos econômicos que a economia global está sendo afetada pelo ''crescimento devagar'' por conta da ''recessão na Europa'', mas também porque é ''mais fraco nos países emergentes do que foi no passado''.

O presidente francês também disse que faz parte do diagnóstico o desemprego ''elevado'', principalmente nos países com problemas de competitividade, a instabilidade financeira que, apesar de menor que no passado, ainda ''não desapareceu'', assim como ''o aumento das práticas protecionistas''.

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