Para economistas, inflação não cede em 2015
Segundo pesquisa Focus, inflação brasileira será menor neste ano do que o esperado, mas não vai ceder em 2015
Da Redação
Publicado em 11 de agosto de 2014 às 16h07.
São Paulo - A inflação brasileira será menor neste ano do que o esperado, mas não vai ceder em 2015, em meio ao cenário de um novo ciclo de aperto monetário começando um pouco mais tarde e atividade econômica cada vez mais deteriorada.
O quadro foi desenhado na pesquisa Focus do Banco Central, que ouve semanalmente economistas de instituições financeiras. Para o IPCA, a mediana das projeções recuou pela quarta vez seguida, com alta de 6,26 por cento neste ano, contra 6,39 por cento.
Em 2015, as contas mostram que o indicador ficará praticamente igual, com alta de 6,25 por cento, apenas 0,01 ponto percentual acima da projeção anterior.
Um dos principais responsáveis por esse cenário são os preços administrados, cujas estimativas cresceram 0,10 ponto percentual para os dois anos, a 5,10 por cento em 2014 e 7 por cento em 2015.
Esse segmento vem sofrendo com a expectativa de aumentos nos preços de energia elétrica e gasolina, sobretudo no próximo ano.
"Vai ficar um 'carry over' muito forte para o ano que vem, em um cenário de inflação alta em que os administrados colocam ainda mais lenha na fogueira", destacou o economista-chefe da Austin Rating Alex Agostini.
Em julho, a inflação oficial do país desacelerou a 0,01 por cento, menor patamar em quatro anos, e em 12 meses voltou para o limite do teto da meta, a 6,50 por cento.
Já para o Top-5 de médio prazo, com as instituições que mais acertam as projeções, o IPCA ficará em 6,33 por cento em 2014, ante 6,39 por cento, e fechará 2015 em 6,48 por cento, contra 6,75 por cento na pesquisa anterior.
Juros e Crescimento
Em meio ao cenário de inflação pressionada porém com o BC indicando que não vai mexer na Selic por enquanto, os agentes econômicos mantiveram o cenário de que a taxa básica de juros encerrará este ano em 11 por cento e 2015 em 12 por cento.
Mas passaram a ver o início do novo ciclo de aperto monetário apenas em março, agora com alta de 0,50 ponto percentual, e não mais com 0,25 ponto em janeiro.
"Não subindo no começo do ano, teria que subir a Selic depois, mas já num ritmo mais forte, porque o cenário de inflação poderia se deteriorar", avaliou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
O Top-5 de médio prazo voltou a ver a taxa básica de juros em 12 por cento no ano que vem, contra 11,75 por cento na semana anterior.
O Focus mostrou ainda que as perspectivas para a atividade econômica continuaram se deteriorando.
A projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, ano em que a presidente Dilma Rousseff tenta a reeleição, foi reduzida pela 11ª vez seguida, a 0,81 por cento, contra 0,86 por cento na semana anterior.
Em 2013, o PIB cresceu 2,5 por cento. Mas o ajuste mais forte ocorreu no cenário para 2015. A estimativa para a expansão econômica caiu a 1,20 por cento, contra a previsão de 1,50 por cento, que durou cinco semanas.