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Pânico nos mercados deve encerrar alta de juros no Brasil

Incerteza internacional está crescendo e pode esfriar a economia brasileira

Tombini e os diretores do Banco Central: turbulências podem encerrar aperto monetário (Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2011 às 11h38.

São Paulo – As sucessivas quedas nas bolsas de valores , que refletem a desconfiança do mercado com a capacidade de recuperação das economias europeias e dos Estados Unidos, devem provocar o fim da alta dos juros antes do que os analistas previam.

Embora as perspectivas para o Brasil ainda sejam favoráveis, a Bovespa não está imune a essas incertezas, principalmente porque o fluxo de estrangeiros determina os rumos da bolsa brasileira.

A alta na cotação do dólar acaba sendo uma decorrência desse fenômeno. No entanto, ainda é cedo para projetar uma cotação acima de dois reais.

O maior risco para o lado real da economia brasileira é a escassez de crédito internacional. Se isso acontecer, será uma repetição do quadro observado em 2009, quando as grandes empresas brasileiras não conseguiam obter recursos no exterior e passaram a captar internamente. O crédito, consequentemente, secou para as pequenas e médias companhias, obrigando o governo a injetar liquidez no mercado.

Nesse cenário de extrema incerteza, o Banco Central – que já tinha sinalizado o encerramento do ciclo de aperto monetário na última reunião do Copom – deve ser ainda mais cauteloso, na opinião de economistas ouvidos por EXAME.com.


“Aumentou a chance de o Banco Central interromper a alta de juros. Com este cenário externo, ele prefere comprar risco com a inflação a correr risco de ver a atividade despencar”, diz Fabio Maciel Ramos, economista da Quest Investimentos, que antes da última reunião do Copom acreditava em mais elevações da Selic.

A economista-chefe da consultoria Rosenberg & Associados, Thaís Zara, também prevê o fim do ciclo de aperto monetário. “Do ponto de vista da atividade doméstica, ainda há justificativa para ele continuar subindo os juros, mas o elevado grau de incerteza no cenário internacional o levará a parar.”

É inegável que o Brasil conseguiu ter um desempenho melhor do que o dos países desenvolvidos em 2009. Se o governo já tem a “receita do bolo”, não é plausível imaginar que a economia brasileira está pronta para enfrentar uma nova recessão nos Estados Unidos e na Europa?

Responde Fabio Maciel Ramos: “Talvez as medidas não tenham o mesmo resultado. Embora haja espaço no Brasil para o uso da política fiscal, os países desenvolvidos estão no limite dos gastos públicos. Sem essa ajuda de fora e com a China desacelerando por causa do combate à inflação, o quadro fica mais difícil. Vale lembrar que, em 2008 e 2009, a China salvou o Brasil importando commodities.”

Thaís Zara acredita que as recentes quedas da Bovespa refletem o cenário externo ruim e não eventuais perspectivas negativas para a economia brasileira. “Se o quadro internacional piorar muito, aí sim pode ter um reflexo sobre a economia doméstica.”

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São Paulo – As sucessivas quedas nas bolsas de valores , que refletem a desconfiança do mercado com a capacidade de recuperação das economias europeias e dos Estados Unidos, devem provocar o fim da alta dos juros antes do que os analistas previam.

Embora as perspectivas para o Brasil ainda sejam favoráveis, a Bovespa não está imune a essas incertezas, principalmente porque o fluxo de estrangeiros determina os rumos da bolsa brasileira.

A alta na cotação do dólar acaba sendo uma decorrência desse fenômeno. No entanto, ainda é cedo para projetar uma cotação acima de dois reais.

O maior risco para o lado real da economia brasileira é a escassez de crédito internacional. Se isso acontecer, será uma repetição do quadro observado em 2009, quando as grandes empresas brasileiras não conseguiam obter recursos no exterior e passaram a captar internamente. O crédito, consequentemente, secou para as pequenas e médias companhias, obrigando o governo a injetar liquidez no mercado.

Nesse cenário de extrema incerteza, o Banco Central – que já tinha sinalizado o encerramento do ciclo de aperto monetário na última reunião do Copom – deve ser ainda mais cauteloso, na opinião de economistas ouvidos por EXAME.com.


“Aumentou a chance de o Banco Central interromper a alta de juros. Com este cenário externo, ele prefere comprar risco com a inflação a correr risco de ver a atividade despencar”, diz Fabio Maciel Ramos, economista da Quest Investimentos, que antes da última reunião do Copom acreditava em mais elevações da Selic.

A economista-chefe da consultoria Rosenberg & Associados, Thaís Zara, também prevê o fim do ciclo de aperto monetário. “Do ponto de vista da atividade doméstica, ainda há justificativa para ele continuar subindo os juros, mas o elevado grau de incerteza no cenário internacional o levará a parar.”

É inegável que o Brasil conseguiu ter um desempenho melhor do que o dos países desenvolvidos em 2009. Se o governo já tem a “receita do bolo”, não é plausível imaginar que a economia brasileira está pronta para enfrentar uma nova recessão nos Estados Unidos e na Europa?

Responde Fabio Maciel Ramos: “Talvez as medidas não tenham o mesmo resultado. Embora haja espaço no Brasil para o uso da política fiscal, os países desenvolvidos estão no limite dos gastos públicos. Sem essa ajuda de fora e com a China desacelerando por causa do combate à inflação, o quadro fica mais difícil. Vale lembrar que, em 2008 e 2009, a China salvou o Brasil importando commodities.”

Thaís Zara acredita que as recentes quedas da Bovespa refletem o cenário externo ruim e não eventuais perspectivas negativas para a economia brasileira. “Se o quadro internacional piorar muito, aí sim pode ter um reflexo sobre a economia doméstica.”

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