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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h05.
À espera da divulgação nesta quinta-feira (24/3) da ata da reunião de março do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), o mercado ainda procura entender o tom adotado na ata de fevereiro. Para Roberto Padovani, da Tendências Consultoria, as expectativas de inflação para os próximos 12 meses, e não para o ano de 2005, podem explicar a otimismo do mês passado. (Resta saber se esse otimismo resistiu aos últimos 30 dias.)
Pelo raciocínio, apesar da deterioração das expectativas inflacionárias para o ano e a intensificação das incertezas externas, os agentes econômicos aparentemente não esperam uma contaminação da inflação para 2006, o que pode ser entendido como "bom cenário para a política monetária". Um pressuposto dessa análise é que 2005 já está perdido, pois não teria mais como dar subsídios para a serenidade do BC. Sobre um cenário de queda da taxa básica de juros a partir de setembro, fechando o ano em 17,5%, as estimativas apontam um IPCA de 6% como resultado mais provável, sendo que a meta é 5,1%.
Já para os cenários de 12 meses, estaria pesando a possibilidade de que o PIB cresça abaixo de seu potencial no segundo semestre. "Além da acomodação que já está em curso independentemente da política monetária, a atividade econômica ainda irá sentir os efeitos do aperto monetário iniciado no final do terceiro trimestre de 2004", afirma o analista.
Padovani encerra a análise lançando duas dúvidas. Uma diz respeito à possibilidade de que o BC esteja atribuindo menos peso à meta de inflação. "Isso não deixa de ser uma postura de maior risco em função do nível de inflação projetado, próximo ao limite superior, e ao fato de ainda estarmos no primeiro trimestre do ano." A outra questiona se as expectativas de 12 meses estão melhorando, na verdade, simplesmente porque os agentes não estão atentos às mudanças de curto prazo e seus impactos.
O último relatório de mercado do BC pode ser o indício de que os analistas acordaram. Numa mudança de tendência, houve alta das expectativas para o IPCA nos próximos 12 meses, de 5,48% para 5,54%.