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ONU: Sem privatizações, investimento estrangeiro no Brasil cai à metade

IED no país passou de US$ 34,857 bilhões nos primeiros seis meses de 2019 para US$ 18,098 bilhões no mesmo período de 2020

Brasil: país teve a terceira maior queda no período entre as grandes economias globais, segundo agência da ONU (FG Trade/Getty Images)
AO

Agência O Globo

Publicado em 27 de outubro de 2020 às 17h31.

O investimento estrangeiro direto (IED) no Brasil caiu quase à metade no primeiro semestre deste ano, segundo a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento ( Unctad ). A agência da ONU atribui a queda ao avanço na pandemia no período e à paralisação do programa de privatizações . O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor

Segundo relatório divulgado hoje, o IED no Brasil passou de US$ 34,857 bilhões nos primeiros seis meses de 2019 para US$ 18,098 bilhões no mesmo período de 2020, um tombo de 48%.

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Essa categora de investimento é aquele feito por uma empresa estrangeira em um país com interesses comerciais de longo prazo. É diferente do fluxo puramente financeiro, muitas vezes apenas de caráter especulativo.

O recuo brasileiro foi semelhante à média mundial (-49%), mas ficou bem acima do verificado entre emergentes (- 16%). É também a terceira maior retração entre as principais economias globais, de acordo com a Unctad. As duas maiores quedas ocorreram na Itália (-74%) e nos EUA (-61%)

— Os fluxos globais de investimento estrangeiro direto no primeiro semestre deste ano caíram quase à metade. Foi mais drástico do que esperávamos para o ano todo — disse James Zhan, diretor da divisão de investimento e empreendimentos da Unctad em entrevista à imprensa.

Segundo Zhan, "a pandemia é muito desafiadora para atrair investimentos para o Brasil", que também foi prejudicado devido "à paralisação do programa de privatizações lançado no ano passado". Ele pondera, porém, que "US$ 18 bilhões ainda é um volume significativo de IED".

A expectativa da Unctad é que os fluxos de investimento para o Brasil se recuperem moderadamente no segundo semestre do ano, com a retomada das vendas de ativos e a implementação de um novo plano de infraestrutura.

Perspectivas incertas

As economias mais desenvolvidas registraram a queda mais expressiva de IED no primeiro semestre, com uma retração de 75%, a US$ 98 bilhões, um nível que não era registrado desde 1994.

A expectativa da Unctad é que haja uma leve melhora no segundo semestre e o ano termine com uma queda de 30% a 40% de IED no mundo. A projeção para 2021, é de queda de até 10%, disse Zhan. Uma recuperação só é esperada para 2022:

— As perspectivas continuam sendo muito incertas e dependem da duração da crise de saúde e da eficácia das intervenções de políticas destinadas a atenuar os efeitos econômicos da pandemia - ressaltou Zhan. — A longo prazo, vemos a possibilidade de uma transformação das cadeias de valor globais que mudará o panorama do comércio e dos investimentos mundiais.

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