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O mercado desconfia

Para governos em início de mandato, como este de Michel Temer, o jogo das expectativas pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso. E, neste quesito, o Planalto sofreu um golpe ontem. Pela primeira vez desde que a proposta orçamentária de 2017 foi apresentada, o mercado fez uma previsão pior que a do […]

HENRIQUE MEIRELLES E MICHEL TEMER: em que pese as condições em que se deu a transição, é inegável que muitas transformações na economia já foram feitas / Andressa Anholete / Getty Images (Andressa Anholete/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2016 às 06h40.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h39.

Para governos em início de mandato, como este de Michel Temer, o jogo das expectativas pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso. E, neste quesito, o Planalto sofreu um golpe ontem. Pela primeira vez desde que a proposta orçamentária de 2017 foi apresentada, o mercado fez uma previsão pior que a do governo para o déficit público. A proposta oficial é de perdas de 139 bilhões de reais; a nova previsão das instituições financeiras, colhida pelo ministério da Fazenda, é de 140,1 bilhões.

Vários motivos explicam a diferença de 1,1 bilhão na conta. Primeiro, o mercado espera que o país cresça menos do que a previsão otimista do governo. O último boletim Focus aponta uma expectativa de 1,3%, enquanto o Orçamento diz que o PIB será 1,6% maior. Os gastos públicos de 2016 também estariam subestimados no orçamento deste ano. Com isso, mesmo que a PEC do teto de gastos seja aprovada, a base de cálculo que o governo está usando seria irreal, na visão das instituições.

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A terceira medida do governo para fechar as contas é o pacote de concessões, mas ele também traz desconfianças. “Há dúvidas se essas medidas tampão darão certo. A expectativa do governo é arrecadar 24 bilhões com pacote, mas no nosso cenário, esse valor está em 20 bilhões”, diz Fabio Klein, analista de finanças públicas da consultoria Tendências.

O governo ainda enfrenta dificuldades para aprovar a PEC que limita o crescimento de gastos à inflação do ano anterior. Não há certeza de que ela passe pelo Congresso da maneira que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, planeja, mesmo com o apoio declarado de parlamentares do centrão. O presidente da Câmara diz que pretende vota-la até o final de outubro e o governo espera que ela seja aprovada no Senado antes do final do ano. Tudo precisa dar certo para que as expectativas voltem a jogar a favor.

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