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Novo modelo do setor de energia pode inviabilizar investimentos, diz Unibanco

Na forma como está, o novo modelo para o setor de energia sugerido pelo governo e ainda em fase de elaboração pode inviabilizar os investimentos no setor, na avaliação de Eduardo Serra, superintendente de projetos financeiros da área de energia do Unibanco. O pool, um dos pilares do novo modelo, é apontado por ele como […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h46.

Na forma como está, o novo modelo para o setor de energia sugerido pelo governo e ainda em fase de elaboração pode inviabilizar os investimentos no setor, na avaliação de Eduardo Serra, superintendente de projetos financeiros da área de energia do Unibanco. O pool, um dos pilares do novo modelo, é apontado por ele como um problema. Nele, as geradoras farão contratos com todas as 64 distribuidoras, o que impede os bancos de acompanharem e avaliarem o risco comercial assumido pelas empresas. Serra questiona também a qualidade das garantias que devem ser apresentadas - que pela nova regra poderão ser os recebíveis das empresas -, já que a maioria das distribuidoras atravessa uma situação financeira difícil. "Causou grande polêmica também o anúncio de que o reajuste da tarifa não será pelo IGP-M", disse o executivo do Unibanco. "Nenhum projeto poderá ser financiado dentro deste tipo de insegurança."

Para contornar as "falhas", Serra apresentou algumas sugestões. No caso do pool, a criação de um ranking para as distribuidoras poderia ser uma saída, além de um mecanismo que excluísse as empresas em situação financeira mais complicada. Serra é contra um índice de reajuste único e sugere a criação de vários índices por tipo de atividade (um indicador para geradoras térmicas e outro para hidráulica, por exemplo).

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Para Pedro Parente, ex-ministro da Casa Civil e ex-presidente da Câmara de Gestão da Crise de Energia, as críticas vão mais além. "Não precisávamos de um novo modelo, bastava implementar na íntegra o que já existia", afirmou ele. "O novo modelo trará mudanças radicais num momento complicado para o setor." Para Parente, não é possível dizer que o antigo modelo falhou, já que ele não foi totalmente implantado.

Os pontos que Parente considera negativos são o aumento do risco-governo, já que o setor volta a ter uma grande interferência do estado; a incerteza do resultado do pool sobre as tarifas, apesar de o governo ter anunciado perseguir tarifas mais baratas; o nivelamento de investidores privados e públicos, o que é um risco para a atração de capital.

Parente, no entanto, ressaltou que há pontos importantes na proposta que ajudam a aperfeiçoar o setor, como por exemplo a volta do planejamento pelo estado.

Serra e Parente participaram do 5º Enercon, evento da área de energia promovido pelo Institute for International Research (IIR), em São Paulo, nesta terça-feira (5/8).

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