Nova plataforma de pagamentos do BC vai permitir saques em comércios
Governo vai oferecer a partir de novembro uma nova opção para transações financeiras, que deve funcionar de forma instantânea
Agência O Globo
Publicado em 22 de junho de 2020 às 15h44.
Última atualização em 22 de junho de 2020 às 15h48.
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, anunciou nesta segunda-feira que a autoridade monetária vai passar a permitir saque em dinheiro na rede varejista. A autorização ainda depende do estabelecimento das regras, que deverão ser divulgadas em agosto.
Segundo Campos Neto, a autorização virá dentro do Pix, programa de pagamentos instantâneos que está sendo construído pelo BC. O Pix deve começar a funcionar em novembro.
"Essa facilidade visa trazer mais eficiência por meio de reutilização do dinheiro no varejo e aproveitamento dessa rede, e fomentar a competição, ampliando as opções e a capilaridade das instituições para ofertarem o saque."
O presidente do BC disse que essa opção deve diminuir o custo logístico e operacional de distribuição de moeda e facilitar o serviço para os clientes.
"Além de agregar conveniência aos consumidores, pode gerar negócios adicionais aos varejistas e permitem aos participantes do Pix novas funcionalidades."
Em fevereiro, Campos Neto disse que o BC estava estudando uma maneira de permitir os saques em estabelecimentos comerciais. Na época, ele afirmou que a medida seria boa para lojistas e para os consumidores porque diminuiria o custo do transporte de valores e permitiria que os consumidores não circulassem com muito dinheiro vivo.
O presidente do BC participou do discurso de abertura da reunião plenária que está discutindo a modelagem do Pix. Em sua fala, Campos Neto afirmou que 980 instituições já se inscreveram para participar do projeto, 120 diretos e 860 indiretos, que vai permitir pagamentos e transferências em até 10 segundos. Atualmente, o Pix está na etapa homologatória.
"Iremos divulgar o regulamento definitivo no próximo mês, proporcionando plena clareza em relação às regras do arranjo para o seu lançamento, disse."
De acordo com Campos Neto, as transações serão gratuitas para pessoas físicas e o programa será acessível e efetivo para quem paga e para quem recebe.
"Em 2018, o BC definiu que atuaria como instituidor do arranjo e como provedor da infraestrutura centralizada de liquidação, de forma a possibilitar uma estrutura neutra e sem objetivo de lucro, além de um modelo amplo de participação, fomentando a competição no setor."
Ao divulgar, na semana passada, que vai permitir pagamentos e transferências pelo aplicativo, o WhatsApp levantou dúvidas no Banco Central
quanto ao seu funcionamento. Em nota, o órgão regulador do sistema financeiro disse que estaria "vigilante" ao projeto.
Nessa nota, o BC avaliava que há potencial na integração dos pagamentos no WhatsApp com o Pix e sinalizou que era necessário que as operações fossem interoperáveis com o Pix.
A preocupação do Banco Central é de que a iniciativa do WhatsApp seja fechada, apenas para transações dentro do aplicativo. Parte da agenda dessa gestão do Banco Central é abrir o sistema que tem o Pix como uma das principais bandeiras.