Banco do Brasil: bancos estatais elevaram a oferta de crédito quatro vezes a média dos bancos privados no último ano. Mas Santarelli diz não esperar que os estatais cresçam por muito tempo nesse ritmo. (VEJA RIO)
Da Redação
Publicado em 8 de abril de 2013 às 21h12.
São Paulo - Os bancos estatais brasileiros, que vêm expandindo o crédito mais rapidamente do que concorrentes privados, podem ver a inadimplência avançar nos próximos dois anos se o crescimento econômico do país continuar a decepcionar, disse nesta segunda-feira um analista da agência de classificação de risco Fitch.
Bancos controlados pelo governo federal também podem precisar de injeções de capital, caso vejam um moderado crescimento no crédito, afirmou Franklin Santarelli, da Fitch.
Bancos estatais elevaram a oferta de crédito quatro vezes a média dos bancos privados no último ano. Mas Santarelli diz não esperar que os estatais cresçam por muito tempo nesse ritmo.
Com a economia lutando para crescer acima de 3 %, pode ficar mais difícil para bancos estatais controlarem a inadimplência e rapidamente registrarem baixas contábeis.
"Os sinais de deterioração da qualidade dos ativo devem ser limitadas em bancos estatais --elas serão gerenciáveis. Mas se a situação de crescimento lento continuar, posso ver esses bancos tendo problemas com qualidade de ativos e exigindo mais injeções de capital", disse Santarelli em entrevista.
Os comentários apontam que uma recuperação econômica pode demorar mais do que o esperado para fomentar a demanda por novos empréstimos. Uma atividade econômica mais robusta já está ajudando a reduzir a inadimplência nos bancos do setor privado, após altas históricas durante a maior parte do ano passado.
Bancos estatais elevaram suas fatias no sistema e hoje são responsáveis por mais da metade de crédito novo no país. Em fevereiro, eles foram responsáveis por 57,6 % dos empréstimos totais, ante 35,6 % do setor privado.
A inadimplência de empréstimos acima de 90 dias em bancos estatais fechou fevereiro a 1,9 % da carteira de crédito, ante 5,2 % no setor de bancos privados, segundo dados do Banco Central. Os bancos estatais fizeram uma provisão de 3,9 % de suas carteiras para empréstimos duvidosos, ante 7 % no setor privado.
A Fitch classifica o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal , o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) , o Banco da Amazônia e o Banco do Nordeste com a nota BBB, principalmente por causa do apoio que receberiam do governo federal.
Os ratings desses cinco bancos são "equalizados e diretamente ligados aos movimentos do rating soberano do Brasil", disse Santarelli.
Santarelli disse que os cinco bancos controlados pelo governo enfrentam diversos desafios, incluindo a capacidade de operar em uma ambiente de queda nas taxas de juros, alta dos custos, e da necessidade de uma base de capital mais forte. "Estas são questões importantes para monitorar o avanço", disse o analista.