Nobel de Economia diz que sonho americano é um mito
Segundo Joseph Stiglitz, o progresso dos cidadãos nos EUA depende dos estudos custeados por seus pais, enquanto na Europa, a educação é universal
Da Redação
Publicado em 9 de abril de 2014 às 06h57.
Medellín - O economista americano Joseph Stiglitz, ganhador do Prêmio Nobel em 2001, afirmou ontem, terça-feira, durante uma palestra no 7º Fórum Mundial de Cidades, que os Estados devem desempenhar o papel que lhes corresponde no planejamento das cidades ao considerar que o sonho americano, modelo que deixa as urbes nas mãos dos mercados, é um mito.
"O Estado tem que desempenhar um papel importante. O que me preocupa é que nos últimos 20 anos perdemos esse equilíbrio entre o papel do Estado e o do mercado", disse Stiglitz durante a palestra no fórum que acontece na cidade de Medellín, na Colômbia.
Para o economista , as cidades americanas de Detroit e Gary - lugar onde nasceu - são urbes "que fracassaram porque os governos não fizeram o que tinham que fazer" e as consequências da desindustrialização, de automóveis e aço respectivamente, as condenaram.
"Os mercados não tratam bem a reestruturação urbanística", disse.
Além disso, questionou o sonho americano, que chamou de "mito", já que o progresso dos cidadãos nos Estados Unidos depende dos estudos custeados por seus pais, enquanto na Europa, com modelos considerados "mais rígidos", a educação é universal.
Stiglitz contrapôs o modelo dessas cidades americanas com a asiática Cingapura, "onde o Estado teve um papel fundamental em seu desenvolvimento"; a inglesa Manchester, reconvertida em polo musical, cultural e estudantil após sua desindustrialização; e a própria Medellín.
"Em muitos países querem copiar o modelo americano e eu quero chamar a atenção sobre isso: tenham cuidado com o que desejam, os EUA alcançaram o maior nível de desigualdade de todos os países desenvolvidos", disse Stiglitz, que atribuiu esse fenômeno a decisões políticas e não só a "forças econômicas".
Durante a manhã de ontem, em entrevista coletiva, Stiglitz alertou sobre as consequências para a Colômbia da assinatura de um Tratado de Livre-Comércio (TLC) com seu país: estes acordos "são elaborados para o interesse dos Estados Unidos e a favor de outros países avançados", disse o economista.
"Se seguimos as regras do jogo dos EUA terminamos com seus resultados negativos", acrescentou o economista.
Além disso, Stiglitz pediu que o setor público pensasse nos pobres na hora de planejar a remodelação das cidades ou de construir novas urbes porque "o Produto Interno Bruto (PIB) não é uma boa medida do bem-estar".
"São os pobres que sofrem com uma cidade mal planejada: os pobres sofrem com os transportes ruins, com a falta de parques públicos e de habitação", disse.
O Prêmio Nobel foi um dos convidados principais do 7º Fórum Mundial de Cidades de Medellín, que tem como objetivo buscar soluções para diminuir a crescente desigualdade nas cidades dos cinco continentes e reverter essa tendência para a promoção de um desenvolvimento mais igualitário.
Medellín - O economista americano Joseph Stiglitz, ganhador do Prêmio Nobel em 2001, afirmou ontem, terça-feira, durante uma palestra no 7º Fórum Mundial de Cidades, que os Estados devem desempenhar o papel que lhes corresponde no planejamento das cidades ao considerar que o sonho americano, modelo que deixa as urbes nas mãos dos mercados, é um mito.
"O Estado tem que desempenhar um papel importante. O que me preocupa é que nos últimos 20 anos perdemos esse equilíbrio entre o papel do Estado e o do mercado", disse Stiglitz durante a palestra no fórum que acontece na cidade de Medellín, na Colômbia.
Para o economista , as cidades americanas de Detroit e Gary - lugar onde nasceu - são urbes "que fracassaram porque os governos não fizeram o que tinham que fazer" e as consequências da desindustrialização, de automóveis e aço respectivamente, as condenaram.
"Os mercados não tratam bem a reestruturação urbanística", disse.
Além disso, questionou o sonho americano, que chamou de "mito", já que o progresso dos cidadãos nos Estados Unidos depende dos estudos custeados por seus pais, enquanto na Europa, com modelos considerados "mais rígidos", a educação é universal.
Stiglitz contrapôs o modelo dessas cidades americanas com a asiática Cingapura, "onde o Estado teve um papel fundamental em seu desenvolvimento"; a inglesa Manchester, reconvertida em polo musical, cultural e estudantil após sua desindustrialização; e a própria Medellín.
"Em muitos países querem copiar o modelo americano e eu quero chamar a atenção sobre isso: tenham cuidado com o que desejam, os EUA alcançaram o maior nível de desigualdade de todos os países desenvolvidos", disse Stiglitz, que atribuiu esse fenômeno a decisões políticas e não só a "forças econômicas".
Durante a manhã de ontem, em entrevista coletiva, Stiglitz alertou sobre as consequências para a Colômbia da assinatura de um Tratado de Livre-Comércio (TLC) com seu país: estes acordos "são elaborados para o interesse dos Estados Unidos e a favor de outros países avançados", disse o economista.
"Se seguimos as regras do jogo dos EUA terminamos com seus resultados negativos", acrescentou o economista.
Além disso, Stiglitz pediu que o setor público pensasse nos pobres na hora de planejar a remodelação das cidades ou de construir novas urbes porque "o Produto Interno Bruto (PIB) não é uma boa medida do bem-estar".
"São os pobres que sofrem com uma cidade mal planejada: os pobres sofrem com os transportes ruins, com a falta de parques públicos e de habitação", disse.
O Prêmio Nobel foi um dos convidados principais do 7º Fórum Mundial de Cidades de Medellín, que tem como objetivo buscar soluções para diminuir a crescente desigualdade nas cidades dos cinco continentes e reverter essa tendência para a promoção de um desenvolvimento mais igualitário.