No Brasil, 56% tem conta no banco, mas só 20% economizam
Banco Mundial e FMI apontam melhora no acesso ao sistema financeiro; taxa de caixas eletrônicos por 100 mil habitantes é maior do que na Alemanha
João Pedro Caleiro
Publicado em 16 de setembro de 2013 às 13h28.
São Paulo - O brasileiro tem acesso ao banco, mas continua não tendo o hábito de economizar. Essa é a principal conclusão de um relatório do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial sobre acesso financeiro no país.
56% dos adultos brasileiros tem conta no banco. O número é alto se comparado a outros países em desenvolvimento como Argentina (33%) e Peru (20%), mas está abaixo da China (64%) e de países desenvolvidos como Austrália e França, onde beira os 100%.
41% dos adultos na base da pirâmide de renda tem conta, contra uma média de 25% na América Latina. 100% dos municípios brasileiros são atendidos por algum tipo de instituição bancária.
A densidade de caixas eletrônicos também é uma das mais altas do mundo: são 121 por 100 mil habitantes, acima da Alemanha (117) e Reino Unido (65), mas abaixo dos Estados Unidos (174) e Coreia (250).
Isso não é necessariamente uma vantagem: se a grande maioria dos caixas não são compartilhados entre os bancos, como é o nosso caso, isso diminui a abrangência da rede e a taxa de saques por caixa, além de aumentar o custo relativo de manutenção.
O relatório avalia que programas de crédito e o Bolsa Família tiveram influência tanto no aumento de renda quanto na maior abertura de contas - todos os beneficiários do programa recebem seus benefícios através de cartões da Caixa, e 2 dos 13 milhões de beneficiários também abriram uma conta.
De acordo com o FMI e o Banco Mundial, ainda é muito cedo para avaliar, mas o aumento do crédito nos últimos anos aumenta o risco de que a dívida das famílias chegue a níveis insustentáveis, especialmente entre os com menor renda.
A educação financeira é vista como prioritária por todos os envolvidos no tema que foram consultados.
Poupança
Já em relação a poupança, 20% dos adultos brasileiros declararam ter guardado algum dinheiro no ano anterior - entre o G20, só estamos acima da Turquia. Na Bolívia, por exemplo, essa taxa chega a 44%.
Apenas 10% dos brasileiros fizeram sua economia em uma instituição financeira formal - e um dos resultados disso é que o setor corporativo acaba sendo responsável por 90% da poupança do país. O relatório culpa a facilidade de crédito, barreiras regulatórias, o trauma da hiperinflação e a própria generosidade do sistema de pensão brasileiro como alguns dos possíveis motivos.
Ele também cita a alta concentração de 80% do mercado de pagamentos com cartão em duas empresas (Cielo e Redecard) como um obstáculo para o melhor desenvolvimento do setor. Por outro lado, destaca que a porcentagem de brasileiros com cartão de crédito de 29% é a mais alta da América Latina e se aproxima da média do G20 de 33%.
São Paulo - O brasileiro tem acesso ao banco, mas continua não tendo o hábito de economizar. Essa é a principal conclusão de um relatório do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial sobre acesso financeiro no país.
56% dos adultos brasileiros tem conta no banco. O número é alto se comparado a outros países em desenvolvimento como Argentina (33%) e Peru (20%), mas está abaixo da China (64%) e de países desenvolvidos como Austrália e França, onde beira os 100%.
41% dos adultos na base da pirâmide de renda tem conta, contra uma média de 25% na América Latina. 100% dos municípios brasileiros são atendidos por algum tipo de instituição bancária.
A densidade de caixas eletrônicos também é uma das mais altas do mundo: são 121 por 100 mil habitantes, acima da Alemanha (117) e Reino Unido (65), mas abaixo dos Estados Unidos (174) e Coreia (250).
Isso não é necessariamente uma vantagem: se a grande maioria dos caixas não são compartilhados entre os bancos, como é o nosso caso, isso diminui a abrangência da rede e a taxa de saques por caixa, além de aumentar o custo relativo de manutenção.
O relatório avalia que programas de crédito e o Bolsa Família tiveram influência tanto no aumento de renda quanto na maior abertura de contas - todos os beneficiários do programa recebem seus benefícios através de cartões da Caixa, e 2 dos 13 milhões de beneficiários também abriram uma conta.
De acordo com o FMI e o Banco Mundial, ainda é muito cedo para avaliar, mas o aumento do crédito nos últimos anos aumenta o risco de que a dívida das famílias chegue a níveis insustentáveis, especialmente entre os com menor renda.
A educação financeira é vista como prioritária por todos os envolvidos no tema que foram consultados.
Poupança
Já em relação a poupança, 20% dos adultos brasileiros declararam ter guardado algum dinheiro no ano anterior - entre o G20, só estamos acima da Turquia. Na Bolívia, por exemplo, essa taxa chega a 44%.
Apenas 10% dos brasileiros fizeram sua economia em uma instituição financeira formal - e um dos resultados disso é que o setor corporativo acaba sendo responsável por 90% da poupança do país. O relatório culpa a facilidade de crédito, barreiras regulatórias, o trauma da hiperinflação e a própria generosidade do sistema de pensão brasileiro como alguns dos possíveis motivos.
Ele também cita a alta concentração de 80% do mercado de pagamentos com cartão em duas empresas (Cielo e Redecard) como um obstáculo para o melhor desenvolvimento do setor. Por outro lado, destaca que a porcentagem de brasileiros com cartão de crédito de 29% é a mais alta da América Latina e se aproxima da média do G20 de 33%.