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New York Times critica subsídios agrícolas dos países desenvolvidos

Em editorial, jornal americano afirma que as atuais regras de comércio favorecem apenas os países mais ricos

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h05.

Leia, a seguir, a tradução do editorial do jornal americano The New York Times, no qual critica fortemente os subsídios agrícolas praticados pelos países desenvolvidos. Publicado em 8 de dezembro, o texto também antevê o fracasso da Conferência Interministerial de Hong Kong, realizada nesta semana.

Protegendo os agricultores franceses

Na próxima semana, a Organização Mundial de Comércio realizará seu grande encontro em Hong Kong, para debater um acordo que promoveria o livre comércio de produtos agrícolas e bens manufaturados em todo o mundo. Liberar o mercado agrícola ajudará os países pobres; liberar o comércio de manufaturados e serviços ajudará os países ricos.

Este é o motivo pelo qual, sem nenhuma surpresa nos últimos 50 anos, o sistema mundial de comércio tem feito muito mais pelos últimos ajudando as nações industrializadas sem contribuir muito com os países mais pobres. Este pacto comercial teve seu início em Doha, Quatar, em 2001, quando os ricos estavam cambaleantes devido ao 11 de Setembro e conversavam sobre como obter mais do mundo, cientes do empuxo da prosperidade econômica global; o pacto serviria para fixar aquele sistema distorcido.

Dado esse grandioso escopo, é patético ver como esse pacto tem sido obstruído pela intransigência da União Européia, que se transformou em refém da resistência francesa a deixar seus agricultores fora do apoio governamental. Nas últimas semanas, as acusações e simulações atingiram um novo extremo. O ator britânico Colin Firth, do famoso "Diário de Bridget Jones", apresentou ao comissário de comércio da União Européia, Peter Mandelson, uma petição para que os países ricos façam as regras comerciais operarem em favor dos mais pobres; a petição teria 10 milhões de assinaturas. E Tony Blair, sob os ares de sua moribunda presidência da União Européia, cultivou uma proposta para ressuscitar as negociações, mas foi rapidamente rechaçado pela França e outros.

Ontem (7/12), o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, telefonou para o presidente Bush, a fim de propor um encontro de líderes mundiais em janeiro para tratar destas questões.

Não é uma má idéia, pois, no atual estágio, o grande encontro de Hong Kong será um fracasso. E, é preciso dizer, particularmente porque este é o ano em que as maiores nações industrializadas prometeram, finalmente, fazer algo pela pobreza. Ajudar os países pobres não passa apenas pelo perdão de dívidas e assistência. Também significa eliminar as distorções comerciais que as nações desenvolvidas têm sustentado por anos, para afagar interesses particulares, em especial, os dos agricultores.

O mundo desenvolvido aplica aproximadamente 1 bilhão de dólares por dia em subsídios agrícolas, estimulando a superprodução. Isso pressiona os preços para baixo e deixa os agricultores das nações pobres sem condições de competir com os produtos subsidiados, mesmo dentro de seus próprios países. Nos últimos anos, produtores da América, Europa e Japão têm exportado produtos para os mercados mundiais a preços que sequer cobrem seus custos de produção. O sistema europeu é particularmente abominável; os subsídios agrícolas dos Estados Unidos são apenas um terço do europeu. E mais, as tarifas sobre produtos agrícolas são obscenamente elevadas, em outra tentativa de manter os artigos dos países pobres fora dos supermercados de Paris, Frankfurt e Chicago.

Chegou a hora de consertar esse sistema falido, e criar regras comerciais que trabalhem pelos países mais pobres.

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