Economia

Nem crédito, nem rolagem: crise do dólar é política

Nada indica que o mercado ficará suscetível à especulações. A onda de rumores que provocou a alta volatilidade do dólar, na terça-feira, não tem data certa para acabar --e, pelo jeito, nem remédio-- como o anúncio de abertura de linhas de crédito externas pelo governo. Foi por causa dessa expectativa que, no final do dia […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h05.

Nada indica que o mercado ficará suscetível à especulações. A onda de rumores que provocou a alta volatilidade do dólar, na terça-feira, não tem data certa para acabar --e, pelo jeito, nem remédio-- como o anúncio de abertura de linhas de crédito externas pelo governo.

Foi por causa dessa expectativa que, no final do dia de ontem, a moeda americana cedeu um pouco e fechou cotada a 3,17 reais --depois de ultrapassar os 3,20 pela manhã. O mercado acredita que o anúncio da abertura de linhas de crédito para financiar as exportações brasileiras seja especificado nesta semana.

Nesta terça, o diretor de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn, disse durante teleconferência com profissionais do mercado financeiro, promovida pela Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), que o governo pretende usar o dinheiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento para conceder linhas de financiamento a empresas exportadoras, que têm sofrido para captar recursos no exterior. A linha do BID vai se somar aos empréstimos de dólar que o próprio BC estuda oferecer aos exportadores brasileiros. "Acredito que isso vai ter uma influência no mercado cambial", avaliou Ilan Goldfajn.

Se a intenção do Banco Central é atenuar o encolhimento da oferta de linhas de crédito às exportações brasileiras, é certo que a ação vem em boa hora. Segundo o relatório Focus, do próprio BC, as projeções médias referentes às importações e exportações tiveram o primeiro incremento em semanas, sinalizando que a onda de revisões baixistas para o fluxo de comércio internacional brasileiro pode estar terminando -- e a abertura de novas linhas pode ser o empurrão que faltava. Houve incremento da previsão média para as importações em 2002, de 50,65 bilhões de dólares para 50,71 bilhões. As exportações, por sua vez, tiveram suas previsões aumentadas 55,67 bilhões para 55,94 bilhões.

Estas alterações contemplam um novo incremento no saldo previsto para a balança comercial em 2002, alcançando atuais 5,23 bilhões contra 5,02 bilhões prévios. Este aumento reflete os surpreendentes saldos ocorridos nas últimas semanas, após o enfraquecimento da greve dos fiscais da Receita Federal.

Outro indicador importante para o mercado de câmbio é a conclusão da rolagem de swaps cambiais. O Banco Central vendeu ontem o equivalente a US$ 925 milhões em contratos de swaps de curto prazo (todos com vencimento em 02 de setembro), rolando outra parte dos vencimentos (cerca de US$ 2,5 bilhões em títulos cambiais). A taxa de câmbio de referência para liquidação do vencimento de quinta será a desta quarta. Como o Banco Central vendeu outros US$ 600 milhões na segunda-feira, restam cerca de US$ 1 bilhão do vencimento que não foi rolado. O Banco Central anunciou que ofertará nesta quarta-feira outros US$ 800 milhões em contratos de swap de curto prazo (vencimentos em outubro, novembro, dezembro e janeiro), visando praticamente completar a rolagem do vencimento de quinta-feira. E foi esse leilão que marcou esta quarta-feira (leia o vai-e-vem do mercado de câmbio no box ao lado).

Entretanto, segundo alguns analistas do mercado, um novo anúncio no âmbito econômico, como as linhas de crédito, terá tão pouco poder sobre mau humor do mercado quanto teve o acordo com o FMI. "A crise é política", dizem eles. "O nervosismo deve seguir ao passo das eleições."

Para o BBV, "a elevada aversão a risco torna os agentes particularmente sensíveis a eventos negativos. Apenas a melhora no cenário eleitoral permitirá efetivamente a redução da aversão a risco".

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