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Mercados vão se recuperar, mas Brasil será mais lento, diz Loyola

O ex-presidente do BC disse que o Brasil é mais punido pela ausência do grau de investimento e provável não-aprovação da reforma da Previdência

Loyola: o economista não espera fuga de capitais dos mercados brasileiros (Elza Fiúza/Agência Brasil)
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Reuters

Publicado em 6 de fevereiro de 2018 às 17h18.

São Paulo - A má situação fiscal e incertezas eleitorais cobraram do Brasil um preço mais alto do que outros países emergentes durante o forte ajuste nos mercados mundiais provocado pela expectativa de que os Estados Unidos elevarão mais os juros, avaliou o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola.

E a recuperação nos mercados financeiros globais virá no curto prazo, com o Brasil seguindo essa tendência mas de forma menos intensa. Mesmo assim, Loyola não espera fuga de capitais dos mercados brasileiros.

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"Notadamente, o Brasil não tem muito o que entregar este ano em termos de política", disse ele à Reuters nesta terça-feira, acrescentando que o Brasil é mais punido que outros países também pela ausência do grau de investimento e provável não-aprovação da reforma da Previdência agora.

"Temos eleição (presidencial) que está absolutamente incerta, que pode recolocar em Brasília um governo populista e pouco comprometido com responsabilidade macroeconômica, e não estamos conseguindo fazer reforma da Previdência, que a essa altura foi para o vinagre", afirmou.

Neste cenário, o Brasil está menos preparado para enfrentar soluços no mercado internacional, pois isso leva investidores a se afastarem de ativos de maior risco.

Desde o início do movimento de correção nas bolsas norte-americanas, no último dia 2, o índice IPC da Bolsa Mexicanacaiu 2,43 por cento até por volta das 16:15 (horário de Brasília) neste pregão, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa paulista, perdeu 2,79 por cento.

Ainda assim, ressaltou Loyola, o país não deve sofrer fuga de investidores e de capital estrangeiros.

"As notícias não são maravilhosas, mas a economia está se recuperando, as empresas dando resultados positivos, isso ajuda a bolsa", disse. "Por outro lado, o risco eleitoral está aí presente. O mercado recebeu bem a condenação do ex-presidente Lula, mas está muito longe de ter clareado o cenário eleitoral."

Brasil e ajuste

Depois de fortes ganhos ao longo do ano passado, Wall Street deu início a um ajuste dos preços de ações e de Treasuriesnorte-americanos, mas em breve deve retornar à tendência de alta nos papéis corporativos e soberanos na maior parte das grandes economias, apontou Loyola.

"As economias estão indo bem, não tem nada que tenha mudado substancialmente. Não tem nenhum fator substantivo do ponto de vista econômico para explicar a queda."

A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos avançou em janeiro e os salários cresceram ainda mais, maior ganho anual em mais de oito anos e meio, ampliando expectativas de que a inflação vai acelerar neste ano e, assim, alimentando expectativas de que os juros na maior economia do mundo podem subir mais rapidamente.

A expectativa de mais altas nos juros levou à correção nos mercados dos EUA, potencializada por negociações eletrônicas e algoritmos, o que gera repercussão em outros mercados, afirmou Loyola.

"A inflação está bem tranquila, já tem pressão salarial, mas não estamos vendo algo que vai exigir ajuste muito mais forte (nos juros norte-americanos)", afirmou.

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