Exame Logo

Mercado deve voltar a ser comandado por pesquisas eleitorais

O mercado deu um sinal claro ontem do que esperar das próximas semanas, até o segundo turno das eleições presidenciais. Pesquisas eleitorais voltarão a comandar o humor dos investidores, que ainda têm de se preocupar com o volume de vencimentos de papéis do governo em outubro e com a guerra quase declarada pelos Estados Unidos […]

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h51.

O mercado deu um sinal claro ontem do que esperar das próximas semanas, até o segundo turno das eleições presidenciais. Pesquisas eleitorais voltarão a comandar o humor dos investidores, que ainda têm de se preocupar com o volume de vencimentos de papéis do governo em outubro e com a guerra quase declarada pelos Estados Unidos contra o Iraque. "Eleições, vencimentos de títulos cambiais e incertezas internacionais devem manter os mercados bastante ocupados nas próximas semanas", afirmam os economistas do Lloyds TSB.

O Banco Central, entretanto, já começou a agir. Ontem - quando o dólar teve alta de 3,18% e fechou cotado em 3,73 reais - o banco decidiu aumentar as exigências de capital para as instituições financeiras operarem com câmbio de moedas. A medida entra em vigor hoje e poderá forçar uma queda na taxa de câmbio - sem que o BC queime suas reservas de dólares.

Veja também

Até hoje, os bancos tinham de ter, para cada 100 reais aplicados em dólar, 50 reais em capital. A partir de agora, o BC passa a exigir um capital de 75 reais. Os bancos terão cinco dias úteis para se adaptar às novas regras. Sem a adequação, não poderão comprar mais moeda estrangeira no mercado até que revejam suas posições. Com isso, as instituições têm duas opções: ou vender dólares para reduzir a posição da carteira, ou terão de aumentar o capital.

Tudo de novo

As próximas pesquisas de intenção de voto devem começar a sair a partir do próximo final de semana. O Ibope, por exemplo, divulgará sua primeira pesquisa no dia 15/10, segundo o diretor do instituto, Carlos Montenegro.

Dois dias depois disso, o mercado terá de enfrentar um grande vencimento da dívida pública interna, em papéis cambiais, no valor de 6,9 bilhões de reais. Além da especulação sobre a corrida presidencial, é previsível a pressão de investidores sobre o dólar, já que tal dívida é corrigida pela moeda americana.

Além disso, vencem também papéis da dívida externa privada, no valor de 2,65 bilhões de dólares.

Quanto aos indicadores econômicos, desprezados em tempos de eleições, há boas e más notícias. Primeiro as boas: a balança comercial registrou superávit de 364 milhões de dólares na primeira semana de outubro, elevando o saldo positivo no ano para 8,22 bilhões de dólares. O superávit no período de quatro dias úteis foi resultado de exportações de 1,13 bilhão de dólares e importações de 772 milhões de dólares.

Em setembro, a balança teve um superávit recorde, de 2,48 bilhões de dólares. Boa parte do mercado acredita que o bom resultado veio para ficar, apesar de a expectativa do governo ser mais otimista que a média: superávit de 9 bilhões de dólares, contra 8,1 bilhões que aponta uma pesquisa feita entre agentes econômicos na semana passada.

Alguns analistas, entretanto chegam a projetar um superávit anual para 2002 de 10,2 bilhões de dólares, mais do que o dobro da média estimada pelo mercado no início do ano, quando as premissas para a desvalorização cambial e crescimento econômico eram diferentes.

As más notícias são em relação à indústria. O nível de atividade industrial continua frágil, como mostrou o Indicador do Nível de Atividade (INA), divulgado pela Fiesp.

Em agosto, o INA apresentou queda de 6,8% em relação ao mesmo período de 2001, e de 3% comparado ao do mês anterior, acumulando queda de 3,2% no ano.

"Mesmo diante de uma base de comparação fraca, a indústria tem encontrado dificuldades para se recuperar, ainda que alguns setores, como automobilístico, por exemplo, mostre alguma melhora", afirma o Lloyds. "Esperamos, porém, alguns sinais de recuperação econômica no último trimestre do ano, devido ao nível relativamente baixo de inadimplência, ao uso de recursos do FGTS e da fraca base de comparação. Nada que ajude, porém, o PIB a crescer muito mais do que 1% no período."

Indicadores

A Fundação Getúlio Vargas divulga a primeira prévia do Índice Geral de Preços Médio de outubro. O IBGE divulga a produção física da indústria nacional de agosto.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame