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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h54.
Os países pobres e em desenvolvimento precisam de um "plano Marshall" para evoluir mais rapidamente. A sugestão partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que participou, nesta segunda-feira (14/6), da cerimônia de abertura oficial da XI Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad XI), em São Paulo. O Marshall foi um programa de reconstrução dos países atingidos pela Segunda Guerra Mundial. Na época, o governo americano idealizador do plano investiu 13 bilhões de dólares para reativar a economia dos países europeus. "A alavanca exportadora é fundamental. Mas não se pode depender somente do comércio. O mundo mudou. As condições são outras", afirmou o presidente, pedindo coragem dos países pobres para realizar suas reivindicações e cooperação dos ricos.
Em seu discurso, Lula afirmou que, nos últimos cinco anos, 55 países em desenvolvimento cresceram menos de 2% ao ano; a economia de outras 23 nações diminuiu, e somente 16 países cresceram acima de 3% ao ano. Lula defendeu a adoção do Sistema Geral de Preferências Comerciais. A discussão do sistema começou em 1976, em um encontro ministerial no México, e a criação, em 1989. Desde então, 43 países já assinaram o acordo.
Na abertura da Unctad XI, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, afirmou que os países precisam ter coerência nas negociações. Annan criticou as nações ricas que pregam a liberação do comércio mas praticam políticas econômica que impedem o crescimento dos países em desenvolvimento. "Além de falta de coerência, esses países praticam políticas comerciais discriminatórias", afirmou. Em entrevista à televisão, Annan também afirmou que os países em desenvolvimento não estão pedindo atos de caridade.
Comércio internacional
Um dos primeiros avanços na Unctad foi a realização no domingo (13/6) de um debate de três horas entre autoridades do Mercosul e da União Européia. Os países do cone sul trouxeram para a negociação uma nova proposta. O bloco está disposto a ampliar de 87,8% para 90% a quantidade de produtos que poderão ter redução de tarifas com os europeus. Presente no debate, o ministro de Comércio Exterior da Comissão Européia, Pascal Lamy, não mostra muita confiança no cumprimento da data de assinatura do acordo. Entretanto, mostrou-se positivo quanto à aproximação dos dois blocos. Em entrevista ao telejornal Bom Dia Brasil, afirmou que o interesse da Europa é realizar um acordo profundo.
Outro passo importante para a evolução do comércio internacional foi o encontro, na noite de domingo, dos maiores exportadores agrícolas do mundo Brasil, Índia, Austrália, Estados Unidos e Europa. Em entrevista à imprensa, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que os países estão próximos de fechar uma agenda conjunta para aumentar o comércio de produtos agrícolas. "Estamos no meio do caminho entre a política e os cálculos finais".
A conferência da Onu prossegue até sexta-feira (18/6), em São Paulo. Participam do evento 4 mil delegados de todo o mundo.
Com informações da Agência Brasil.