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Lenta retomada da China indica rota difícil para economia global

Se o aparente sucesso da China em conter o coronavírus não despertar confiança e um rápido retorno à atividade, isso também será um desafio em outros países

Testes de coronavírus em Wuhan, na China (Aly Song/Reuters)

João Pedro Caleiro

Publicado em 15 de junho de 2020 às 21h11.

Última atualização em 15 de junho de 2020 às 21h24.

A frágil recuperação da economia da China também aponta para um longo caminho de volta para o resto do mundo.

Uma série de dados de peso mostrou que a produção industrial, gastos dos consumidores e investimento na China continuaram a melhorar em maio, mas há poucos sinais de uma ampla recuperação necessária para estimular uma recuperação em forma de V.

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A preocupação para a economia global é que, se o aparente sucesso da China em conter o coronavírus não puder despertar confiança e um rápido retorno à atividade normal, isso também será um desafio para outros países. Essas preocupações são agravadas pela notícia de um surto de casos de vírus em Pequim, o que despertou temores de ressurgimento da pandemia.

“A experiência da China até agora sugere que será um caminho difícil de volta para a economia global”, disse Shaun Roache, economista-chefe da S&P Global Ratings para Ásia-Pacífico, segundo o qual a confiança entre consumidores chineses e empresas privadas permanece baixa. “Ainda esperamos recuperação no segundo semestre, mas expectativas de aumento da demanda reprimida podem ser frustradas.”

Pontos positivos na China incluem preços de novo imóveis, que subiram no ritmo mais rápido em sete meses em maio em meio à reabertura da economia. Outras métricas importantes também mostram melhoras.

A fraqueza persistente de investimentos do setor privado da China e a clara cautela entre consumidores refletem tanto frágeis condições domésticas quanto a ausência de forte apetite global por produtos fabricados na China.

“A falta de demanda é o principal problema para a economia chinesa no momento”, disse Shen Jianguang, economista-chefe da varejista on-line JD.com, em entrevista à Bloomberg Television.

A mais recente leitura sobre a China ocorre em meio a visões contraditórias sobre o desempenho da recuperação global. No domingo, o diretor do Conselho Econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse à CNN que há uma “chance muito boa” de uma recuperação em forma de V nos EUA. Há apenas alguns dias, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, alertou que a recuperação levará tempo.

Para economistas do Morgan Stanley, a economia global está em um novo ciclo de expansão e o PIB voltará aos níveis antes da crise do coronavírus no quarto trimestre, já que preveem uma recessão “acentuada, mas curta”.

“Temos mais confiança em nossa aposta por uma recuperação em forma de V, dadas as recentes surpresas positivas em dados de crescimento e ação de políticas”, disseram economistas liderados por Chetan Ahya em relatório de pesquisa semestral.

Muito vai depender da evolução da pandemia. Autoridades chinesas correm para controlar um novo surto em Pequim, que registrou quase 100 casos no fim de semana. A origem do foco teria sido em um mercado atacadista de alimentos, no que seria o maior teste da estratégia de contenção da Covid-19 do país desde que o vírus surgiu em Wuhan.

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